Recordações

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Beatrice

Assim que chego em casa vou direto pro banho. Todo mundo fala e eu concordo o chuveiro é um ótimo lugar pra se pensar.. melhor que isso só a banheira do quarto dos meus pais, mas desde que descobri que eu provavelmente fui feita lá, desde então eu desisti dos banhos de banheira.

Quando saio do banho me sento para secar o cabelo e constato que é hora de retocar as mechas que fiz nele alguma meses atrás. ... Eu nunca havia mechido  no cabelo até perceber que eu precisava mudar. .. precisava ser mais eu em todos os sentidos.

Fico olhando o quadro de fotos que tenho perto da escrivaninha, são fotos minhas pequena, uma que eu amo do dia em que nasci, estou usando um macacão vermelho lindo. Outras de passeios com meus pais,  brincando com vovo e com a Tia Clara, com meus padrinhos .. E muitas com Ross e Rose. . Fotos de nos três na praia, na casa deles na Inglaterra... fico me lembrando de quando eu e Ross éramos mais próximos,  com o tempo ele foi se afastando até que resolveu ir embora. ... E me deixou aqui, por três anos sem notícias,  se foi sem nem sequer me dar tchau. E da mesma forma que foi voltou.

Sou retirada dos meus pensamentos pelo grito da minha mãe no andar de baixo.

-- Filha  chegamos.

-- Estou aqui em cima mamãe.

Ouço os passos dela na escada... em questão de segundos ela esta na porta do meu quarto.

-- Filha já soube da novidade Ross esta de volta, sua tia Rah me ligou pra contar.

-- É eu sei. Eu estava lá quando ele chegou.

-- E por que essa carinha princesa?

-- Por nada mãe.    Por nada...

-- Você assim como seu pai não sabe mentir Beatrice.

-- Não quero falar disso agora...

Sou salva do interrogatório pelo meu telefone que começa a tocar,  Rose no mínimo.... Minha mãe sai do quarto meu deixando sozinha... Mas sei que mais cedo ou mais tarde ela vai voltar nesse assunto... Só espero estar pronta para ele. ..

Ross

-- Ross. – Rose invade meu quarto. Quando retornei da academia, melhor, da tentativa patética de tentar levar a Beatrice em casa. Vim direto pra casa, não falei com ninguém, nem vi se meu pai chegou.

-- Fala maninha. – ela se deita ao meu lado na cama, me olhando desconfiada. Antes que ela fale o obvio, me adianto. – Vi a Bea na academia, não sabia que ela treinava boxe.

-- Você não sabe de muita coisa.

-- Poderia me contar, então ?

-- Algumas sim.

-- Ela mudou o cabelo!

-- Jura, tinha nem reparado. – debocha.

-- Por que ela mudou ? Amava os cabelos longos negros dela, a deixava com um toque tão sensual e no mesmo tempo romântica.

-- Ela queria mudar ué. Ser ela mesmo.

-- Compreendo. – ficamos em silêncio, quero poder contar a ela sobre essas sensações estranhas que sinto quando estou perto da Beatrice, porém não sei como.

-- Por que voltou ? – se manifesta do nada.

-- O que ?

-- Por que voltou ? conversei com o vovô a pouco no celular, ele falou que você estava inquieto lá. Não saia mais com as meninas de lá, falou que precisava voltar e logo.

-- Não sei explicar, só sentia que precisava voltar.

-- Beatrice seria o motivo ? – se senta me encarrando. – Por que foi embora sem se despedir dela ?

-- A gente não estava mais tão próximos. – me defendo.
Infelizmente nos afastamos com um tempo antes de eu me mudar por 3 anos. Queria muito ter a mandado mensagem informando, mas fiquei com medo dela me ignorar.

-- Você se afastou da gente.

-- Ih, qual foi Rose ? já quer me acusar do que nem tenho culpa no primeiro dia ?

-- Desculpa, só que...

-- Só que, o que ? – a prensiono.

-- Esquece, papai já chegou. – me da um beijo na bochecha e sai apressada.

Uma foto minha com a Bea me chama atenção, esta pendurada na cabeceira da minha cama. Ela ainda de cabelos longos pretos.

-- Por que nos afastamos ? Ou eu mesmo que me afastei de você ? – pego meu celular.

“ queria conversar com você pessoalmente. Poderia me encontrar mais tarde na lanchonete da esquina da sua casa ?”

Envio para Beatrice, se eu me afastei mais jovem. Me aproximarei agora mais velho.
Fico olhando pra tela, ansioso por sua resposta.

-- Ross, desce. – mamãe grita do andar debaixo. – Agora.

Como falei quando ela não pergunta se pode ou não, sinal que se eu falar não ou demorar, ela virá atrás de mim com uma faca.

-- Estou indo. – me levanto num pulo, colocando o celular no bolso da bermuda e a obedeço.

-- Ei, coroa. – bato na bunda do meu pai que esta encostado no batente da porta, olhando minha mãe correr de um lado pro outro na cozinha.

-- Ei, cara. – nos abraçamos. – Bem vindo de volta.

-- Obrigado.

-- Vem, me conte o que rolou esses anos com seu avô lá. – ele me puxa para o sofá na sala.

Destinados a Amar - Família Lorenzo Livro 1 (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora