Capitulo 03.1

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Olavo voltou e tomou o lugar ao lado de sua mãe,que apertou sua mão com força como se temesse algum mal,o se premeditasse que vinha "chumbo grosso" por aí.

-Quem é aquela mulher?- Rita aproximou-se de Olavo quando Alma tomou distância para cumprimentar os convidados do enterro que já começavam a se dispersar e tomar o caminho de suas casas.

Olavo buscou a mão de Rita ,acarinhando-a,buscava nela alguma segurança.

-Manuela!-ele repetiu o nome do mesmo modo que o ouvira e Rita sentiu um calafrio ao escutar aquele nome.- Está com frio?-Olavo percebeu o arrepio em sua pele pálida.

-Não! Foi só um calafrio. Era amiga do Seu Alberto?- ela indagou imaginando que tipo de amizade uma mulher como aquela poderia ter com o seu patrão.

-É bem mais provável que fosse uma amante!- Olavo disse aquilo que Rita cogitava -Vamos sair daqui?

-Não vai pra casa com sua mãe?

-Eu preferia ir para a sua casa- ele beijou sua mão -Com certeza,aquelas duas vão fazer companhia a mamãe.- ele apontou para as duas idosas que conversavam com Alma.- E o Jorge está aí fora para levá-la. Eu só quero beber um pouco daquele uísque barato, que você compra na mercearia em frente a sua casa e comer alguma coisa que você tenha feito. Eu só quero me dissipar dessa áurea de morte.

-Falando mal da minha bebida e ainda quer fazer a limpa na minha geladeira! -Rita fingiu indignação- Se você me pagasse mais eu poderia comprar um uísque melhor.

-Belo momento pra me pedir um aumento de salário,hein- ele entrou na brincadeira -Não conte com a minha fragilidade para lhe dar um aumento,alias eu sou bem capaz de aumentar sua carga horária,só de pirraça!

-Vamos logo lá pra casa. Depois de encher a cara de uísque barato e cerveja, você esquece essa ideia.

-Boa menina!
         ***

Manuela adentrou seu apartamento, descalçando os pés e deixando os sapatos num canto da porta.

-Onde você estava,Manuela?- Heloísa levantou-se do sofá branco de camurça.

-Você não avisa mais quando vem? Eu vou ter que me queixar com o sindico desse porteiro e demitir essa empregada por deixar qualquer pessoa entrar na minha casa.

-Deixe a Marta fora disso. Eu tenho as chaves,esqueceu?

-O que você quer,mãe? -ela sentou-se no sofá, onde antes Heloísa estava e tirou as meias dos pés.

-Você foi pro enterro,não foi?-Heloísa posicionou-se a frente dela,com as mãos na cintura,como se numa tentativa de intimidá-la

-Fui! Você achou mesmo que eu não iria?

-Eu não vou deixar você destruir aquela família, Manuela! Eu não vou deixar você se aproximar do Olavo.

Manuela levantou-se e encarou a mãe de frente,Heloísa pareceu vacilar.

-E como você pretende me impedir?-Heloísa afastou-se trémula -Eu imaginei! -Manuela deu as costas indo em direção ao seu quarto.-Como eu sabia que você vinha,te comprei um presentinho! Está no armário da cozinha. -ela fechou a porta atrás de si e foi deitar-se com um riso macabro no rosto.

Heloísa foi para a cozinha temerosa, já que tinha ideia de que "presente" era aquele que lhe esperava. Seu coração palpitou e ela tentou resistir a tentação de abrir aquele armário, recostou-se a pia e levou a mão ao rosto.

-Eu tenho que resistir,eu tenho que resistir!

-Resistir
mamãe? Lagavulim 16 year old, 60 euros a garrafa- Manuela aproximou-se sem que a mãe a notasse e abriu a porta do armário, expondo a caixa negra. Heloísa estava suando frio,e era visível que ela se sentia atormentada. Há dois anos estava lutando contra o alcoolismo e o vicio em cocaína- Só o melhor para a minha mãezinha. Não vai provar,mamãe? -ela apanhou um copo e serviu-se,bebeu um pequeno gole.- Acredita que desce suave mesmo sem gelo? Delícia!

ManuelaOnde histórias criam vida. Descubra agora