Manuela

Capitulo 12.1

Rita estava certa em seus pressentimentos. Alma não fez a menor questão de ser agradável quando a vira cruzando a porta da frente com Olavo.

-Você agora trás trabalho pra casa,Filho?- ela indagou descendo as escadas e encarando Rita- Sua funcionária é ,realmente,muito eficiente!

-Nós não viemos a trabalho, minha mãe, viemos almoçar! Rita é minha convidada!

-Convidada?- Alma repetiu com desdém- Você espera que eu me sente à mesa com uma serviçal? Ou você será sensato e vai mandá-la comer na cozinha com a criadagem? Acho que você vai se sentir mais a vontade entre os seus, não é? -ela voltou-se para Rita que engoliu em seco

-É melhor eu ir embora!- Rita fez menção de voltar pela porta por onde acabara de entrar. Olavo segurou-lhe a mão e ela encarou-o numa suplica de que a deixasse ir e conservar sua dignidade- Por favor...

-Não! -ele cochichou e voltou-se para a mãe com um olhar fuzilante- Mãe,a Rita veio almoçar comigo e ela não é uma simples serviçal,como a senhora gosta de taxá-la. A Rita é minha namorada!

-Namorada?- os lábios de Alma se abriram num "O" e dessa vez ela quem lançou um olhar fuzilante para Rita- Você acha mesmo que eu vou permitir esse namoro?

-Alma!- Olavo chamou-a pelo nome,como fazia quando estava bravo com ela e Rita encolheu-se ao seu lado apertando sua mão- Que eu tenha conhecimento, sou dono das minhas ações e a muitos anos não preciso de sua permissão para nada! Eu estou lhe comunicando que Rita e eu estamos namorando,e que não será um namoro longo,já que breve estaremos casados.

As duas encararam-no com olhar de surpresa! A surpresa de Alma veio carregada de raiva,enquanto a de Rita de incredulidade

Rita sempre imaginou que Olavo jamais voltaria a se interessar por ela,e que se isso acontecesse seriam apenas amantes. Seu coração teimava em fazer planos para os dois,mas a sua razão dizia que esses planos jamais se concretizariam,e ela sempre abortada seus pensamentos quando esses apontavam para a perspectiva de um futuro ao lado dele. Lá no fundo de si ela sentia que seria um caso as escondidas de todos,atenção que ,ele surgiria com uma noiva rica e ela teria que se contentar em ser a outra. Aquela pra quem ele correria quando estivesse amargurado,buscando seus braços e ouvidos,mesmo porque mulheres fúteis de homens bilionários não estão dispostas a dividir com eles problemas do cotidiano e também não costumavam ser amantes de seus maridos.
Rita já se preparava psicologicamente,para ser aquela que teria de Olavo,o seu lado mais sensual,mais doce,mais inseguro,mais empresário,mais homem. Mas,estava pronta para ter tudo isso às margens,às escondidas. Não esperava que ele iria contra a mãe e a sociedade para ficar ao lado dela. Ele a amava? Era isso?!

-Talvez a sua ideia seja boa,minha mãe!- ele dispersou-a de seus devaneios- Vamos almoçar na cozinha. Tenho certeza que a companhia da Ana,do Jorge e da Márcia serão melhores que a sua.

Olavo tomou Rita pela mão e levou-a para a cozinha.

Aquela tarde,definitivamente, não foi como Olavo queria,ele até tentou fazer com que Rita se sentisse relaxada e a vontade na sua casa,mas foi em vão. No fim,acabou desistindo do cinema e achou que seria mais proveitoso, tomarem sol à beira da piscina. Havia pedido um biquíni emprestado a Márcia,que vestia o mesmo que sua namorada,mas ela sequer colocou os pés na água.
Talvez ela tivesse razão e ele não devesse tê-la levado para almoçar em casa ainda. Tudo o que queria era que ela se sentisse segura e tivesse certeza de suas intenções, mas parece que o tiro saiu pela culatra. Ainda poderia salvar a noite de ambos,mas por infelicidade o advogado da empresa,telefonara pois precisava de uma reunião extraordinária com ele. Só lhe restava deixar Rita em casa,com a promessa de que pegariam um cineminha no dia seguinte.
                  ***

Rita suspirou longamente ao adentrar sua casa,sentindo-se aliviada por não estar mais na presença de Alma. O modo como a sogra a encarara durante toda a tarde,além de causar-lhe desconforto em certos momentos fez com que ela tivesse medo.
Será que seria forte o suficiente para confrontar Alma,caso ela tentasse subjuga-la novamente?

O celular em sua bolsa tocou,dispersando-a de seus pensamentos.

-Alô!

-Oi Rita! É a Lúcia do RH!

-Algum problema?

-Não,querida! Imagina! Eu estava tentando te ligar desde cedo. Amanhã vai haver um churrasquinho lá em casa com o pessoal do escritório, você quer participar?

-Claro!

-Ótimo! Vai haver uma carona solidária na van do Armando! É só vocês acertarem o valor da gasolina.

-Acho ótimo! O que eu devo levar para o churrasco?

-O que você achar que deve! Já ouvi elogios ao seu feijão tropeiro.

Rita riu

-Levo o tropeiro então,e cerveja gelada. Porque cerveja nunca é demais!

-Maravilha! Pode trazer convidados se quiser.

Instantaneamente, ela pensou em Olavo,mas sabia que o pessoal do escritório não se sentiria muito a vontade na presença do chefão, então decidiu que iria com Juliete. A amiga estava precisando descontrair.

Pois é,queridos!
O almoço com a Mamãe Megera foi caótico e agora a nossa Ritinha vai aproveitar o resto do fim de semana sem o seu amado! O que será que vai acontecer nesse churrasco? Será que o Olavo vai aceitar numa boa essa pequena rejeição?