Capítulo 07

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Rita foi direto pra casa depois de uma reunião exaustiva tomando nota dos assuntos em pauta,os acionistas estavam em polvorosa em saber como seria o andamento da empresa com a morte de Alberto.
Rita achava extremamente insensível por parte daqueles figurões, convocarem uma reunião extraordinária no momento de luto da família. O cargo de Olavo era interino até que Alfredo retornasse,mas desde que deixara a faculdade ele vinha sendo preparado pra assumir a presidência da empresa ,então não havia porque toda aquele espalhafato.

Olavo como o grande líder que era. Conduziu a reunião e deixou claro que o andamento da empresa continuaria o mesmo e até que o inventário de Alfredo estivesse pronto,e o testamento fosse aberto, a empresa seguiria sem grandes alterações, e provavelmente não haveria nenhuma já que os únicos herdeiros do poderoso chefão, eram o filho e a esposa.

-Vamos almoçar?- Olavo abordou Rita na saída da sala de reuniões.

-Tenho que preparar o relatório da reunião. -ela negou-se

-Você vai ficar me evitando?

-Não estou te evitando! Eu só tenho que adiantar os trabalhos, afinal os acionistas estão em cólicas ,não é?

-Verdade! Eu posso ajudar!

-Você não tem seus próprios abacaxis pra descascar?

-Pois é,tenho!- ele suspirou e tomou o caminho da sua sala

Rita voltou à sua mesa e suspirou longamente, sentiu as lágrimas aflorarem em seu rosto e levantou-se para ir ao banheiro,mas foi interrompida por um cheiro que lhe invadiu as narinas,fazendo-a retornar ao momento do enterro, ela encarou a porta de entrada e viu-a,a mesma mulher do cemitério, em todo o seu charme e esplendor.
Sentiu um arrepio percorrer a sua espinha,e uma enorme sensação de desconforto.

Ao contrario da última vez,ela parecia mais séria e menos sensual, mas não menos exuberante em seu vestido preto longo,óculos escuros e cabelos presos num coque alto,deixando alguns fios soltos,nos lábios o mesmo batom vermelho.

Ela aproximou-se da mesa de Rita a passos lentas e essa a encarava sem desviar o olhar. Manuela tirou os óculos e olhou-a com desdém.

-Preciso falar com o Olavo.

-A senhora tem hora marcada?

-Senhora?- Manuela riu e curvou-se diante da mesa -Não, eu não tenho hora marcada!

Aquela aproximação fez Rita sentir-se ainda mais desconfortável.

-Lamento informar,mas o Doutor Olavo não costuma atender sem hora marcada.

-Querida,eu não preciso marcar hora! Eu tenho certeza que ele vai me receber!

Rita apanhou a telefone encima da mesa,no intuito de discar para a sala de Olavo. Sabia,de quem se tratava e ela tinha razão,Olavo iria recebê-la porque estava curioso demais sobre o papel dela na vida de Alfredo,mas cumprindo as regras de praxe indagou:

-A quem devo anunciar?

Manuela revirou os olhos verdes e deu um risinho de escárnio.

-Eu não preciso ser anunciada

Ela deu as costas a Rita,que levantou para tentar impedi-la,mas já era tarde! Ela invadia a sala de Olavo,Rita seguiu-a sentindo-se embaraçada,e tentando falar com ela.

De sua mesa,Olavo encarou as duas mulheres que terminaram de adentrar a sua sala. Rita parecia aflita e ele fez um gesto com a cabeça,um leve abano indicando que ela poderia se sentir tranquila e deixá-los sozinhos.
Pelo pouco que vira daquela mulher, podia deduzir que Rita não conseguiria impedir sua entrada,por mais que quisesse. Ela revidou o aceno e saiu.

-O que te trouxe aqui,Manuela?- ele estranhou o que sentiu,mas o som do nome dela em seus lábios era algo gostoso de pronunciar.

-Não está surpreso com a minha visita? Afinal,você não sabe quem eu sou e o assunto que temos a tratar.

-Então,acho que seria interessante pra nós dois,se você deixasse de floreios e fosse direto ao ponto.

-Tudo bem,então! O que acontece é que seu pai faleceu e era ele quem me mantinha,o meu apartamento,a faculdade... Em resumo,tudo! E eu não quero perder o meu atual status social. Então,acho que agora esse papel cabe a você.

Olavo encarou-a com um sorriso de canto de lábios. 

-E o que te faz pensar que eu vou concordar com isso? Não sei que tipo de relação você e meu pai tinham,mas eu não tenho a menor obrigação de bancar as amantes dele.
Engraçado,até esperava que meu pai tivesse um caso,mas nunca pensei que seria com alguém tão jovem.

-Já disse que eu não era amante dele- ela parecia realmente ofendida

-Ah! E como eu deveria me referir a você? Como uma segunda esposa? Bigamia nesse país é crime! A menos que você e ele tenham um filho,não me faça mais perder o meu tempo,Manuela!- ele apontou-lhe a porta,mas ela não se moveu.

-Um filho não, uma filha.-Olavo encarou-a,sentindo que agora sim,ela poderia lhe trazer um problema real,pensou na mãe- E eu não tive uma filha com ele. Eu sou a filha dele!

ManuelaOnde histórias criam vida. Descubra agora