capitulo 10.2

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Manuela tomou fôlego ,foi até a porta,fechou-a e voltou para perto de Olavo.

-Eu quero que você tire a roupa.

-Como? -Olavo estranhou

-Você tem um porte atlético e olhos muito expressivos. Eu queria poder desenhar cada traço do seu corpo.

-Não!- Olavo negou-se rindo

-É um nu artístico! Eu não sou nenhuma pervertida,sou uma artista e sou sua irmã. Que mal pode haver?

-Não, Manuela!- ele foi enfático, não estava ali pra isso,alias pra ser honesto não sabia ao certo porque fora até lá

-Se sentiria mais a vontade se eu tirasse a roupa também?

Olavo não teve o que falar,sentiu-se realmente empolgado com aquela possibilidade e quando se deu conta,o vestido de Manuela deslizava por seu corpo até o chão: os seios quase saltando do soutien,rígidos ,a cintura fina e as pernas grossas,totalmente depiladas,não havia um pelinho sequer em seu corpo,ele não conseguia deixar de olhá-la e não escondia a sua fascinação.

-Agora é a sua vez! -Manuela pediu depois de tirar a calcinha.

-Ah,claro! -ele não sentia-se a vontade, mas tirou a roupa,estava tendo um misto de sensações: arrependimento, angústia e uma satisfação clara. -Eu estou nervoso!

-É natural!- Manuela ajeitou o tripé com a tela e apanhou o grafite -Sente-se no puff,por favor!- ela começou a desenvolver os traços,mas parou abruptamente e encarou-o -Olavo,tente ser natural. Você está travado!

-Ok!- Olavo ajeitou-se no puff e observou o quanto ela estava concentrada em seu desenho. Manuela parecia muito relaxada e vez ou outra sorria olhando para ele.

-Você é tão másculo! Deve enlouquecer as mulheres.

-Você acha?- ele sorriu vaidoso

-Tenho certeza!

Olavo estava sentindo-se realmente envaidecido e excitado, e começou a perceber que aquilo não era bom e definitivamente não estava correto! Ele fechou os olhos para ficar alheio a Manuela, ao ambiente e aos seus próprios sentimentos.

-Você está ficando travado de novo!

Olavo abriu os olhos e fitou Manuela aproximando-se, ficou estático e ela sentou-se no seu colo.

-Eu gosto mesmo de você! -ela afirmou acariciando a nuca do irmão- E acredite,não é de um jeito que eu deveria gostar. Você me excita!

-Manuela isso não é correto!-ele pareceu voltar a si ,mas não reagia contra as suas carícias, chegou até a incentiva-la pois abraçou-a e apertou sua cintura,queria mais que aquele contato ,então ela beijou-o -Manu,não! -ele empurrou-a e ela quase caiu- Isso é loucura! Nós não devíamos nos sentir assim!-Olavo levantou-se tentando controlar a sua excitação, vestiu as roupas as pressas e saiu.
                    ***

Alma rondava a sala de casa pensando naquela mulher no enterro de Alfredo,seu coração estava apertado e ela sentia que os seus temores estavam prestes a se concretizar.
Alfredo não tinha deixado Heloísa como lhe prometera quando ela soube do caso dele e tiveram todas aquelas questões do passado que quase culminaram no fim do seu casamento.
E agora depois de trinta e dois anos,ela descobria que o marido tinha mentido pra ela.
Tinha certeza que aquela mulher no enterro era filha de Heloísa,já que a semelhança entre elas era gritante e se aquela mulher tivera a petulância de ir ao enterro,esfregar na cara de todos a sua existência é porque muito provavelmente ela era filha de Alfredo.

Alma estava temerosa não apenas pela possibilidade daquela bastarda entrar no testamento e ser uma pedra no seu sapato pro resto de sua vida,mas também porque era possível que ela soubesse do seu segredo. E se ela quisesse fazer algum mal a seu filho? E se ela se sentisse injustiçada e quisesse se vingar?
Alma estava pronta para o confronto,mas tinha medo por seu filho e faria o que fosse necessário para defendê-lo.

-Mãe? -era tarde e Olavo surpreendeu-se ao vê-la na sala com uma expressão estranha no rosto.

-Oi Olavo!-ela assustou-se

-Algum problema?

-Só estava pensando. Onde você estava até agora?

-Na empresa- depois que deixou a casa de Manuela,ele sentiu-se tão atordoado que a sua vontade era ir para o primeiro bar e encher a cara,mas não era um alcoólatra e nem pretendia se tornar um,então sua melhor alternativa foi voltar a empresa e afundar a cara no trabalho, despediu-se de Rita as cinco da tarde com um beijo rápido e voltou para o escritório, passava da meia-noite quando ele saiu da empresa e tomou o caminho de casa.- E o que a senhora faz acordada tão tarde? É tão difícil vê-la fora da cama depois das dez.

-Tem tanta coisa acontecendo, não é? -Olavo sentiu aquilo como uma indireta e um bolo se formou em sua garganta, será que devia contar que procurou Manuela? Alma deu um beijo em sua testa e tomou a direção da escada.-Querido, só lhe digo que findou-se a calmaria. Esteja pronto para tempos calamitosos.

ManuelaOnde histórias criam vida. Descubra agora