Manuela

Capitulo 14.1

Manuela invadiu a casa de Roger fervendo de raiva. Esse estava largado na frente do sofá,tomando cerveja e comendo pipoca.

-Você é um incompetente! -ela ja berrou adentrando a casa.

-Como foi que você entrou aqui sua louca? E qual é o drama?- ele largou a tigela na sua mesinha de cabeceira,sempre que cometia um crime, Roger se recolhia naquele casebre no meio do mato, que além dele,só Manuela conhecia a localização. Era um lugar tão ermo que não tinha nenhuma tecnologia alem do telefone via satélite que Roger usava quando precisava.

-Você matou a mulher errada,seu desgraçado!

-Como assim?-ele engasgou com um grão de milho- Eu fui naquela casa e atirei a queima roupa nas duas louras que estavam na varanda.

-Pois eu acabei de sair da empresa do meu irmão e quem eu vejo,a Rita,vivinha da Silva. Não sei quem foi que você matou mas,com certeza não foi ela. E eu andei especulando agora e a cretina se mudou para a mansão do Olavo e está cercada de seguranças. Ao invés de facilitar a minha vida,você aumentou os meus problemas.

-Relaxa,Manuela! Eu volto lá e termino o serviço.

-Não! -ela berrou- Eu vou esperar o Olavo relaxar a guarda e eu mesma cuido disso. E você, vai ficar exatamente aqui! A desgraçada da Rita pode te reconhecer.

-Tá brincando que eu vou ter que continuar isolado aqui. Tudo bem! Eu tenho uma distraçãozinha- Ele riu cínico- Larissa!- ele berrou e uma menina de aproximadamente,quatorze anos de idade surgiu na sala se escorando pelos cantos.

-É uma menina,Roger!- ela levou as mãos a boca,sentindo asco. -Você está...

-Infelizmente não! Ela é encomenda.- ele riu cínico- Vai me render uma grana preta e eu só tive que pagar dois mil paus a mãe dela.

Manuela encarou a expressão sofrida no rosto daquela menina lourinha de cabelos cacheados e condoeu-se por ela. Sabia que cedo ou tarde aquela criança iria parar nas mãos de um figurão qualquer e servir de escrava sexual para ele até que o pedófilo cretino se cansasse dela e a matasse.

-Quanto você vai receber por ela?

-Quinhentos mil! Meia milha-ele esboçou com um riso cínico.

-Te dou cem mil a mais pra você deixar ela ir embora!

-Eu sabia que você gostava de moças,mas não imaginei que isso incluísse menininhas. É tentador,Manu! Mas,não é só a grana. Eu já fechei negócio e não tô afim de ser enterrado numa vala rasa. Mas,se você quiser eu posso conseguir outra menininha dessas pra você. Índia,lourinha,mulatinha... Diz a sua preferência e o Roger aqui arranja pra você.

-Você é um maldito filho da puta,Roger!- Manuela tirou a pistola semi-automática de dentro da bolsa e apontou para o peito de Roger que ficou sem reação- Vai lá pra dentro!-ela gritou para a menina que obedeceu de imediato.

-O que você está fazendo,sua piranha?- ele fez menção de levantar e recebeu um tiro silencioso no joelho. -Que merda,Manuela!-ele gritou de dor.

-Desculpa,Roger! Mas,eu não vou deixar você negociar com a vida de uma criança.- sem dizer mais nada,Manuela apertou novamente o gatilho duas vezes depositando uma bala no peito e outra na cabeça pra ter certeza que não haveria chances de sobrevivência. O corpo de ex comparsa e amigo pendeu para o chão e ela correu para a cozinha onde a menina estava encolhida num canto. Ela guardou a arma na bolsa e se abaixou diante da pequena.
-Vai ficar tudo bem agora!

-Você matou ele?- ela perguntou com sua vozinha doce.

-Ele nunca mais vai tocar em você. Vamos embora!

Larissa levantou-se e tomou a direção da sala,mas Manuela impediu-a, apanhando o seu braço e guiando-a para a porta do fundo. Não queria que a menina recebesse o choque de ver aquele corpo inerte com três perfurações a bala.

-Não se preocupe que eu vou cuidar de você. -ela disse abrindo a porta do carro para a criança entrar. -Vamos embora daqui.

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Olavo começava a cogitar a ideia da viagem para Paris, se antes lhe parecia absurdo sumir naquele momento, agora parecia a opção mais viável. A sensação de perigo ainda o rondava e Alma fazia questão de transformar a convivência com Rita,algo inviável, sempre buscando formas de constranger e ofender a moça.
Ele ja tinha adquirido um apartamento pra se mudar com Rita,mas ainda teria que aguardar três semanas para conclusão da reforma. Era tempo suficiente para uma mudança de ares.
Nas semanas anteriores já vinha preparando a empresa para a sua ausência e feito uma procuração para que Gustavo ,seu vice-presidente e melhor amigo assumisse a fábrica enquanto ele estivesse viajando com Rita.
Ao fim do expediente depois que todos foram embora,chamou Rita em sua sala.

-Vamos viajar!-ele informou assim que ela adentrou a sala- Como está a situação do seu passaporte?

-Está em dias! Vamos viajar a trabalho?- ela perguntou surpresa.

- Não! Vamos mudar um pouco de ares! Vamos conhecer juntos a Torre Eiffel!

-Por que isso agora,Olavo?

-Vamos nos mudar para um apartamento próximo daqui quando voltarmos. Não está dando mais pra morar com a minha mãe. E acho que nós dois merecemos essas férias!

-Isso é sério?

-Sim,Rita! Vamos trabalhar essa semana e embarcar na próxima. E a partir de hoje até o dia da viagem vamos dormir em um hotel. Não quero mais ver a minha mãe te humilhando!

Rita abraçou-o,sentindo-se aliviada por não ter que continuar forçando uma convivência com Alma. E apesar de tão repentina, estava curtindo aquela ideia de uma viagem a cidade mais romântica do mundo.