Manuela

Capítulo 05

Deitado em sua cama,Olavo só conseguia pensar em que mistérios envolvia Manuela.
Quem era aquela mulher?
Por que ela não saia de sua cabeça? E por que seu pai queria que ele a encontrasse? Que tipo de relação ele teria com ela?

Sua cabeça estava pesada e apesar de afirmarem veementemente que álcool era anestesiante,ele não conseguia dormir. O sono simplesmente não vinha.
Levantou-se para beber água,consultando seu frigobar viu que não tinha nenhuma garrafa.
Tomou o caminho da cozinha,passando pela sala olhou na direção do telefone, tentado a ligar para Rita,mas que direito ele tinha depois do vexame que a fizera passar. Ela devia estar mortalmente magoada e com certeza a última pessoa com quem ela iria querer falar seria ele.

Olavo tomou um copo com água e voltou a sala,deitou-se no sofá,pensando nos últimos acontecimentos e principalmente na morte tão repentina de seu pai. Ele não conseguia entender como o doença de Alfredo tinha evoluído tão rápido.

Ele era perfeitamente capaz de compreender que Insuficiência renal era uma doença grave,mas ainda assim,em menos de um mês, Alfredo que era um homem forte e cheio de vivacidade,perdera muito peso,sentira dores horríveis,mal conseguia se manter de pé.

Olavo não conhecia nenhuma doença que degenerasse tão rápido o portador.
Em meio a seus pensamentos conflituosos ele adormeceu.

-Olavo! Filho,acorde!-Alma balançava-o no sofá- Nós temos que conversar.

-O que houve,mãe?-ele abriu vagamente os olhos e deparou-se com os grandes olhos azuis de Alma encarando-o -Algum problema?

-Eu ainda não tenho certeza!-Olavo sentou-se e Alma pôs-se ao seu lado- É sobre aquela mulher no enterro!

-Que mulher?- Olavo ainda não estava conseguindo raciocinar direito por ter acabado de acordar.

-Você sabe exatamente que mulher,Olavo!- Alma foi enfática- Aquela morena do vestido vermelho vulgar no enterro do seu pai.

-A Manuela? -ele levou a mão ao rosto limpando os olhos.

-Você sabe quem ela é? -sua expressão foi surpresa e ao mesmo tempo temerosa

-Não! Ela me disse seu nome e disse que voltaria a me procurar pois temos assuntos a tratar- Olavo encarou-a bem- Mas,você a conhece,não é,Mãe?

-Não, Olavo! De onde você tirou isso?!- sua voz teve um tom mais dramático,do que ela quis empregar e ele percebeu que ela estava mentindo,ou omitindo algo.

-Não subestime a minha inteligência,minha mãe!- Olavo mirou seus olhos e ela baixou-os -Eu vi a expressão no seu rosto,quando aquela mulher apareceu. Era reconhecimento!

-Não Olavo,não era! Não é que eu a conheça! É que ela se parece muito com alguém do passado.

-Como assim?

-Ah filho!-ela passou a mão pelos cabelos louro platinados- Eu diria que se eu estiver certa,seu pai vai ter me decepcionado muito,alias,nos decepcionado.

-Do que você esta falando,mãe?

-Se eu estiver certa,você saberá muito em breve.

-Detesto quando você fala por metáforas.

-Onde você foi com a garçonete ontem? -ela mudou o rumo da conversa- Eu precisava do seu apoio,precisava que você ficasse ao meu lado,e você preferiu a companhia daquela oportunista.

Desde que conhecera Rita e soubera da sua história,alma referia-se a ela sempre como A garçonete,tinha implicado com a contratação da moça desde o princípio,alegando que Rita não tinha capacitação para ocupar o cargo,mas a verdade é que temia que Olavo se envolvesse com a secretária, já que além de patrão e empregada eram grandes amigos.
Mas,Alma nunca foi capaz de influenciar Olavo,ele sabia do quanto Rita era aplicada e tinha facilidade em aprender,e desde que passara a trabalhar na empresa e assumira a presidência do Grupo Matos Guerra,não se arrependera nem por um minuto da oportunidade que dera a Rita,ela se tornara mais que uma simples secretária,era seu braço direito!

-Ela não é mais uma simples garçonete, alias A Garçonete como você gosta de dizer,é pós-graduada em pedagogia,domina o inglês e espanhol e consegue ser muito mais inteligente,elegante e agradável que a maioria das filhas das suas amigas,que você empurra pra cima de mim.

-Não importa, Olavo! Pessoas do meio dela,não devem se envolver com pessoas do nosso meio.

-Olha,mãe!- Olavo levantou-se frustrado e tomou a direção da escada- Não é porquê você é uma pessoa extremamente preconceituosa,que eu seja obrigado a cultivar os mesmos preconceitos ,e partilhar das suas ideias arcaicas. Quando eu olho pras pessoas,eu enxergo pessoas,e não o que elas tem na carteira.

-Você não entende, meu filho! Eu vejo o modo como ela te olha.

Olavo tinha começado a subir a escada,mas parou na metade do caminho.

-Talvez,eu olhe pra ela do mesmo jeito,minha mãe! Eu tenho muita admiração pela Rita!

-Mulheres como ela foram feitas pra se divertir.

-Eu não sei porque eu ainda te levo a sério!-Olavo deu de ombros e começou a subir o lance de escadas,parando no último degrau.- A Rita é mulher pra casar,minha mãe!-ele quase gritou pra ter certeza de que ela o ouvira- Eu começo a achar que seria uma ótima pedida casar com ela,e acho bom você se acostumar com a ideia.

-Eu me mato,se você me fizer passar essa vergonha

-Vou encomendar o seu caixão com a funerária!

Ele foi para o quarto e trancou a porta para não voltar a ser incomodado por Alma. Estava com uma dor de cabeça horrível!