Capitulo 09

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Manuela adentrou sua casa pensando que a conversa com Olavo não poderia ter fluido melhor. Pelo visto seria muito mais fácil seduzi-lo do que ela imaginava.
Olavo não tinha noção do que lhe aguardava.
Ela tinha arquitetado muito bem o seu plano durante anos e agora que Alfredo tinha morrido,finalmente poderia coloca-lo em pratica.
Ia ter tudo o que era seu por direito.
Ele tinha roubado sua vida,cresceu cercado de cuidados,tendo tudo aquilo o que foi negado a ela.
Manuela sempre teve as melhores coisas,em se tratando de bens materiais. Estudou nas melhores escolas,frequentou sempre os melhores clubes e restaurantes,quando completara dezoito anos seu pai a presenteou com um carro e aquele apartamento, e uma viagem pelo mundo hospedando-se os melhores hotéis e comprando tudo o que quisesse ,quando voltou ao Brasil foi fazer a sua almejada faculdade de artes plásticas,que Heloísa foi contra desde o início.
Manuela sabia que tinha a vida dos sonhos de muitas pessoas e que era invejada por muitos no seu circulo de amizades,mas mal sabiam eles que enquanto Olavo foi criado cercado de cuidados,preparado desde o início para ser o sucessor de Alfredo. Ela tinha crescido as margens,escondida.
Nunca foi apresentada aos amigos de seu pai,foi orientada desde muito pequena a jamais revelar quem era seu pai.
Mas,a pior parte de tudo não era isso.
Enquanto Olavo foi cercado de todo o amor ,ela por diversas vezes presenciou seus pais se drogarem e manterem relações sexuais na sua frente, por muitas vezes era obrigada a assistir .
Heloísa jamais foi uma mãe amorosa,jamais destinou a ela um gesto de carinho e por inúmeras vezes queimou seus braços e pernas com cigarro.
Ela não entendia porque a mãe tinha tanto repúdio por ela. Era apenas uma criança. Já o pai,era cuidadoso demais,carinhoso demais e algo dentro de Manuela dizia-lhe que aquilo não era normal,apesar de sua pouca idade,ela entendia que aquele não era o modo que um pai devia tratar uma filha.

Era manha de segunda-feira,Manuela havia acabado de chegar da escola,passando pela sala,viu a mãe e o pai debruçados sobre a mesa,aspirando o pó que estava na mesma. Ela foi para o seu quarto,sabia que a mãe tendia a ficar violenta quando isso acontecia. Trancou a porta do seu quarto e foi tomar banho,quando terminou fez as suas atividades escolares e continuou no quarto,estava com fome,mas não desceria para comer, a mãe podia estar com raiva e machucá-la. Dentro de alguns instantes ouviu o som de batidas na porta e encolheu-se na cama.
-Manu, Filhota!- era seu pai e ela sentiu-se aliviada,foi abrir -Por que trancou a porta?

-Pensei que fosse a mamãe.

-Não devia se esconder de sua mãe, ela fica zangada!- Alfredo adentrou o quarto e sentou-se na cama,trazia um embrulho nas mãos- Papai trouxe um presente.

-Sério! -ela animou-se e sentou-se no colo do pai, tomando o embrulho das suas mãos e rasgando o pacote- É uma boneca?- ela parecia decepcionada.

-Não gostou? Papai trouxe de Paris

Manuela sorriu e beijou a bochecha do pai,não queria decepciona-lo.
Realmente não gostara da boneca lhe lembrava muito suas colegas da escola que a provocavam pelo fato dela ser a única morena da turma. Sua escola tinha um padrão estranho onde todas as suas colegas pareciam Barbies e mesmo as que tinham cabelos escuros tinham a pele bem mais clara que a dela. Heloísa era mulata de cabelos cacheados enquanto Alfredo era muito branco de cabelos negros,em contrapartida ela era morena com cabelos ondulados.

Ela levantou-se e pôs a boneca na prateleira junto com uma dezena de outras bonecas e voltou para a cama.

-Senta no colo do papai- Alfredo puxou-a para o colo de uma forma um pouco brusca e Manuela sentiu o volume alterado na calça dele -Acho que a minha filhinha está virando uma mocinha e não quer mais brinquedinhos infantis. Está na hora de papai te ensinar uma nova brincadeira.
Manuela tentou se levantar,mas foi agarrada pela cintura e quando percebeu a língua de seu pai invadia a sua boca.

Tudo aconteceu muito rápido,e Manuela debatia-se muito,alguns instantes depois Heloísa estava parada a porta do quarto,a menina estirou a mão para ela numa súplica que tirasse seu pai de cima dela, mas Heloísa recostou-se a porta observando a cena. A expressão em seu rosto,era de raiva. Em nenhum momento ela teve pena da filha! Encarava a menina como uma rival!
Quando enfim terminou Alfredo levantou-se deu um beijo na testa da menina, abraçou a amante pela cintura e desceu as escadas.
Manuela sentou-se, encolhida no canto observando a mancha de sangue no lençol,sentiu vontade de chorar mas,reprimiu o desejo,sabia que seria mais útil alimentar sua raiva. Ela sim lhe ajudaria a tomar a decisão certa.
Não importava quanto tempo tivesse que esperar faria o pai e a mãe se arrependerem amargamente.
Tirou a roupa da cama,jogando-a no chão,voltou ao banheiro,tomou um novo banho.
Desceu as escadas e passou pelos pais que almoçavam sem ser notada.
Foi para a varanda e sentou-se, observando o cachorro da vizinha,um pequeno chihuahua que não parava de latir,aguçando ainda mais a sua raiva.

ManuelaOnde histórias criam vida. Descubra agora