Capítulo XIX

25 0 0
                                    

Alguns dias depois. Ana estava arrumando seu jardim, havia comprado mais plantas para decorar o quintal e gostava de jardinagem, magia fazia tudo ser mais fácil, inclusive crescer as plantas, mas nada era melhor para ela que enfiar a mão na terra e trabalhar. Estava plantando uma Hortência quando viu alguém sentado na escada que dava para o jardim: seu pai tomando uma xícara de café e a observando com um sorriso.

– Pai! Que saudade! – Ela correu para abraçá-lo e foi recíproco. Sentou-se ao lado dele e fitou seu pai por alguns segundos, ele era um homem charmoso e muito mulherengo. George observava as feições da filha e pode ver que ela estava mais contente do que a última vez que veio. Ana estava com um olhar despreocupado e o semblante calmo, fazia tempo que ele não a virá assim. –

– Oi querida. Passei para ver como você estava, mas vejo que estás bem. Como anda a vida nesse país terrivelmente instável? – Ele sorriu para a filha enquanto fazia um cafuné em seu cabelo. – Você está linda. – Ela limitou-se a sorrir e pensou em Marcelo na hora. –

– Obrigada pai, eu estou muito bem, tô trabalhando acredita?! Professora Ana de volta! Fiz amizades e meus alunos são ótimos!

– Huuum por que tenho a leve sensação que tem algo mais?

– Conheci uma pessoa também...

– O tal de Marcelo Andrade?

– E como você sabe?

– Ana Lucia, sou seu pai há 22 anos. Acho que sei quando você está apaixonada. Só andei pesquisando sobre o dito cujo há umas semanas atrás. Parece ser boa pessoa ele.

– Tu não existes pai! – Ela o abraçou. – E pare de xeretar minha vida pessoal.

Eles conversaram por horas e Ana saiu com ele para mostrar a cidade. Mais tarde, ambos estavam numa cafeteria onde Ana lhe apresentou o açaí, ao que ele amou. –

– Sua mãe tentou falar com você? Não acho Samantha há seis meses.

– Isso é saudade?

– Sim. Sua mãe não costuma demorar tanto. Da última vez que nos vimos tínhamos nos desentendido e não quero que ela se afaste ainda mais.

– O que está acontecendo, pai?

– Ah, sua mãe e eu somos almas gêmeas, só não fomos feitos pra estarmos juntos. Você sabe como é, o Miguel era sua alma gêmea.

– Não era não, não nos compare, é distinto.

– É exatamente a mesma coisa. Ele é como eu, você não suporta a ideia de ter alguém assim na sua vida. Com o tempo irás perceber que é bom ter instabilidade, não fazer raízes é o melhor que você pode querer em sua vida.

– Mas você mesmo queria que eu voltasse contigo, há dois meses!

– Isso é diferente, amada. Quis que voltasse comigo para sair desse país. Tua alma é de passarinho filha, logo você vai se enjoar e sair voando por aí. Falando em alma de passarinho. – Ele sorriu para a filha, que estava pensativa. – Tens visto Miguel? Soube que ele estava dando uma passada pela América Latina.

– Não o vejo há muitos anos. – Ana deu um suspiro e o clima agora estará estranho. –

– Mas me fale desse Marcelo. – Seu pai tentou quebrar o gelo. –

– Ele é um amor de pessoa. É meu melhor amigo e meu confidente, além de colega de trabalho e meu vizinho. Damos-nos muito bem.

– E quantos anos ele tem?

– Como se você não soubesse tudo na vida dele, certo?! – Ela riu – Tem 26 anos, divorciado e com uma filha linda de seis anos que se chama Mariana. É professor de história e terminou seu mestrado recentemente. Quer detalhes mais pessoais?

– Me poupe dos detalhes sórdidos. – George deu uma risada. – Agora eu tenho que ir, estou numa busca constante por sua mãe. – Ele a beijou na testa e fitou sua filha mais uma vez. – Se cuide, querida. Não vá se perder por aí.

E foi embora, deixando sua filha a pensar. Lucia realmente gostava de Marcelo, e pensando nele naquele exato momento, ele a liga.

Marcelo Andrade: Oi Ana! Pensei em você agora e resolvi ligar. Tais bem?

Ana Lucia Franco: Engraçado, estava pensando em ti também. Coincidência não?

Marcelo Andrade: Bastante, e você tá bem? Sua voz tá meio amuada.

Ana Lucia Franco: Passei à tarde com meu pai, pena que não deu tempo de conhecê-lo. Ele acabou falando algumas coisas que me chatearam.

Marcelo Andrade: Quer conversar sobre isso?

Ana Lucia Franco: Não celo, mas brigada.

Marcelo Andrade: Já falei que guardar tudo pra ti não faz bem, não quer mesmo conversar? Eu sou um bom ouvinte! E onde você está?

Ana Lucia Franco: Estou sentada num balanço naquele parque que fomos, aqui no centro, sabe? E ok, quero conversar, acho importante. Nos vemos a noite?

Marcelo Andrade: Nos vemos sim, mas não desliga ainda.

Ana Lucia Franco: Por quê?

Marcelo Andrade: Tava com saudade da tua voz.

Ana Lucia Franco: Você é muito charmoso, sabia?

Marcelo Andrade: Obrigada lindeza. Eu até tenho meus dotes quando os sei usar.

A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora