Uma semana depois. Ana estava com uma enxaqueca horrível e pressão baixa também. Ainda faltava meio período de aula e seus alunos estavam mais agitados do que nunca. Já pedirá silêncio inúmeras vezes, até que fechou a porta da sala, sentou-se em sua mesa e mexeu os dedos. Em questão de segundos, todos estavam copiando silenciosamente a matéria no quadro e ela estava explicando a mesma. Nessa hora a diretora entrou e olhou orgulhosa praquela turma do terceiro ano e principalmente para Ana Lucia, que sorria constrangida. Nem imagina Maria que para calar o entusiasmo daquela turma só com magia mesmo.
Em outro local da escola, Marcelo dava aula pra turma do primeiro ano, que estava animada com algum passeio que eles iam dar. Enquanto passava matéria no quadro, uma conversa entre um grupo de alunos chamou a atenção dele, que ouviu atentamente.
- E aquela professora, como era o nome dela mesmo? - Disse um dos rapazes -
- Ana Lucia Franco.
- Cara, como você sabe o nome inteiro dela? - Eles riram. -
- Eu sei até onde ela mora!
- Ela é muito gostosa. - Disse outro. - Comeria ela de jeito.
- Eu também.
- Eu também! Faria cada coisa com aquele corpo.
- E ela é tão baixinha né, orra tu dá um tabefe e ela voa. - Eles riram novamente. -
- Mas ela não tem cara de quem gosta de apanhar? - Nessa hora Marcelo interrompe a conversa e chega perto desse grupo específico. -
- Se vocês continuarem a falar da professora Ana na minha aula, todos serão suspensos. Ela é professora de vocês e isso que vocês estão fazendo é assédio moral. - Ele disse, tremendamente irritado e nervoso com aquela situação. Como podiam esses pirralhos falar com tamanho desrespeito a respeito de Ana?! - E tenho dito! Nem mais uma palavra.
Marcelo foi pra casa silencioso naquele dia, o que Ana estranhou já que vai de carona com ele. Seus pensamentos estavam a mil, como ela podia ser tão assediada assim? Porque já não basta o próprio colega de trabalho, o ex ficante, e agora os próprios alunos? Isso o incomodava demais e o tirava do sério. Quando parou numa sinaleira, ela resolveu falar.
- Celo, senão quiser não precisa mais me levar pra casa não, posso ir a pé também, tá? - Ela disse receosa, não costumava ver ele tão sério assim. -
- Como assim? Não me incomoda. Deixa disso.
- O que você tem então?
- Nada, só estou pensativo. Posso fazer uma pergunta?
- Claro, até duas. - Ela sorriu sem jeito, aquele sorriso que fazia Marcelo sorrir também. -
- Tu não te incomodas com tamanho assédio que tu passa no teu dia a dia?
- Não estou entendendo.
- Porra Ana, é colega de trampo, aluno escroto, esse Luiz, o otário da vez na balada ou bar que a gente vai e só vai embora depois que falo que sou teu namorado. Esses caras. - Ela ficou completamente vermelha de vergonha, seu rosto queimava e ele percebeu isso. - Não quis te constranger. É que não me acostumo com isso, se isso tudo ocorre quando eu estou perto, imagina o que ocorre quando estou longe! É um absurdo!
- Ah, a gente se acostuma. Toda mulher é assediada em algum momento da sua vida e infelizmente eu sou somente estatística.
- Sinto uma vontade enorme de te cuidar. Não sei por quê. Tu parece ser tão frágil.
- Eu to ficando sem graça, Celo.
- Desculpa.
E o assunto acabou, logo eles já estavam na frente da casa de Ana que, mesmo com o carro parado, permaneceu ali muda por alguns minutos, o rádio tocava Caetano Veloso - O quereres. Ana não entendia porque permanecia naquele carro, mas também não queria sair.
- Tudo bem Ana? - Ele perguntou sem entender. E foi nesse tudo bem que Ana se aproximou dele e num piscar de olhos o beijou. Um beijo intenso e alternado de suspiros. Ambos queriam isso e há muito tempo, só não sabiam disso. Seus corpos chegavam cada vez mais perto e ele a puxou para seu colo, como era magra essa menina! Não devia pesar 50kg. No calor do momento, Ana se ajeitou no colo de Marcelo e já se sentia a ereção dele. Sem querer, ela acabou ficando com as costas na buzina, o que gerou várias risadas.
- Você é linda, Ana Lucia.
Ana naquele final de tarde, entrou em casa e ficou esperando na porta Marcelo entrar na sua. Assim que fechou a porta de sua casa, se encostou na parede e suspirou. E não é que sua vinda pro Brasil tinha sido mais que esperava?
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A Feiticeira
RomansaAna Lucia Franco é uma feiticeira de 22 anos que vive mudando de lugar cada vez que espalha sua magia demasiadamente. Aventureira por si só, fala mais de 15 idiomas e sabe mais sobre cultura do que si mesma. Aos quatorze anos, como é de costume na b...