Capítulo XXIX

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As férias de fim de ano estavam chegando e tanto Marcelo quanto Ana estavam muito ocupados fechando média e recebendo alunos que estavam indo atrás buscando meia dúzia de pontos para não ficar em exame final. Depois daquele sábado se passaram algumas semanas, a feiticeira fez um B.O contra Luiz, que não obedecerá e insistia por conversas ou mandando flores para a casa dela, mas ela ocultará essas coisas para Marcelo, achava que ele já estava com problemas o suficiente e não queria sobrecarregá-lo. Ana tinha feito 23 anos e comemoraram da melhor maneira: saindo pra comer sushi com Mariana. Precisou de algumas semanas para Ana Lucia se acostumar à nudez dela e Marcelo, mas no fim, não se arrependeu de nada. Amava a atenção de Marcelo com ela. Em dias estressantes, nada era mais reconfortante que a companhia um do outro.

Na ultima semana de aula, tudo estava a mil: conselho de classe, formatura do terceirão, alunos em quase reprovação, planejamento de aulas, estresse de professores. Tudo estava ocorrendo muito rápido e todos estavam cansados. Isso não abalou Ana, que mexeu um pouco seus dedos para aliviar a tensão para todos os colegas de trabalho, incluindo Marcelo. É claro que isso a desgastou completamente, afinal uma parte de sua magia era pra evitar conflitos com Luiz e isso a estava consumindo.

– Ana, tudo bem? – Jaqueline perguntou cutucando a amiga, que olhava para sua xícara de café enquanto Maria, a diretora, falava algo na reunião de professores. –

– Oi, está sim. Só meio cansada.

– Vou fazer um happy hour lá em casa, você e Marcelo estão mais que convidados.

– Irei falar com ele, vai ser quando?

– Hoje mesmo, quero comemorar esse um mês e meio de férias mais que merecidas. Ser professora pode ser um pé no saco às vezes.

– Disso não tenho duvidas.

Elas riram e uma ajudou a outra a fechar média dos alunos, agora com o novo e terrível governo, estava cada vez mais difícil ser professor e ser humano ao mesmo tempo. No final da tarde, Mariana estava cantarolando animadamente: ia passar de quinta até domingo na casa da mãe. Marcelo estava atarefado demais e Ana se ofereceu para levar a pequena até a casa de Marisa. Pegou o carro de Celo emprestado e seguiu rumo à casa de Marisa, mas, antes disso, elas foram tomar um sorvete. Estavam na sorveteria e Mariana não parava de falar sobre sua escola e que sentiria falta nas férias, Ana achava graça da animação da menina e sentiu falta da sua mãe. Fazia muito tempo que elas não se falavam.

– Tia Ana, aquele moço está olhando pra gente.

– Que moço, meu amor? – Mari apontou de longe para Luiz que as observava com um meio sorriso. Ana se assustou e rapidamente pegou Mariana no colo e a colocou dentro do carro. Deu partida e foi embora. Não entendia como ele a encontrava tão facilmente, não importava onde ela estava. Mari não entendia nada, mas percebeu a aflição da feiticeira. Chegando a casa de Marisa, sua filha correu para abraçar sua mãe. Marisa cumprimentou Ana e a convidou para tomar um café antes de sair, a mesma aceitou, não queria sair na rua naquele momento.

– Você parece estar com problemas. – Marisa disse enquanto servia o café na sala para Ana. – Quer conversar sobre? – Era a terceira ou quarta vez que eles se encontravam, gostava do fato de que entre elas, sentia-se somente o amor entre Mari e Marcelo compartilhados e não aquela rivalidade feminina enraizada. –

– Eu estou com uns problemas que ainda não foram resolvidos. – Ana disse segurando choro, ela estava exausta. – Tem um cara me seguindo há quase dois meses e isso está me tirando do sério. Já fiz B.O e o que pude, mas ele continua vindo atrás.

– Meu deus... – Marisa disse boquiaberta. – E Marcelo sabe disso?

– Bem, ele sabe que ele me perseguia e não que continua me perseguindo. Fui levar a Mari pra tomar um sorvete antes de vir pra cá e encontrei-o de longe, nos observando. Eu to ficando muito assustada, por mim, por Mari e por Marcelo. To com medo de sair e ele estar lá embaixo. – Ana disse já chorosa. – Não sei o que fazer.

– Eu tenho um plano, Lucia. Não fique aflita e engula o choro! – Ela disse sorrindo, enquanto limpava as lágrimas que insistiam em cair dos olhos de Ana. – Eu vou dar um jeito nisso.

– Como? – A feiticeira disse, amuada. –

– Eu tenho meus métodos. – Marisa falou decidida. – Agora, vá lavar esse rosto e não fale nada para Marcelo, vamos resolver isso antes mesmo dele perceber que o problema exista, ok?

– Ok. – Ana sorriu. – Obrigada Marisa.

– Que nada menina! Nós somos amigas e aprecio muito o cuidado que tens com a minha filha. Não vou te deixar em apuros, ainda mais por macho! –

Ana deu um abraço apertado em Marisa ao ir embora e sentiu confiança nas palavras dela. Marisa era realmente uma boa amiga, talvez elas fossem mais chegadas senão fossem as circunstancias que levaram a se conhecer. Ana saiu do condomínio de Marisa um tanto apreensiva, entretanto não encontrou o rapaz. Voltou para a escola para buscar Marcelo e ficou no estacionamento, pensando nas palavras de Marisa. Passou uma meia hora ainda dentro do carro ouvindo a coleção de musicas MPB do seu companheiro. Quando ele chegou, com uma cara de felicidade que fez Ana ficar feliz também, a alegria espalha e disso eles não tinham duvidas. Ele a beijou apaixonadamente e nem ligou para os alunos que saiam e viam a cena, fazendo graça do professor "garanhão".

A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora