Capítulo XXXIII

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Quatro meses tinham se passado voando. Ana conheceu nas festas de final de ano dona Vera, mãe Marcelo, a senhora tinha se encantado com a menina e isso a deixou feliz, afinal nunca teve uma sogra. O casal tinha feito quase seis meses junto nesse meio tempo e Luiz como Marisa tinha assegurado, parou de segui-la de vez e isso a deixou tremendamente aliviada e mais forte. O pai da feiticeira a visitava com certa freqüência e tinha conhecido tanto Marcelo quanto Mariana e tinha um afeto em particular com a menina, segundo ele era a neta que não tinha, sempre que vinha trazia presentes pra pequenina que adorava os agrados. Marcelo agora tinha 27 anos e ambos estavam na correria de sempre com o trabalho. Por algumas vezes Ana quase deixou transparecer sua magia e devido a isso, deixou de usá-la sempre que não era de necessidade, não queria perder tudo àquilo que tinha construído com Marcelo.

Era uma terça feira de sol e Ana estava atrasada para um encontro de pais na escola de Mariana, tanto Marisa quanto Marcelo estavam ocupados no trabalho e por mais que partisse o coração da mãe de Mari, pediu pra feiticeira ir a essa reunião e se passar por madrasta dela. A menina aceitou de bom grado, gostava da tia Ana e dela namorar seu pai. Assim que chegou a escola, sentou-se num lugar escondidinho e começou a ouvir atentamente a professora falar dos alunos e quando chegou a vez de Mariana, a mesma se escondeu por trás do vestido da bruxa, que não entendeu.

– Você não é a mãe da Mariana, onde estão os pais? – Perguntou azedamente uma das professoras, com um olhar de desdém para a feiticeira. –

– Sou a madrasta dela e vim porque os pais não puderam nesse momento. Do que se trata?

– Bem, se os próprios pais não podem vir na escola saber da situação da filha... – A professora disse, dando um leve sinal de negação com a cabeça. –

– Pois então, nem todo mundo consegue ser pai 24h como à senhora, certo? Santa empatia e didática a sua! Agora estamos indo. – Ela pegou Mariana no colo. – Se era tão importante assim, podia tratar de falar comigo, mas como não é, vou levar a Mari pra casa. Vamos lindeza? – Mari assentiu. – Vamos tomar sorvete!

– Eba! – Mariana sorriu alegremente. –

Já na sorveteria, Mariana estava quieta e com uma carinha triste, cara essa que Ana não estava acostumada a ver naquele rosto tão meigo.

– O que houve meu bem?

– Nada não tia.

– Não quer conversar comigo? É alguma coisa com teus pais? – Ana disse sorrindo sem jeito, enquanto mexia nos cabelos da pequena. –

– Sim... – Ela olhou para Ana com os olhos cheios de mágoa. – O Pedro fica falando que logo papai vai casar com você e vão me abandonar e deixar eu e a mamãe.

– Quem é Pedro? – Ana disse espantada. –

– Ele brinca comigo na escolinha, mas é muito maldoso. Aí eu mordi ele.

– Oh lindeza, seu pai e eu jamais vamos abandonar você! Não escute o que ele diz. – Ana a abraçou fortemente. – Estamos aqui pra ti Mari, não importa o que aconteça.

– Por que ele fica falando essas coisas então tia?

– Quer saber o que eu acho? – Mari assentiu. – Acho que ele está com ciúmes porque tem mais gente ao seu redor agora que te ama e te quer bem. Você não gostou do meu papai?

– Gosto muito tia.

– Ele também te adora! Às vezes acho que ele vem pra casa pra te ver e não a mim, acredita?! Até eu fico com um pouco de ciúmes. – Ana sorriu e beijou a bochecha de Mari. –

– Amo você tia.

Enquanto isso no instituto, Marcelo estava tendo um dia tremendamente estressante. Havia discutido com um aluno e o mandou a diretoria, o mesmo recusou e foi aí que começou a briga. Quando chegou a casa a noite, saiu do carro batendo a porta e quando olhou pelas paredes de vidro viu Ana e Mariana sentadas brincando de boneca, sorriu. Era um conforto te-las por perto em dias assim, especialmente esse.

– Cheguei. – Marcelo beijou Ana e logo pegou a filha no colo. – Como foi à reunião?

– Huum, acho que precisamos conversar. – Ana se aproximou de Marcelo e Mari ficou amuada em um canto, meio tímida e envergonhada. –

– O que houve Mariana? – Seu pai arqueou a sobrancelha. –

– Eu mordi o Pedro.

– Como assim?! – Marcelo disse já irritado. Odiava quando levava o estresse do seu trabalho para a casa, mas quando fazia isso nem percebia. –

– Ele que pediu papai!

– Marcelo, podemos conversar a sós? – Ana disse tocando levemente no braço do amado, que se afastou e a fitou aborrecido. –

– Não se meta na educação da minha filha Ana! Depois conversamos!

– Mas Marce- – Ana foi interrompida. –

– Sem mas! – Ana enrubesceu de raiva e fitou Mariana que estava com os olhos cheios de lágrimas, abraçou a pequena bem forte e beijou sua testa. Saiu da casa de Marcelo e não olhou pra trás. Não suportava quando ele a tratava como se fosse sua filha ou sua aluna. –

A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora