Capítulo LVI

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Demorou um pouco mais do que esperava. Acabou ficando mais uma hora ajudando um aluno que precisava de nota extra e também conversou muito com o rapaz. O pessoal do Magistério em grande parte era mais velho que Ana e quando ela pra parava pra pensar nisso, ficava na dúvida de quem estava dando aula para quem.

– Até amanhã então, Vitor. – Ana sorriu despedindo-se do rapaz na porta da escola. –

– Ei, vais andando sozinha pra casa?

– Não é muito longe, é bom respirar ar fresco.

– Capaz que eu vou deixar uma mina nova andando por aí à noite.

– Ainda sou sua professora. – Ana ruborizou. – Eu sei andar.

– E ainda sim, continua em situação de perigo indo sozinha. Me deixe te dar carona, não vou te morder muito menos passar da nossa relação professora x aluno.

– Pois... – Ana fitou a rua que já esvaziava e pensou novamente. – Eu aceito.

Foram até o carro de Vitor que estava estacionado há poucos metros do Instituto. Ana sentiu-se deslocada por entrar num carro que não fosse o de Marcelo. Era quase costume, os dois dividiam o carro e agora estar com outra pessoa era um tanto estranho.

– Tá morando com o Marcelo, né? – Vitor perguntou casualmente enquanto olhava a sinaleira. Ana o fitou surpresa. – Ah Ana, o pessoal comenta.

– Ora, estou morando com ele sim. – Ela sorriu. – Mas por quê?

– É que eu soube pela Paloma... – Disse sem graça. –

– Vocês são amigos? – Perguntou curiosa. –

– Um pouco mais que isso. – Que ingênua. Pensou Vitor, Ana sentiu seu rosto queimar. – Não fique com vergonha. É apenas sexo casual.

– Eu sou sua professora, lembra? Não quero saber da tua vida sexual.

– Foi você que perguntou, não eu. – Ele sorriu. – Só tens tamanho né? – Novamente sorriu. – Quer dizer, graduação.

– Não tem graça, não me diminua só porque é mais velho que eu.

– Um dia eu chego lá. – Vitor deu de ombros, ainda sorrindo. – Está entregue.

Ele estacionou em frente a casa de Ana.

– Como você sabe que eu moro aqui? Não me lembro de ter falado.

– Como eu disse professora, eu sou amigo da Pa. – Ele disse enquanto abria a porta do carro para Ana. – Ótima noite.

– Bem, igualmente. – Ana saiu do carro um tanto confusa. – Obrigada Vitor.

– De nada, profe.

Ao chegar a casa se deparou numa cena extremamente sexy: Celo apenas de cueca com uma xícara de café a fitando com seu melhor sorriso.

– Oi amor. Estava ficando preocupado. – Ele a recebeu com um abraço seguido de um ou dois beijos no pescoço. – Senti saudade.

– Também senti tua falta. – Ana suspirou. – Um aluno me deu carona, senão teria tardado ainda mais! A rua fica vazia mesmo hein, da próxima aceito tua carona.

– Que aluno? – Marcelo indagou curioso. –

Ana tirava sua roupa para entrar no chuveiro. Era difícil ele não deixar de notar a sutileza como Ana se desprendia de cada peça de roupa. Suspirou e tentou conter o início de ereção que já chegava só de imaginar tocar naquela pele.

– Ah, um tal de Vitor. Aluno do Magistério. Acredita que ele sabia onde morávamos?

– Como?! – Ele disse já um tanto preocupado. –

– Ele é ficante da Paloma. – Ela engoliu seco, não gostava nem de falar o nome da abençoada. –

– E como você sabe disso?

– Tenho um ótimo diálogo entre meus alunos metidos, aparentemente.

– Hum. E eu conheço esse Vitor?

– Acho que não amor, ele estuda somente à noite. Demorei tanto porque estava dando um reforço pra ele. Ele quer tentar um concurso público e eu dei algumas dicas.

– Foram somente pra ele essas dicas? – Marcelo indagou. – Ele deve ser um ótimo aluno.

Ela ainda não tinha notado os ciúmes aparente dele.

– Uhum. Ficamos na sala por mais de uma hora depois que acabou. Sorte que ele me deu carona, não tinha percebido a noção do tempo.

– Tá Ana. Já entendi. Dá próxima eu te busco.

– Que? Como assim?

Ela o fitou sem entender e percebendo a ingenuidade da feiticeira, Marcelo sorriu sem graça. Era engraçado como Ana podia ser tão boba.

– Nada amor, eu só estou com um pouco de ciúmes.

– Do Vitor? – Ele assentiu. – Que isso! Eu não trocaria ninguém por você.

– Não fala assim que eu acredito. – Marcelo sorriu. –

– Não quer entrar no banho comigo?

Ana falou maliciosamente para ele que não pensou duas vezes, adentrou o chuveiro e repartiu o banho com sua melhor amiga e consequentemente, sua namorada.

– Amo essa vida de casal que estamos vivendo. Não quero que acabe nunca, Celo.

– Não vai acabar Ana, deixa de pensar besteira.

– É só medo, ando tão feliz que às vezes me pego pensando nisso.

– Nós somos enquanto durarmos, Ana Lucia Franco.

– Você não ajuda falando isso. – Ela sorriu. – Mas por hora, me contento.

– A não ser que tu queiras esses brotinhos que são os seus alunos... – Ele brincou. –

– Se continuar assim, talvez eu queira mesmo. – Ela entrou na brincadeira, deixando Marcelo enciumado. – Tem uns de vinte que olha, tão de parabéns.

– Ha ha. – Ele revirou os olhos. – Tão engraçada. –

– Se isso não é amor, eu não sei o que é. Ciumento.

Os dois foram tirando sarro um do outro até a hora de dormir, e pela primeira vez a rotina caiu deliciosamente bem. Ambos foram dormir exaustos e abraçados.

Era um sentimento tão bom de felicidade.

De reciprocidade.

A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora