Capítulo LIII

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O final de semana foi embora num piscar de olhos e no fim do domingo a feiticeira conseguiu praticar sua primeira magia em semanas, tinha dormido tão feliz que era inexplicável a sensação de felicidade.
– Ana... Vamos acordar, estamos atrasados.
– Não quero Celo... – Ela puxa o namorado pra cama. – Vamos matar o trabalho e dormir o dia inteiro.
– Vontade não me falta, lindeza.
E assim foram, Ana com um mal humor e Marcelo achando graça dentro do carro ao ver sua namorada emburrada. Chegaram na escola e cada um foi para o seu canto cumprir com suas respectivas tarefas. Já era intervalo no horário matutino quando todos os professores se encontravam para descansar. Paloma não parava de encarar Marcelo que conversava com Lucas e Ana via o que ela estava fazendo.
– Você devia dar uma lição nessa vagabunda. – Jaqueline se aproximou de Ana, era difícil não notar seu olhar culminante para a professora substituta. –
– Eu acho que vou dar mesmo.
– Mentira! — Ela fitou a amiga assustada.– Achei que tua ia falar pra mim que não era dessas.
– Ana Lucia saiu dali pisando firme, não aguentava mais um minuto vendo o olhar que aquela mulher fitava seu namorado. Será que ela não sabia que os dois estavam juntos novamente? A ideia de que Marcelo tinha deitado com Paloma também não era algo que agradava a feiticeira, aliás, a tirava do sério. Por volta das cinco da tarde, Ana esperava na sala dos professores enquanto lia seu jornal, não tinha a última aula e esperaria Marcelo para sua carona. Enquanto terminava de ler a reportagem notou Paloma sentando-se ao seu lado. É sério isso? Pensou a feiticeira.
– Boa tarde Ana.
– Boa tarde, Paloma.
Ana suspirou fundo, algo dizia que essa conversa não seria nada amigável.
– Você e Marcelo voltaram?
– Uhum.
– Que estranho... Ele estava tão bem comigo e de repente voltou contigo. – Paloma suspirou. – Tá grávida? Porque só assim pro Marcelo voltar correndo pra ti.
– Eu não vou brigar contigo por causa de macho. Fica aí com seus pensamentos, tenho mais o que fazer.
An a simplesmente levantou-se e foi até o carro de Marcelo, num instante mexendo seus dedos destrancou o carro dele e ali permaneceu até a saída do rapaz. Ele chegando ali estranhou a mesma estar dentro do carro e deixou estar, sua feição não estava de muitos amigos.
– Tudo bem amor?
– Melhor impossível.
– Mesmo? – Ele disse engatando a marcha do carro. – Amor?
– Sua amiguinha Paloma veio falar comigo hoje. Acredita que ela insinuou que você voltou pra mim porque estou grávida?
– Você tá grávida?!
– E de tudo que eu falei tu só ouviu isso! Pelo amor de deus Marcelo, é óbvio que não estou.
– Desculpa, me assustei.
– E se eu tivesse?
Marcelo fitou Ana rapidamente um tanto confuso, ela sempre disse que não queria ter filhos e isso o confundiu. Esperou alguns segundos para falar e ainda engasgou no começo da fala.
– Bem, é que sempre deixasse claro que filhos não seria uma opção na sua vida, por isso a surpresa.
– E não é, não quero filhos. Só queria saber se tu ficaria do meu lado se isso acontecesse, vejo tantos casos de homens que vão embora quando a mina engravida.
– Que pensamento é esse Ana Lucia? – Marcelo perguntou incrédulo. – Eu nunca te abandonaria esperando um filho meu.
– Desculpa por isso.
– Eu jamais te abandonaria, guria.
– Sinto vontade de quebrar a cara da Paloma, só de pensar em vocês dois juntos me tira das estribeiras.
– Queria voltar no tempo e não ter feito isso contigo.
– Não estávamos juntos, tudo bem.
– Mesmo assim, foi falta de respeito, ela é nossa colega de trabalho.
– Se tu visse a maneira como ela te olha... Argh, que nojo!
– Não percebi isso.
– Bom mesmo, já te dava na cara também. – Ela esbravejou. –
– Vais dar na minha cara, é?
– Seu sem vergonha.
Era dia de buscar Mariana na casa de sua mãe e ambos iam fazer uma surpresa para a menina: era dia de comer pizza! Chegando lá foram bem recebidos, Marisa estava se arrumando para sair e Mari desenhava no chão da sala.
– Tá pronta pra ir meu amor? – Marcelo pegou a filha no colo e encheu de beijos, a menina sorriu no ato. Ana Lucia se escapuliu para o quarto de Marisa conversar com ela. –
– Você está tão linda. Onde vai?
– Tenho um encontro. Depois de dois anos tenho finalmente um encontro! – Marisa sorriu. –Obrigada, tu és um amor.
– Por nada, bom encontro. – Ana foi saindo do quarto quando foi barrada com um puxão leve em seu braço. –
– O que está te preocupando minha linda?–Ana ficou boquiaberta, como era perceptiva!–
– É estranho falar disso contigo...
– É em relação ao Marcelo?
– Sim. Deixa pra lá Mari.
– Conversa comigo menina! Deixe disso. – Mari sorriu e dirigiu Ana até sua cama, onde as duas sentaram. –
– Tinhas muito ciúmes do Marcelo enquanto vocês estavam juntos? É que está sendo difícil controlar.
– Ô, não fazes ideia! Era a louca dos ciúmes. – Mari deu risada. – Ele é um galã por alunas, colegas de trabalho... Era um inferno.
– Nossa...
– Mas não era ele que dava em cima, sabe? Ele não é esse tipo de pessoa, só que atrai muita mulher.
– E como tu controlava isso?
– Não controlava, senão ainda estaríamos juntos. – Mari disse sorrindo ao lembrar, mas quando percebeu o olhar triste de Ana se retratou. –Ei, isso é passado. Não fique insegura, tu é uma mulher nova e cheia de vida, sem falar em melanina. – Ana sorriu.– De verdade, tu é maravilhosa e não deixe isso te acanhar.
– Obrigada, Mari.
Elas se abraçaram e logo eles foram embora, o destino era pizza e somente quando chegaram que Mariana percebeu, o que encheu o coração da menina de alegria. Estavam no quarto pedaço de pizza quando Mariana percebeu o olhar triste de Ana Lucia.
– Tia, o que aconteceu?
– Como assim Mari?
– Tais tristonha, a tia mal comeu.
– Ah, só cansada mesmo.
– Tem certeza?
– Claro minha linda, agora come que quando chegar em casa vamos tomar um banho e ir pra cama! É só sono mesmo.
Marcelo viu aquela cena e percebeu que a chateação de Ana todavia não havia ido embora. Foram para casa os três em silêncio, cada qual com seu devaneio. Chegando em casa Ana ajudou a pequena no banho e logo em seguida foi tomar o seu. Estava de olhos fechados sentindo a água quente correr pelas costas. Não queria sentir-se tão insegura, não agora que eles estavam tão bem, mas ainda se sentia incomodada com a cena de Paloma hoje cedo.
Estava suspirando quando abriu os olhos e viu Marcelo a fitando da cabeça aos pés com aquele olhar que somente ele tinha. Estava desnudo e com um começo de ereção, só por ver a feiticeira naquele jeito. Não esperou nem Ana se recuperar do susto quando a beijou intensamente, a virou de costas para ele, prensando-a contra a parede. O que você está fazendo? Ela disse eufórica enquanto sentia os beijos dele pelo seu ombro. O que eu tenho vontade de fazer toda hora. Marcelo a apertou ainda mais e por fim a penetrou, fazendo Ana estremecer e dar um grito de prazer, ali se amaram durante os próximos trinta minutos, até Mari bater na porta perguntando o porquê da demora, o que gerou inúmeras risadas.
Naquela noite, deitando ao lado de Marcelo, Ana cessou suas inseguranças e dormiu pensando que o amor dos dois era muito maior que qualquer ciúme bobo.
E era mesmo.

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