Ana apagou no sofá e quem dormiu na cama foi Miguel, pelo visto essa mania ainda não tinha mudado e ele ficou observando a feiticeira dormir. Trouxe um cobertor para a mesma e a cobriu, tinha saudade dos dois tão próximos assim. Na manhã seguinte Ana acordou com uma dor de cabeça tremenda, estava passando um café bem forte e ingerindo bastante líquido. Prometeu a si mesma não beber tanto da próxima vez.
– Acordou cedo hoje, hein? – Miguel senta no balcão da cozinha, vestido apenas sua calça e deixando aquele peitoral que Ana tanto gostava. –
– Não consegui dormir mais. – Ana deu de ombros. – Quer café?
– Quero muito, inventei de tomar uísque ontem e não deu muito certo.
– Uísque te dá dor de cabeça.
– Você ainda lembra. – Ele sorriu para Ana, que corou. –
– Certas coisas não se esquecem. Só isso.
– Não fique tão na defensiva.
– É quase impossível. Não posso confiar em ti.
– Tu me conheceste numa época que eu era um escroto, eu mudei Ana Lucia. – Miguel suspirou e deu um meio sorriso. – Me deixa provar que posso ser diferente.
– Eu acabei de sair dum namoro e ainda amo ele.
– A gente supera.
– Eu estou/estava sendo perseguida por um cara.
– Eu te protejo.
– Minha rotina como professora é exaustiva e estressante.
– Te dou apoio e se quiseres, ajuda.
– Ele além de meu vizinho também é meu colega de trabalho.
– Eu supero.
– Não posso aguentar ser traída por você mais uma vez.
– Tu não vais, prometo.
– O lado esquerdo da cama é e sempre será meu.
– Tais pensando nisso já? – Miguel deu aquele sorriso malicioso, todavia foi reprimido por um olhar raivoso de Ana. – Desculpa. Ok, eu me contento com o lado direito.
– Miguel, isso é sério. – Ela o olhou, desconsolada. – Eu não quero me magoar novamente e estou totalmente a mercê da tua boa vontade de não ser um canalha novamente. Eu nem deveria estar falando essas coisas! – A feiticeira suspirou. – Isso não está certo.
– Ana – Ele pegou delicadamente nos braços magros da menina. – Não quero te pressionar a nada. Não vou mentir, eu estava no Brasil há alguns meses, inclusive trombei com George. Eu vim te ver, sim eu vim. Não sabia que estavas namorando e quando soube eu me afastei, não queria atrapalhar tua vida. Eu estava de partida quando teu pai me ligou e falou do ocorrido.
– Ele te ligou?
– Claro que sim. Ele não quer ver a filha dele sofrendo.
– E se eu te magoar? E se eu te largar novamente?
– Eu vou entender.
– Não vai não, se me procurou anos depois é porque tá mal resolvido.
– Resolvemos agora então.
– Tais cheio de respostas prontas. – Ela o olhou desconfiada. –
– Penso nessa conversa há anos.
– Sabes que isso não é nem um pouco romântico né?
– Sim, estou parecendo um maluco. – Ele riu e mexeu em seus cabelos, um tanto envergonhado. Suspirou e voltou-se a Ana. – E então?
– Então o que?
– Vamos tentar mais uma vez?
– Tá Miguel Hernandez, tu achas que é assim? – Ela o olhou pasma. – Nem um encontro? Um beijo na porta depois dum jantar? Nem mesmo uma mensagem de bom dia?
– Nunca fosse uma pessoa muito romântica.
– Agora eu sou! Oras. É bom um agrado.
– Isso é carência. – Ela riu. –
– Lembre-se de quem está pedindo pra voltar é você, não eu.
– Ai.
– É pra doer mesmo, sem vergonha. – Ana sorriu. – Agora prepara a mesa, vamos tomar um café, parece que minha cabeça vai estourar.
– Sua vontade é uma ordem.
Se fosse assim, você não teria feito o que fez anos atrás. Pensou Ana enquanto terminava de preparar o café, com um suspiro e pensamento ou outro em Marcelo.
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A Feiticeira
RomanceAna Lucia Franco é uma feiticeira de 22 anos que vive mudando de lugar cada vez que espalha sua magia demasiadamente. Aventureira por si só, fala mais de 15 idiomas e sabe mais sobre cultura do que si mesma. Aos quatorze anos, como é de costume na b...