Capítulo XXXVIII

8 0 0
                                    

Ana apagou no sofá e quem dormiu na cama foi Miguel, pelo visto essa mania ainda não tinha mudado e ele ficou observando a feiticeira dormir. Trouxe um cobertor para a mesma e a cobriu, tinha saudade dos dois tão próximos assim. Na manhã seguinte Ana acordou com uma dor de cabeça tremenda, estava passando um café bem forte e ingerindo bastante líquido. Prometeu a si mesma não beber tanto da próxima vez.

– Acordou cedo hoje, hein? – Miguel senta no balcão da cozinha, vestido apenas sua calça e deixando aquele peitoral que Ana tanto gostava. –

– Não consegui dormir mais. – Ana deu de ombros. – Quer café?

– Quero muito, inventei de tomar uísque ontem e não deu muito certo.

– Uísque te dá dor de cabeça.

– Você ainda lembra. – Ele sorriu para Ana, que corou. –

– Certas coisas não se esquecem. Só isso.

– Não fique tão na defensiva.

– É quase impossível. Não posso confiar em ti.

– Tu me conheceste numa época que eu era um escroto, eu mudei Ana Lucia. – Miguel suspirou e deu um meio sorriso. – Me deixa provar que posso ser diferente.

– Eu acabei de sair dum namoro e ainda amo ele.

– A gente supera.

– Eu estou/estava sendo perseguida por um cara.

– Eu te protejo.

– Minha rotina como professora é exaustiva e estressante.

– Te dou apoio e se quiseres, ajuda.

– Ele além de meu vizinho também é meu colega de trabalho.

– Eu supero.

– Não posso aguentar ser traída por você mais uma vez.

– Tu não vais, prometo.

– O lado esquerdo da cama é e sempre será meu.

– Tais pensando nisso já? – Miguel deu aquele sorriso malicioso, todavia foi reprimido por um olhar raivoso de Ana. – Desculpa. Ok, eu me contento com o lado direito.

– Miguel, isso é sério. – Ela o olhou, desconsolada. – Eu não quero me magoar novamente e estou totalmente a mercê da tua boa vontade de não ser um canalha novamente. Eu nem deveria estar falando essas coisas! – A feiticeira suspirou. – Isso não está certo.

– Ana – Ele pegou delicadamente nos braços magros da menina. – Não quero te pressionar a nada. Não vou mentir, eu estava no Brasil há alguns meses, inclusive trombei com George. Eu vim te ver, sim eu vim. Não sabia que estavas namorando e quando soube eu me afastei, não queria atrapalhar tua vida. Eu estava de partida quando teu pai me ligou e falou do ocorrido.

– Ele te ligou?

– Claro que sim. Ele não quer ver a filha dele sofrendo.

– E se eu te magoar? E se eu te largar novamente?

– Eu vou entender.

– Não vai não, se me procurou anos depois é porque tá mal resolvido.

– Resolvemos agora então.

– Tais cheio de respostas prontas. – Ela o olhou desconfiada. –

– Penso nessa conversa há anos.

– Sabes que isso não é nem um pouco romântico né?

– Sim, estou parecendo um maluco. – Ele riu e mexeu em seus cabelos, um tanto envergonhado. Suspirou e voltou-se a Ana. – E então?

– Então o que?

– Vamos tentar mais uma vez?

– Tá Miguel Hernandez, tu achas que é assim? – Ela o olhou pasma. – Nem um encontro? Um beijo na porta depois dum jantar? Nem mesmo uma mensagem de bom dia?

– Nunca fosse uma pessoa muito romântica.

– Agora eu sou! Oras. É bom um agrado.

– Isso é carência. – Ela riu. –

– Lembre-se de quem está pedindo pra voltar é você, não eu.

– Ai.

– É pra doer mesmo, sem vergonha. – Ana sorriu. – Agora prepara a mesa, vamos tomar um café, parece que minha cabeça vai estourar.

– Sua vontade é uma ordem.

Se fosse assim, você não teria feito o que fez anos atrás. Pensou Ana enquanto terminava de preparar o café, com um suspiro e pensamento ou outro em Marcelo.

A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora