Capítulo XXV

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Pelo caminho eles foram conversando sobre outras coisas, o clima ficou pesado. Ana sentia-se triste e preocupada, pensando também nessa Carol que ela nem conhecia, mas compartilhava de seu sofrimento. Sentia muito por as mulheres passaram por qualquer tipo de assédio no decorrer de sua vida e a empatia que ela sentia era forte. Ao chegarem à casa de Marcelo, os dois foram à casa de Ana buscar Jax e algumas roupas para ela. Pegaram somente o necessário e Marcelo molhou as plantas para Ana, ela sorriu com o gesto, mas sabia ele que assim que ela chegava à casa uma parcela de água da casa ia para cada planta num passe de mágica.

Chegando à casa de Marcelo, ele ligou a televisão e deixou em algum canal de desenho e foi até a cozinha, ia preparar a janta para os dois e o prato ia ser a famigerada macarronada. Ao saber disso, Ana sugeriu um sushi e ele riu dela, mas acabou aceitando. Suas habilidades na cozinha eram grande parte macarrão, arroz e feijão. Ana Lucia tinha subido para tomar um banho e colocou seu pijama mais confortável, a questão que não saía da sua mente era: estava sexy para Marcelo? Sentia-se um patinho feio usando um short rosa e regata também rosa de pijama, mas optou por essa mesmo. Ela era muito confortável e sair da sua zona de conforto não era algo que a agradava. Ao descer, pode notar Marcelo sem camisa e aquela vista enchia seus olhos. Deu um suspiro de longe enquanto via seu amigo/namorado erguer algum móvel para pegar o brinquedo caído de Mari, o que fez seus braços ficarem rígidos, tentação demais para a visão de Ana.

– Celo, acho que vai começar a chover. – Disse Ana olhando para a janela e lembrando-se de Mari, que queria ir ao cinema com a mãe hoje. – Tomara que a Mari e Marisa consigam ir ao cinema. A chuva já começou e está engrossando.

– Também espero. – Ele disse trazendo uma xícara de chocolate quente para Ana e beijando levemente as maças de seu rosto. – Tens muitos trabalhos para corrigir esse final de semana? Eu estou livre esse fim de semana e se quiseres ajuda...

– Não, também estou livre. – Ana mentiu, em alguma hora do fim de semana ia por seus dedos para mexer. Era injusto, porém, queria passar todo o tempo com Marcelo. Bem, ser uma bruxa tinha lá suas vantagens e ela sabia disso. – Ei, porque o nome da Mariana é Mariana?

– Você vai achar graça.

– Pois me conte. – Ela sorriu, sentando-se na soleira da janela. –

– Na época que estávamos juntos, eu e Mar costumávamos passar horas na praia olhando as estrelas e dando nome a elas. Como tu já deve ter percebido, nossos nomes começam com Ma e ela queria de tudo que é jeito colocar o nome da nossa filha começando com Ma. Eu não concordei, mas daí ela me lembrou do destino: A Mariana foi concebida na praia. Dando a inicial de Mar, ia ser Marisol, mas Mariana é um nome maravilhoso.

– Uau! – Ana abriu um sorriso de orelha a orelha. – Que lindo!

– É bobo, eu sei.

– É romântico.

– Talvez um pouco. – Ele sorriu e pegou nas mãos de Ana, fazendo carinhos na mesma. – Eu fico muito feliz por você não ter ciúmes da Marisa, ou pelo menos não aparentar.

– Eu não tenho o direito de ter ciúmes, celo. Marisa esteve presente por anos na tua vida e isso gerou a coisa mais linda que é Mariana. Eu só agradeço por você ter aparecido na minha vida.

– Nunca apresentei ninguém a Mariana depois de Marisa. Tu és a primeira sabia?

– Não sabia não. – Ela o beijou. – Acho que a gente pode dar muito certo, Celo.

Ana se aproximou de Marcelo na janela e o beijou até tirar o fôlego de ambos, aquela noite de chuva estava cercada de abraços e olhares intensos. Num relance de segundos Ana já estava no colo de Marcelo no sofá o beijando amorosamente. Era difícil distinguir quem era quem na escuridão da sala. O único ruído do ambiente eram as gotas de chuva e os suspiros abafados. Ele a envolvia em seus braços e recebia seus afagos com prazer, numa mescla de vontade e receio, os dois se entregavam no sofá. Marcelo foi subindo a blusa de pijama de Ana lentamente, sempre pedindo autorização pelo olhar dela, que assentiu sorrindo. Para ele, aquela visão era maravilhosa, a pele branca e macia de Ana era tentadora e a possibilidade de tocar o deixava com uma ereção. Quando começava a tirar o short de Ana, a campainha toca e do lado de fora estava o moço do sushi. Maldita porta de vidro! Ana colocou sua blusa rapidamente e Marcelo ajeitou sua calça, que estava muito aparente. Foi buscar o dinheiro e foi até a porta.

– Boa noite. – Marcelo disse pegando o sushi e dando para Ana, que estava ao seu lado, totalmente corada e sem graça. – Quanto deu?

– Cinqüenta e dois senhor. – O rapaz disse, fitando Ana e seu corpo. –

– Acho que você tá falando comigo e não com ela, né cara? – Marcelo disse se entre pondo Ana, que estava cada vez mais envergonhada. –

– Desculpa.

– Toma aqui, pode ficar com o troco. Boa noite.

Marcelo fechou a porta na cara do rapaz do sushi e foi irritadíssimo até a cozinha, onde tomou água e ficou lá por uns cinco minutos. Ana não sabia o que fazer, não tinha culpa pelo que tinha acontecido. Ele estava com ciúmes? Não entendia o porquê daquela reação. Ela esperou mais um tempo antes de ir até a cozinha e quando foi, encontrou Marcelo com as mãos no bolso da calça moletom, encostado na pia e agora fitando Ana Lucia.

– Me desculpa por aquela cena. Não sei o que deu em mim.

– Ah, tudo bem... Tais melhor?

– Acho que sim. Vamos comer?

– Vamos sim. Já deixei tudo preparado lá na sala, só falta escolher o filme. – Ana disse voltando para a sala, todavia é puxada levemente por Marcelo para um abraço. –

– Eu disse que sou insuportável de ciúmes, não disse? – Ela sorriu, feliz por ouvir aquilo. Não sabia direito reagir com essas coisas, mas era gostoso para ela pensar que ele se importava. –

A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora