Capítulo XXXV

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Era por volta das cinco da tarde do dia seguinte, Ana estava num parque tomando um café, ainda não havia dormido e não tinha assimilado a noite anterior. Na sua cabeça só pensava em Marcelo. Como ficaria Mariana? Tinha prometido não ir embora e no mesmo dia fez isso. E a outra pessoa que ele falava? Quem seria? Ela não suportava nem a ideia de imaginar seu amado com outra pessoa, partia o coração dela. Como eles fariam no trabalho? A ideia de ir embora naquele momento e levar apenas Jax e seu baralho estavam cada vez mais propicias. Ana Lucia estava em negação ainda, as lágrimas saíam involuntariamente e sentada no banco da praça, estava alheia ao mundo que passava em sua frente. Não é que tinha imagino a vida inteira com Marcelo, optou por não fazer planos e curtir o momento, mas aquilo... Não parecia certo, mas uma coisa que a feiticeira percebeu em todos aqueles anos de magia era que infelizmente, a magia não muda o amor de alguém. Se ele não a amava, o que ela poderia fazer? Não ia desperdiçar o resto da sua integridade correndo atrás de quem não a queria. Não ia fazer isso novamente.

– Filha? – George sentou-se ao lado da feiticeira. –

– Como soube que eu estava aqui? – Ela olhou com pesar ao pai. –

– Eu senti no meu peito que você precisava de mim.

– Quem eu preciso não é mais recíproco.

– Vocês terminaram?

– Ele terminou comigo. Não me ama mais. Ou nunca me amou.

– Isso é difícil de acreditar, esse homem move montanhas pra ver um sorriso teu. Não foi apenas uma discussão, querida?

– Não pai... Ele tem outra. Ele ama outra. Eu fui segunda opção.

– Oh querida... – George a abraçou, incrédulo. –

– A gente não pode mandar no coração pai, eu quero esquecer ele.

– Achas que não vale a pena tentar mais uma vez?

– Ele deixou claro pai. Não sou eu o problema. Ele gosta de outra pessoa, pelo menos teve a hombridade de terminar comigo. – Ela suspirou. – O que eu achei que fosse acontecer? Entrei na vida de um estranho e tomei espaço em lugares que não devia. Agora ele me expulsou da vida dele e estou sem casa pra ir.

– Sempre terás a mim.

– Obrigada pai. Amo o senhor.

– Te quiero tambien mi amor, quieres volver?

– No lo se, sinto que se huir ahora estaré siendo una cobarde.

– Haga lo que tu corazon dice. Estaré ahi cuando necesitarme.

– Vale papa.

– Te espero mi hija, cuidate.

Em instante George sumiu do parque sem deixar vestígios. Ah, a feitiçaria podia ser ótima às vezes! Seu pai sabia quanto ela sofria e resolveu ir atrás de sua mãe, Samantha. Havia encontrado ela no Egito há algumas semanas em protestos políticos e não a incomodou, mas achou que já era hora dela ir ao encontro de sua filha, ela estava precisando de uma mãe.

Ana passou mais algumas lá, até escurecer e ela perceber que estava sozinha no parque, com apenas um casal namorando e isso a deixava mais triste ainda. Podia jurar naquele momento que dor de amor era a pior a ser sentida. Tratou-se de levantar e foi para casa, tinha que dar comida para Jax. Chegando à sua casa viu do outro lado da rua Mariana e quando a viu, saiu correndo aos braços da feiticeira.

– Tia, tia, onde a tia tava? – Ana a pegou no colo e a abraçou. –

– Oi dengo... Eu tinha ido passear... – Ana suspirou contendo o choro, podia sentir o olhar pesado de Marcelo fita-la de longe. – Como você está?

– To bem, com saudade. Vamos jantar lá em casa? Papai fez macarronada.

– Hoje não dá meu amor, a tia tá enjoada da macarronada do seu pai. – Mariana a olhou desconfiada. Podia ver os olhos marejados da feiticeira. –

– O que houve titia? Brigou com o papai?

– É complicado meu amor. Acho que você deveria perguntar ao seu pai, ele te falará melhor do que eu. – Ana derrubou algumas lágrimas que Mari tratou de limpar. –

– Não fica assim não, papai ama você. Só é meio Shrek.

– Ele é não é mesmo?! – Ana riu em meio às lágrimas. – Vai ficar tudo bem.

– Só não desiste dele, é meio bocó, mas ele é assim mesmo.

– E se ele desistiu de mim?

– Aí ele tá enfeitiçado. Ele é louco por você.

Quem dera que ele estivesse enfeitiçado. Mariana voltou pra casa quando o pai chamou, Marcelo deu um tchau de longe e Ana apenas sorriu sem jeito. Entrou em casa e tratou de usar sua mágica no quintal até esgotar suas forças e mais uma vez, ela desmaiou na grama e ali permaneceu até o dia seguinte. Na quinta feira foi trabalhar, mas dessa vez foi de bicicleta. Seu rosto não era um dos melhores, mas tratou de dizer que pegou uma virose feia e ainda não tinha se recuperado. Jaque já soubera da história por Marcelo e não perguntou nada a amiga, sabia que aquele era um momento que ela precisava assimilar ainda.

Era realmente inexplicável a amargura que surgia no peito da feiticeira e isso não era bom. Sua magia estava alterada com uma negatividade ao qual ela não sabia como lidar. Optou por deixar de praticar sua magia por um tempo até resolver esse problema.

Os dias subsequentes se passaram arrastando, todavia ela sabia que não podia parar sua vida por Marcelo. Por mais que a dor seja freqüente, Ana não estava sozinha, tinha Lucas e Jaqueline do seu lado a apoiando apesar de tudo. Mari ainda não tinha se acostumado com o rompimento dos dois e odiou o fato do pai estar com outra mulher.

Enquanto a Marcelo, o pobre não sabia o que estava acontecendo com ele. Parte dele queria incansavelmente ir atrás de Ana Lucia e a encher de beijos. A outra parte o impedia e sua língua travava toda vez que se referia a ela com o objetivo de conversarem sobre isso. Sua aflição era grande, estava dividido entre seu amor por Lucia e uma energia estranha que fazia com que ele se afastasse cada vez mais dela.

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