Capítulo XLI

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– Você já vai? – Pergunta Paloma sonolenta enquanto via Marcelo colocar rapidamente suas roupas, era por volta das seis da manha duma quinta e aquele já era o terceiro encontro deles. – Fica pro café da manha pelo menos, daí vamos juntos para o trabalho.

– Acho melhor não Pa... É muito recente meu término com a Ana.

– Mesmo assim, o novo namorado dela já foi buscá-la no trabalho. O que é que tem nós indo juntos no seu carro? – Ela tinha se levantado e o enchido de beijos. – Por favor.

– Eles não namoram. São apenas amigos. – Isso eu espero, pensou. –

– Tais dando desculpas pra não me levar, Marcelo?

– Não Pa, entenda que é nosso local de trabalho, muita exposição sabe?

– Tudo bem... Mas você terá que me recompensar por isso! – Ela disse com aquele olhar que ela tinha que deixava Marcelo louco. –

– Você que manda, Pa.

Ele apressou-se em pegar suas coisas e foi até sua casa, tinha deixado material lá e precisava buscá-lo. Chegando à quadra da sua casa, viu Miguel e Ana rindo enquanto comiam um algodão doce azul. Onde será que eles tinham conseguido algodão doce as sete da matina? Aliás, por que eles estavam na rua esse horário? Várias perguntas passavam na cabeça do professor e ao vê-los, uma espécie de desapontamento e ciúmes bateu no seu peito. Ana assim que o viu, tirou o sorriso radiante do seu rosto e trocou por um olhar amuado. Miguel percebeu isso.

– Ora, não deixe ele te abalar. – Miguel sussurrou no ouvido da feiticeira, fazendo ela se arrepiar. – Vamos mostrar que você não é pouca coisa.

Num momento de insanidade de Miguel, ele não pensou nem duas vezes em pegar a garota pela cintura e puxar abruptamente para si. E no segundo seguinte seus lábios tocaram no de Ana que ainda com os olhos abertos, não resistiu ao encanto de Miguel sobre ela. Um beijo cheio de nostalgia e com gostinho doce. Nem sequer lembraram que Marcelo via aquela cena quando se entregaram ao beijo. Ele que via a cena em choque, acelerou o carro e foi para sua casa, não aguentava mais um minuto vendo aquilo.

– O que foi isso? – Ana abriu os olhos lentamente e se afastou de Miguel. O algodão doce tinha caído no chão e Miguel a olhava sem entender. –

– Foi um beijo.

– Isso pode ter magoado os sentimentos dele.

– Ah Ana, deixa disso! – Miguel bufou. – O cara te deu um fora.

– E daí? – Ana estava com os olhos marejados. – Tenho que ir Miguel, nos falamos depois.

– Ana... – Miguel falou baixinho e foi interrompido. –

– Não se atreva a me seguir dessa vez! Depois nos falamos.

Ana se afastou e agora caminhava rapidamente em direção a rua da sua casa. Miguel que fitava a feiticeira de longe, suspirou.

– Eu sei que você gostou. É só questão de tempo a partir de agora.

Ana enxugou as lágrimas que caíram e agora se sentia dividida, turbilhões de pensamentos martelavam sua cabeça e ela tinha somente um propósito: ir atrás de Marcelo.

– Marcelo, espera! – Ela o alcançou enquanto ele estacionava seu carro na garagem. Ele estava claramente furioso e ao ouvir a voz da bruxa, fitou-a com raiva. –

– O que você quer Ana Lucia? Esfregar na minha cara que tá com outro? Não há necessidade.

– Foi você que terminou comigo, porra! Não me venha com essa que na mesma semana você estava trazendo aquela mulher pra dentro da tua casa na frente da tua filha!

– É, eu não tenho moral. – Ele deu de ombros e revirou os olhos. –

– Vir aqui falar com você foi um erro. Ter namorado você foi um erro.

Ana deu as costas para ele e saiu andando para sua casa, todavia foi barrada por uma mão apertando seu braço e a prensando contra o carro. Assustou-se e enquanto olhava espantada por aquela atitude de Marcelo, ele a olhava irritado.

– Ana, não fala isso. – Ele a soltou, mas continuou a prensando contra o carro. – Namorar você foi à melhor coisa que me aconteceu. – Os olhos dela começaram a lacrimejar e a ideia de chorar na frente dele parecia horrível naquele momento. –

– Para, Marcelo! Não fala mentiras. Já está sendo muito difícil esquecer você.

– Então não esqueça.

– Como você pode? – Ela agora batia no peito do rapaz, inconformada. – Você vem, mexe com meus sentimentos, me faz te amar e me abandona. E agora vem falando isso! O que você acha que eu sou? Manipulável?

– Ana... – Ele suspirou e fitou os olhos molhados da menina, que era tão mais baixa que ele. Limpou as lágrimas que hesitarão em cair e voltou-se para a feiticeira. – Eu não sei explicar...

– Qual é a sua?

– Eu te quero... Mas... – Ele não conseguia terminar. –

– Não me venha com seus entretanto, todavia, porém. Me deixa ir. Está me machucando. – A feiticeira disse, sem fitá-lo. – Por favor.

– Tudo bem. – Ele disse por fim, soltando-a. – Me desculpa se me excedi.

– Não desculpo.

Ela saiu às pressas e foi para sua casa, sem olhar para trás. Não entendia o que se passava na cabeça dele e nem procurava entender. Tomou rapidamente um banho e foi para o colégio antes que se atrasasse ainda mais.

Será que era tão difícil assim esquecer uma pessoa de sua vida?

Não era qualquer pessoa.

Era Ana sentindo falta de Marcelo e Marcelo sentindo falta de Ana.

A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora