Uma semana e alguns dias depois. Era uma sexta feira e Ana se arrumava com Jaque na casa da feiticeira para ir pra balada, Lucas as encontraria lá mais tarde. As duas conversavam e riam, a dor no peito dela continuava persistente, mas agora era amenizada. A companhia da amiga facilitava muitas coisas.
Do outro lado da rua, Marcelo estava tomando uma cerveja com Bruna no quintal vendo as estrelas. Eles se davam muito bem e isso ajudou os planos de Miguel. Marcelo de longe, viu as duas saírem e viu o quanto Ana estava linda, apesar de ter o semblante um tanto triste. Quando Ana os viu, ficou perplexa, imaginou inúmeras mulheres ao lado dele, mas não Bruna. Bruna, aquele que ele beijara na frente do instituto. Não podia ser.
– Que vagabunda. – Jaque disse sorrindo enquanto acenava para o outro lado da rua. – Consigo ver aquelas rugas na testa dela daqui.
– Ela é linda. Deixe disso. – Ana suspirou. – Só não imaginava que pudesse ser trocada por ela. Ele jurou que eu era mais importante e era a mim que ele queria.
– Homem pensa com a cabeça de baixo. – Jaqueline deu de ombros. – Eu já desisti deles. – Ela agora entrará no carro com Ana, observando Marcelo olhar para Lucia. – Você tem que dar. É isso que você tem que fazer e pra alguém bem gostoso.
– Não acho que transar seja minha solução.
Elas partiram para a balada, Ana nem teve coragem de olhar para eles, optou por olhar pra frente e estava decidida a não olhar pra trás, nunca mais.
– Como vocês demoraram! – Lucas disse recebendo as duas num abraço triplo. Ele obviamente já estava alterado com a bebida. Ana sorriu ao ver o casal se beijar apaixonadamente. Estavam na fila da balada e terminando uma vodka que ele comprará. Junto na roda havia mais dois amigos dele, um havia gostado de Ana, contudo a feiticeira nem notará. –
– Já viesse nessa balada? – Josué perguntou para Ana, que estava indiferente em relação a ele naquele momento. Ela sorriu sem jeito e o fitou. –
– Não, costumo ir a botecos... E você?
– Algumas vezes. – Ele sorriu. Era um rapaz bonito, Ana não podia negar. –
– Huum, vamos entrar?
– Claro. Vou fumar um cigarro e já entro.
– Beleza. Até mais. – Ela riu. –
A balada estava extremamente bonita, era especial festa mexicana e Ana se sentia em casa. Bebeu inclusive mais tequila que devia e em algum momento da festa, beijou Jaqueline e Lucas juntos. Nunca havia beijado triplo e tinha adorado, eles também. Estava tocando a musica da Miley Cyrus – Adore You e eles estavam mais soltos do que nunca. Lucas passava a mão na bunda de Ana e Jaqueline também, a feiticeira nunca se sentiu tão amada por aquele casal. Enquanto Jaqueline beijava seu pescoço e espalhava algumas mordidas no lóbulo da sua orelha, Lucas beijava Ana com veracidade. Era um momento íntimo deles e para Ana, essa experiência não podia ser melhor do que com eles naquele momento.
Umas duas horas mais tarde Ana estava no banheiro molhando o pescoço e o rosto, tinha exagerado na tequila e estava levemente enjoada. Havia perdido Lucas e Jaqueline de vista e foi pra fora da balada tomar um ar. Ela realmente tinha esquecido que não era mais a Ana Lucia tequileira mexicana: agora era a Ana que bebia cerveja e não tomava mais destilado.
– Tudo bem? – Um dos seguranças da balada perguntou pra ela. –
– Mais ou menos. Será que tem como o senhor chamar um táxi pra mim?
– Claro... Mas não quer esperar lá dentro? É perigoso aqui fora.
– De boa. Preciso de um ar.
– Ok, mas fique de olho. Está rolando muito assalto por aqui.
– Pode deixar seu moço. – Ana soltou um soluço sem querer e riu, constrangida. – Me desculpe. – Ela soluçou novamente e riu ainda mais. –
– Ih, o que é um soluço pra vomito né? Só te cuida. Já vou ligar.
– Agradecida, bom homem! – Ela disse sorrindo enquanto ele se afastava. –
Era notório que tinha bebido demais e na sua bolsa estava seu celular, tentou mandar mensagem para Jaqueline e escreveu: estou indo pra casa. se cuida. beijo. adoro você. adoro Lucas também. amo vcsssss sZsZsZ meus lindos. Não queria deixar a amiga preocupada, bem, qualquer coisa ela ligava. Naquele momento só pensava em tomar um banho, se conseguisse claro, e ir pra cama. Estava exausta e o enjôo novamente veio. Ana estava cansada de esperar o taxista e seguiu andando ao ponto de taxi que tinha visto quando chegou horas antes. Mas aonde era? Continuou andando até que esbarrou num homem alto e extremamente bonito, e reconhecível também.
– Miguel?! Você só pode estar brincando! – Ela riu. –
– Oi pra você também Ana, quanto tempo! – Ele sorriu e a abraçou, o cheiro de álcool predominava Ana e sentiu-se um pouco culpado. – Tá indo pra onde?
– Depende, pra onde você quer me levar?
– Isso é um convite? – Ele arqueou as sobrancelhas. –
– Uhum, te convido a me levar em casa e segurar meu cabelo enquanto eu vomito. Se eu não fizer isso antes... – Ela soluçou novamente, o fazendo rir. –
– Onde você mora?
– Como se você não soubesse.
– Ok, ok, espertinha... – Ele a pegou no colo. – Vamos.
– Eu não preciso de alguém pra me pegar no colo. Ainda consigo andar.
– Se você não percebeu... Estás sem um sapato. Pode cortar o pé.
– Droga! – Ela suspirou e sentiu o perfume cheiroso de Miguel. – Segunda vez que faço isso.
– Você não mudou nada.
– Callate y llevame a mi casa.
– Não sabia que ainda falavas espanhol.
– Eu não sei nem porque estamos falando português.
– Eu preciso praticar.
– Eu não. Hablamos espanol por favor! – Ela aumentou o tom de voz e sorriu. –
– No quiero. Dejame.
– Hijo puta.
– Mi madre te hecha de menos.
A mãe dele sentia falta dela? Essa é boa. Ao chegarem no carro de Miguel, Ana pode perceber o quão bonito o rapaz estava, tinha a barba por fazer e seu sorriso ainda estava igual há de cinco anos atrás. Suspirou e ficou olhando pela janela até chegarem em casa.
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A Feiticeira
Roman d'amourAna Lucia Franco é uma feiticeira de 22 anos que vive mudando de lugar cada vez que espalha sua magia demasiadamente. Aventureira por si só, fala mais de 15 idiomas e sabe mais sobre cultura do que si mesma. Aos quatorze anos, como é de costume na b...