Capítulo XXIV

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– Paloma? – Marcelo disse surpreso ao ver sua colega de trabalho sentando-se ao seu lado numa das mesas da sala dos professores. – Tudo bem? 

– Tudo sim Celo, é que você parou de responder minhas mensagens. Nosso cafezinho ainda está de pé? – Ela abriu um sorriso enorme para Marcelo, que tinha esquecido quão bonita a professora substituta era. –

– Na verdade vou ter que cancelar sem tempo pra retorno, Pa.

– Poxa, sério? Estávamos nos dando tão bem. Acho que não foi recíproco. – Ela suspirou e chegou um pouquinho mais perto de Marcelo, que ficou sem reação. –

– Por favor, respeita o homem das outras, Paloma. – Nessa hora chegou Jaque com sua xícara de café bem quente, louca pra esbarrar o café "acidentalmente" na professora.

– Ninguém me falou que ele tava namorando. – Ela olhou pra ele. – Isso é verdade?

– É complicado... – Lembrou que ainda não havia estabelecido nenhum nome para essa relação que eles tinham. – Mas estou saindo com uma pessoa só, desculpa Pa.

– Quando você quiser... É só me chamar. – Ela saiu dando uma piscadinha para Marcelo. Jaque sentou-se ao seu lado e olhou a garota indo embora. –

– Vagabunda. – Ela disse revirando os olhos. –

– Credo Jaque! O que a menina te fez?

– Nada, apenas estou defendendo minha amiga que não está aqui pra ver essa barbaridade.

– Como você sabe?

– Tu achas mesmo que eu sou tonta, né? Não se esqueça que eu sou mais velha e mais sapiente que você. Tá pra nascer homem que vá me enganar.

– Você me assusta às vezes.

– Ainda acho que ela é demais pra você.

– Que maldade para com minha pessoa.

– Te acho muito saidinho para sair com Ana.

– Eu sou pai de família! Oxe. – Ele falou um tanto revoltado. – Tenho eu cara de que vou fazer merda com Ana? Que caralho.

– Já começou errado quando ficou com a fulana na frente do instituto.

– Foi um mal entendido isso.

– Aham, como você explica sua língua se mal entendendo com a língua dela?

– Vai te foder, Jaque.

Jaque adorava pegar no pé do seu colega de trabalho, ainda mais agora que ele estava saindo com sua amiga e também colega de trabalho. Só ela sabia o ruim que era se envolver com colegas de trabalho, Lucas é a prova disso. O resto do dia passou tranquilamente, alguns problemas com alunos e com a mãe de um deles, mas tudo já fora resolvido. No fim do dia, Marcelo olhou de longe Ana ir para fora do instituto e sorriu, lembrando da noite que tivera com ela. Acabou dando a última aula livre para os alunos, com o pretexto que era sexta feira. A verdade é que ele não parava pensar na feiticeira e minuciosamente em seu corpo. Enquanto olhava distraidamente os estudantes conversarem sobre qualquer coisa, lembrava-se de Ana falando que nunca tinha transado com homem algum. Como ele faria isso? Nunca tinha ficado com alguém que não tivesse ficado com outra pessoa, nem Marisa já não era mais virgem quando eles se conheceram. Tinha medo de machucar Ana, de ela não gostar, de traumatizar ela na sua primeira vez. Várias coisas se passaram na cabeça dele, mas principalmente: quando isso ia acontecer? Não é que estivesse desesperado, todavia fazia um tempo que ele não ficava com mulher alguma, de fato, desde que Ana se aproximou de vez na vida dele. Não estava reclamando, por mais que seus pensamentos estivessem cheios de turbulência, a única certeza que ele tinha nas últimas semanas era: Mariana, seu trabalho e Ana Lucia Franco.

A FeiticeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora