Era intervalo e Ana estava com a maior cara de choro, dizia a todos que era uma alergia que a pegou de jeito e pelo visto, acreditaram. Tomava um café quando viu Lucas e Jaqueline se aproximando da feiticeira com um meio sorriso.
– Que carinha é essa, Aninha? – Jaque perguntou enquanto se sentava ao lado dela e Lucas na sua frente. Ambos com os olhares preocupados para Ana. –
– Ah... Só um dia meio ruim. Logo passa.
– É em relação ao Marcelo? – Lucas perguntou enquanto eles olhavam para Marcelo e Paloma conversando no canto da sala dos professores. –
– Quando que não é? – Ana suspirou. – Ele me falou umas coisas hoje e não sei o que pensar. Uma hora ele me dispensa e outra fala que ter namorado comigo foi à melhor coisa. Eu sinceramente não entendo.
– Homens... – Jaqueline disse suspirando e foi repreendida com um olhar de Lucas. – É verdade! Vocês podem ser muito difíceis quando querem.
– O que eu faço gente? – Ana disse escondendo seu rosto em suas mãos. – E tem mais uma coisa... O Miguel me beijou hoje, na frente do Marcelo.
– Eita! Triangulo amoroso. – Lucas disse sem pensar. – Desculpa.
– Ah, é gostoso ser disputada por dois caras. – Jaque sorriu e novamente foi repreendida por outro olhar de Lucas. – Quer dizer, você gosta do Miguel?
– O amei por muito tempo e a companhia dele tem sido maravilhosa, mas eu ainda amo e muito o Marcelo, não quero magoá-lo.
– Barbaridade! – Lucas suspirou. – E agora?
– Não sei...
– Quer saber Ana? – Jaqueline pegou nas mãos gélidas da feiticeira. – Dá pro Miguel.
– Que? – Ana disse enquanto ria da fala da amiga. –
– Assim você pode esperar sentada pelo Marcelo... Sentada em outro.
– Você não presta, Jaque! – Ana riu. –
– Tu achas mesmo que eu fiquei esperando o Lucas voltar pra mim? Que nada guria, dei bastante e curti muito antes disso. Você deveria fazer o mesmo.
– E agora estamos bem felizes juntos. – Lucas sorriu. – É bom ter outras experiências.
– Como você sabe? – Ana perguntou envergonhada e olhou para a Jaque totalmente corada. – Eu disse que era segredo!
– Ah, qual é. – Lucas riu. – É romântico ter se guardado pelo amor da sua vida.
– Eu vou te matar Jaqueline! – Ana agora estava igual a um tomate de tão vermelha. –
– Desculpa Ana... – Ela disse sem jeito. – Casais não guardam segredos.
– E aliás, estávamos pensando. – Lucas disse, silabicamente. – Se você quiser experimentar com um casal gente fina aqui... – Ele deu melhor sorriso e Jaqueline também. –
– É sério isso? – Ana sorriu. –
– Claro. – Jaqueline assentiu. –
– Bem... Vou pensar! Vocês são incríveis, gente!
O resto do dia passou-se muito devagar, Ana não parava de pensar no beijo de Miguel, em Marcelo falando aquelas coisas pela manha e agora no convite dos seus amigos.
– Quer ajuda com isso? – Um rapaz disse ao ver a feiticeira se desdobrar em carregar umas sacolas de compra muito pesadas. Tinha ido ao mercado. –
– Fico agradecida, mas moro a uns quinze minutos daqui. Eu aguento.
– Eu te ajudo, não é problema. É uma judiaria mulher bonita ficar carregando peso por aí.
Uau. Foi tudo que Ana conseguiu pensar ao ouvir tremendo elogio.
– Então, você mora por aqui? – Ana perguntou ao rapaz que andava ao seu lado com algumas de suas sacolas. – Nunca te vi pela vizinhança.
– Eu na verdade, vim a pedido da sua mãe.
– Que? – Ela parou no meio do caminho e o fitou espantada. –
– Sua mãe está preocupada com você, Ana.
– Quem é você? Onde está minha mãe?
– Ela está ocupada e pediu pra eu vir no lugar dela. Chamo-me Israel.
– Eu sei me cuidar. – Ana pegou as sacolas e saiu pisando forte. –
– Ei! – Ele veio atrás dela, era fácil acompanhar os passos da feiticeira. – Não querendo ser rude... Mas se você soubesse se cuidar não aceitaria ajuda dum estranho.
– Ora seu- – Ele a interrompeu. –
– Israel.
– Eu não acredito nisso! – Ana disse enquanto continuava a andar. –
– Você não parece bem. – Ele deu um sorriso debochado. –
– E quem és tu pra falar se pareço ou não pareço bem? Não é da sua conta.
– Eu sou teu protetor por um tempo.
– Como assim?
– A pedido da sua mãe. Ela falou que sente que você está deixando seu coração ser roubado por dois homens. – Ana corou e fitou o rapaz com raiva. –
– Como ela pode achar alguma coisa se não está nem aqui?
– Mãe é mãe. – Ele deu de ombros. – Enfim, vou ficar um tempo com você.
– Não, você não vai. Se afaste. – Ana derrubou suas compras no chão e olhou para Israel com raiva. Estava prestes a usar sua magia para hipnotizá-lo. –
– Você acha mesmo que Samantha mandaria um mero humano pra te cuidar? – Ele deu risada. – Vou ficar com você, quer queira ou não.
– Isso é o que veremos.
– Pois sim.
Ana não estava com paciência para aquele homem petulante que agora andava ao seu lado. O que mais poderia acontecer de ruim? Ela não era uma criança e a falta de empatia da mãe a deixava extremamente irritada e principalmente magoada. Sua fúria momentânea a fez ter vários planos. Se sua mãe queria saber como ela estava depois de quase um ano, bem, ela mostraria.
– Chegamos. Agora pode ir embora. – Ana disse parando na frente da sua casa e pegando o moinho de chaves. – Não está pensando que vai dormir aqui, né?
– Eu tinha certeza. – Ele sorriu. – Eu estou aqui pra ser seu guarda costas, diria que quase um tutor. – Ele agora ria. – Você não tem opção.
– Não vou deixar um homem desconhecido dormir no mesmo ambiente que eu.
– É né, você simplesmente vai dormir na casa dele. – O rapaz deu de ombros. –
– Babaca.
– Sou seu anjo da guarda, meu bem.
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A Feiticeira
RomanceAna Lucia Franco é uma feiticeira de 22 anos que vive mudando de lugar cada vez que espalha sua magia demasiadamente. Aventureira por si só, fala mais de 15 idiomas e sabe mais sobre cultura do que si mesma. Aos quatorze anos, como é de costume na b...