Verdades Ocultas - Part II

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Minha casa tinha ao todo 4 seguranças e eles se espalhavam em pontos estratégicos para caso alguém invadisse. Eles não precisavam se preocupar comigo ou o meu pai, pois ele tinha Pavel e eu o Dave. A obrigação deles era garantir que ninguém sem autorização entrasse, mas não era a obrigação deles impedir de sair. Seria fácil, claro que seria, eu tinha pontos estratégicos de fuga, que nunca utilizei.

Depois de ouvir Dave bater na porta até cansar, e meu pai dizer que eu precisava de alguns minutos sozinha, eu pulei a janela e caí no chão tendo a certeza que torçi de leve meu pé. Claro que a queda não me mataria, mas poderia me deixar quebrada.

Eu passei do lado de uma planta alta, e naquele momento eu agradeci por morar em uma casa gigantesca com um quintal maior ainda pois não tinha nenhum segurança perto.

Observe ao redor, Rose. Não deixe o seu oponente perceber que você está exatamente onde você está.

As palavras da minha mãe durante o treino que nós tínhamos estava ecoando na minha cabeça. Ela e David eram faixa preta em jujitsu e não sei mais quantas artes marciais que existem por aí, e sim, eles me botavam para treinar em uma academia que tinha aqui perto. Bem, pelo menos algum desses ensinamento estavam servindo agora.

Olhando em volta e tomando cuidado para ninguém me ver, eu fui me arrastando pelas paredes até o caminho mais escuro do quintal, ou não tão escuro, minha visão era incrivelmente boa comparada a dos meus amigos. Eu fui por trás de algumas plantas que eu pedi pro jardineiro colocar ali justamente para esse propósito, e sai correndo em direção à um portão velho que tinha no fundo da casa, já que seria impossível eu pular o muro pois essa merda parecia mais uma fortaleza. Depois de abrir o enorme cadeado, o ferrolho parecia um pouco enterrado, e com alguns chutes, que eu tive a certeza que atraiu a atenção de alguns seguranças, eu consegui abrí-lo e sai correndo por uma rua pouco movimentada. Eu apenas andei alguns quarteirões e saí em uma rua principal.

"Posso passar a noite aí? Tive uma briga horrível com a minha mãe e o velhote não está em casa. :( "

Eu mandei uma mensagem para Ashton pedindo refúgio. Lógico que eu não iria fugir, tudo bem, eu tinha acabado de fazer isso, mas eu não ia fugir de verdade. Eu só estava assustada, confusa e me sentindo traída, e no fundo achando que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto, sei bem que ninguém ali gostava de brincadeiras.

"Sem problemas, anjo. Pode vir. :) "

Ashton respondeu quando eu estava pegando um táxi. Minhas brigas com a minha mãe nunca foram tão sérias a ponto de eu sair de casa, e também Dave nunca deixou quando eu quis fazer isso, então essa foi a desculpa mais convincente que eu achei, pois Ashton sabia das brigas com a minha mãe e com certeza levaria super a sério, principalmente agora que eu não tinha Dave para me consolar porque eu também estava irritada com ele. Como eles puderam fazer isso comigo? Esconder a verdade de mim mesmo que, sei lá, eu seja um ser repugnante das trevas. Eu sou? Eu grunhi com esse pensamento e afundei minha cabeça no banco do passageiro. 

Vinte minutos depois, eu cheguei na casa do meu amigo e paguei o motorista, que me olhava preocupado já que eu estava deixando umas lágrimas escaparem. Dei poucos passos e entrei no prédio onde Ashton morava, avisei pro porteiro que eu estava aqui e ele me mandou subir. Eu entrei no elevador e me encarei no espelho.

Rose, nenhum de nós nesta sala é humano. Nem você.

Olhando agora no espelho do elevador eu parecia bem humana, mas olhando mais a fundo, realmente eu não parecia uma pessoa normal. Eu nunca adoeci. Repito: nunca! E meus sentidos eram melhores que dos meus amigos. Ainda me lembro de Cassie me perguntar como eu conseguia enxergar tão bem no escuro, ou de como eu conseguia ouvir a voz do Sr Corner, nosso professor de álgebra, quando ele ainda estava na metade do corredor, eu também era capaz de sentir o cheiro de cigarro da Sra Foster que ela tentava disfarçar com um perfume channel forte até demais para mim, e isso explica também o porquê de quando eu perguntava pra Cassie se ela achava forte o perfume da nossa professora ela dizia que não e que nunca identificou nenhum cheiro de cigarro nela. Todos os meus sentidos eram superiores. Diabos! Tava na minha cara o tempo todo e eu tola nunca percebi.

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