Segurei o máximo que pude. Ainda tentei respirar fundo. Mas não deu. O único jeito é sair desse banheiro apertado e depressivo. Puxei o ferrolho.
É agora. O que estiver lá fora vai ter que me encarar. Preparo as moletas e me ergo. Estou firme. Já posso andar. Olho novamente pela fechadura para conferir. Parece que o quarto está bem vazio. Essa é a hora!
Mexo o trinco vagarosamente. Minhas juntas doem. Estou nervosa. Quem está do lado de fora? Pra descobrir eu tenho que sair. Que se danem as dores. As queimaduras. E tudo mais.
Coloco uma parte do rosto para o lado de fora do banheiro. Só existe o silêncio dentro do meu quarto. O sujeito já saíu. Queria me matar, mas não me achou. O resto do meu corpo já anda em direção a cama. Já é madrugada. Percebo isso quando olho pro relógio e vejo que já são: 00h:24.
Penso em ir até a minha cama. Preciso descansar. Mas alguém invadiu o meu quarto. Alguém quer me matar. Eu não posso ficar parada aqui e descansar nessa cama de hospital. Preciso agir. Preciso sair daqui. Tenho que fugir desse lugar.
Procuro a única janela do quarto. Mas não tenho tantas surpresas ao saber que está coberta por grades. Fora ela só me restam duas saídas: a entrada de ar e a própria porta. Estou muito machucada, não posso ir pela entrada de ar. Então só me resta a porta.
As moletas sustentam o meu corpo pálido. Ando bem devagar para evitar quedas. A porta está logo a minha frente, me aproximo da mesma. Ponho a cabeça pra fora do quarto. O vasto corredor está vazio, mas muito bem iluminado. Ninguém circula por lá. Nem médicos. Nem enfermeiros. E muito menos pacientes.
Dou dois passos para a frente. Fecho a porta do meu quarto. Seguro firme nos dois pedaços de ferro que me deixam de pé, e prossigo. De passo em passo vou me aproximando da saída do hospital. Eu preciso me salvar. Preciso sair daqui.
Passo por muitos quartos. Ouço vários gritos. Mais nada me para. Nada vai me impedir facilmente. Nada. O corredor é enorme. Mal consigo enxergar o seu fundo. Outro grito perfura os meus tímpanos.
Não vou parar por um simples grito. Já parei muitas vezes pra salvar amigos, mas sempre me dei mal. Fui decepcionada. Destruída. Estou firme, vou continuar assim. Não vou parar. NÃO VOU PARAR!!!
Em pouco tempo chego na recepção. Tentei me esconder das pessoas que lá estavam. Mas uma mulher me viu. Que porra! Tenho que fazer alguma coisa. Vamos, desface. Você consegue.
----Oi, mocinha. Posso saber pra onde está indo? ----a mulher chamou. Parecia bem jovem. Talvez fosse uma estagiária.
----Oi! Eu sou do quarto 205, estou procurando algum médico. Sinto dores ----menti para a garota.
----Os médicos do plantão estão em uma cirurgia muito delicada agora ----a mulher toca no meu ombro.
----Tudo bem! Vou voltar para o quarto ----sorrio para ela e dou meia volta.
A jovem pareceu preocupada. Era muito bonita. Um pouco mais nova que eu. Também pude perceber o seu nome no crachá: Era Alexia. Um bom nome. Combina com a idade dela.
Começo a andar. Um outro recepcionista corre até mim. O que ele vai querer? Que droga! Me deixa em paz. Mas ele não me deixa. Continua a correr na minha direção. Finjo que não o vejo.
----Ei, Jovem!---ele pega no meu ombro.
----Oi ----já olho para o seu crachá.
----Você é a Sarah? ----ele me olha fixamente.
----Sim, sou eu ----foco no seu nome outra vez. Ele se chama Adam.
----Você recebeu uma doação de sangue. Não foi? ----Adam continua a interrogar.
----Sim. Recebi ----agora analiso o seu rosto.
----Olha. A pessoa que doou o sangue pra você ainda está aqui. Eu posso te levar até o quarto dela---- ele é bem delicado comigo ----Você quer ir?
----Pode ser!----respondo-o, sendo sincera.
----Que bom! Pode me acompanhar, é logo alí.
Ele puxa uma das minhas moletas e se coloca no lugar dela, me ajudando na locomoção. Me agarro no seu pescoço. Sinto o cheiro do seu perfume. Ele é gentil. Gosto de pessoas assim.
Adam me leva devagar até o quarto do doador. Quem será? É incrível como ainda há esperança nesse mundo. Ainda existem pessoas boas nessa vida. Pessoas que doam órgãos. Sangue. Isso é muito interessante. É lindo.
Adam gostou muito de mim. Agora ele se ofereceu para segurar as minhas "ferramentas". O local do doador está a nossa frente. Me preparo.
Chegamos ao quarto. É um pouco mais moderno que o meu. O cheiro é bom. O número do quarto é o 221. Quem deve está lá dentro? Quem deve ter feito isso por mim? Seja lá quem tenha sido, me deu uma vida. Uma oportunidade. E eu vou ser eternamente grata por isso.
----É a hora, Sarah! Ansiosa? ----Adam sorri, olhando nos meus olhos.
----Sim! Demais! ----meu coração acelera. Muito.
----Então vai! Pode abrir a Porta----Adam leva minha mão a fechadura.
Meu corpo congela. Já não consigo explicar a quantidade de ansiedade que circula em mim. A minha mão se move sobre o trinco. A porta abre devagar. E aos poucos vou vendo a cama do meu doador. Me aproximo. E identifico o seu rosto.
----Sarah, essa pessoa te deu a vida. Você conhece? ----Adam sussurra, tentando não fazer barulho.
Respiro fundo.
----Sim. Eu conheço!!!! ---- Eu me aproximo da cama ----Ele é conhecido como Jeff.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Cabana do Bosque (Saga)
TerrorPERIGO. MORTES. ESCOLHAS. [EM REVISÃO] Você é corajoso(a)? Então procure ser, porque a partir do momento que Jeff Will cria as regras, ninguém deixa de cumprir, e daí só resta uma tarefa, se não cumprir, você morre, e o jogo só piora. Você estará...