Os médicos começaram a sair da sala. Eram quatro deles, mas só um ficou comigo. Era um homem alto, forte, com cabelos negros, e pele branca como neve.
Não tive a oportunidade de ver seu nome, que estava escrito no seu crachá, o apetrecho estava ligado ao seu pescoço. O cara estava de costas pra mim, até agora não havia me mostrado nenhuma simpatia. Agora estava concentrado, preparando uma injeção. O que seria?
----Oi, como se sente agora? ----o homem puxou assunto pela primeira vez.
----Estou melhor, depois da doação, as dores deram um alívio ----demonstrei afeição.
----Que bom! Olha, essa injeção é um antibiótico, vai ajudar na reconstituição da sua pele ----ele veio rumo a minha cama.
Nessa aproximação, eu pude perceber o nome "Ryan" escrito no seu crachá. Era um nome bonito.
----Preciso me sentar?----perguntei, me referindo a injeção.
----Seria mais fácil na aplicação ----ele solta um pequeno sorriso.
Ryan demonstrou muita gentileza, amei o seu jeito. Não sei explicar, mas é incrível como em tão pouco tempo, eu consegui ficar tão próxima dele. Me sinto segura. Seu sorriso me trás felicidades, mesmo não estando feliz. É incrível como os opostos se atraem.
A agulha já perfura o meu braço, coloco o meu cabelo de lado para facilitar pra ele. Ryan tenta ser delicado, está paciente, muito atento, pois não quer me machucar. E isso me faz sorrir.
Vejo um líquido mergulhar rapidamente na minha veia, não dói muito, pois Ryan tem cuidado. Ele retira a agulha do meu braço. Em seguida, põe um algodão para pressionar o pouco sangue que passa a sair.
----Obrigado!----agradeço.
----Tudo bem, não agradeça, esse é o meu trabalho.----Ryan retira as luvas hospitalares.
----Acha que vou ficar melhor logo?----desde que cheguei aqui tive essa curiosidade.
----Sim, vai! A composição dessa injeção é muito eficiente ----ele coloca uma máscara no rosto ----Agora descanse, tenho que passar em outros quartos.
Analiso o seu rosto, o cara é bonito.
----Não, por favor! Não me deixe aqui sozinha!----agarro nas suas mãos.
----Vai ficar bem! Seu estado de saúde está ótimo ----Ryan olha dentro dos meus olhos e aperta os meus braços.
----Não. Não é disso que estou falando.
----Tenha calma, você ainda está muito agitada. Me mandaram te dar um calmante. Mas não quero te dopar. Não vou te dopar. Fique calma! ----ele me exige silêncio.
----Não me deixe só! ----falo pela última vez, e ele se retira do quarto.
Agora, encaro as paredes brancas do local. A porta está fechada. Sinto que os corredores do hospital estão vazios. Fico nervosa quando penso no Jeff, e na mulher que me olhou atentamente quando cheguei nesse lugar. E se eles estiverem aqui? E se a mulher estiver do outro lado da porta?
A porta bate.
Quem seria? É impossível que seja o Ryan, ou a Alice, eles acabaram de sair. Ainda penso em responder. Mas, e se for o Jeff? Ou a mulher? Acho que a melhor coisa a se fazer é me esconder. Retiro o cobertor das minhas pernas. Me sento na cama.
A porta bate novamente.
Coloco a ponta dos pés no chão. Sei que não aguentarei ficar de pé. Mas existem duas moletas encostadas na porta do banheiro. Elas seriam muito úteis.
BATE MAIS UMA VEZ.
Apresso os passos, vou me segurando nas coisas para não cair. Os pés enfraquecem ainda mais. Estou gelada. Nervosa. O clima é tenso.
ALGUÉM BATE COM FORÇA.
Vamos, Sarah! Você está quase lá. Precisa pegar as moletas e se esconder no banheiro. Vamos. Vamos.
ALGUÉM PUXA O TRINCO.
Com muito esforço, consigo chegar lá. Me apoio nas moletas um tanto ensanguentadas. Empurro a porta do banheiro. Dou pequenos passos. O local é muito pequeno. Fecho a porta.
A PORTA DO MEU QUARTO É ABERTA!!!
Já estou dentro do banheiro. Sinto que a porta do local foi arrombada. E alguém agora está circulando lá dentro. Ouço os passos. São graves. Fortes. Quem quer que esteja lá dentro agora. Está me procurando. Me caçando. Me perseguindo.
Os passos vão vindo na minha direção. Na direção do banheiro. Eu preparo os dois ferros. Se abrir a porta, eu vou atacar. Estão mais próximos agora. E mais. E mais.
Agora já posso ver uma sombra. Vejo pela fechadura da porta. Meu olho está atento lá. Não consigo ver a pessoa. Mas agora sinto sua respiração ofegante. É muito alta. Intensa.
O trinco mexe devagarinho. Antes que a porta seja aberta, eu a fecho. A única coisa que me protege agora de um desconhecido, é a porta de madeira do banheiro. Está fechada. Trancada. Com um ferrolho. Parece firme.
A porta é forçada. A pessoa do outro lado tenta empurrá-la. A moleta continua preparada. Estou com muito medo. O clima se intensifica. Meu coração acelera.
Continuo mantendo o silêncio. Uma lágrima de angústia escorre dos meus olhos. Limpo-a. Minhas mãos passam a ficar trêmulas. Começam a suar. Estou suada. Muito suada. Minha vista embaça, fica escura.
Para aliviar o desconforto, lavo o meu rosto com a água da torneira. Não faço barulho. O silêncio continua.
Depois de tentativas sem sucesso, o sujeito parece desistir. Não bate mais. Os passos se encaminham para a minha cama. O que está fazendo lá?Fico mais agitada. O banheiro desconfortável e escuro me causa agonia. Logo não consigo respirar. O que vou fazer? Tenho que sair, ou vou morrer aqui dentro. Tenho que sair. Mas e o desconhecido? Ele ainda pode está lá fora. Não consigo respirar. O local é escuro, não acho a outra moleta.
VOU MORRER AQUI!
VOU MORRER AQUI!
VOU MORRER...
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A Cabana do Bosque (Saga)
HorrorPERIGO. MORTES. ESCOLHAS. [EM REVISÃO] Você é corajoso(a)? Então procure ser, porque a partir do momento que Jeff Will cria as regras, ninguém deixa de cumprir, e daí só resta uma tarefa, se não cumprir, você morre, e o jogo só piora. Você estará...