Capítulo 8 - A salvação.

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17:25 (tarde) - Na cabana.

Nós permanecemos amarrados. A corda estava entrelaçada com tanta força em mim que o sangue do meu braço era impedido de circular pelas artérias. Um dos meus dedos passou a coagular.

----Ei----chamo a Jessie, que desperta depois de adormecer por conta das fortes dores que eram causadas pelo arame farpado.

----O que é?---- Jessie suga a baba que caia sobre seu rosto.

----Eu ainda estou com o canivete, consegue pegá-lo no meu bolso?

----Vou tentar.

Jessie se esforçou para chegar um pouco mais perto de mim. Mas não era o suficiente. O arame preso a ela a impedia de esticar a mão mais do que já estava esticando para buscar o canivete.

----Espere----falo.----Vou chegar um pouco mais perto.

----Tá bem.

Eu vou empurrando a cadeira com a minhas próprias costas. Minhas pernas conseguem reajustar os pés da cadeira em um local desejado e que seja adequado para a Jessie alcançar o bolso da minha calça.

----Pegou?----pergunto.

----Estou quase lá----Jessie faz força no rosto e se sacrifica para buscar, saindo um pouco da zona de conforto na qual estávam os seus braços.----Consegui.

----Ótimo, agora corte a minha corda.

Ela em seguida fez um pouco de esforço para se afastar, conseguiu cortar a corda que estava nas minhas mãos depois que rasgou ainda mais a pele dos seus braços com o arame. A forte queimadura que parecia se alastrar por dentro do meu braço teve um alívio. Peguei o canivete da mão de Jessie e soltei com pressa o Fred.

----Vamos sair daqui.

Jessie ainda estava presa. Para que pudéssemos soltá-la, seria necessário de um pouco mais de paciência e, talvez, determinação. Fomos removendo aos poucos o arame que estava no braço ensanguentado de Jessie. Eu tapei a boca dela para que a mesma não gritasse e atraísse o Will.

Ela estava livre dentro de poucos segundos.

----Temos que ir agora----chamei.

Nós fomos em direção a uma porta dos fundos que estava aberta. Jessie tropeçou nas próprias pernas e caiu com a cara no chão. Ela derruba uma lata de cobre no chão que, por fim, produz um eco altíssimo que nos prejudica. Levantamos ela e seguimos correndo rumo a porta.

Já estávamos perto de termos a liberdade. A saída está logo após 6 metros de nós. Mas, mais perto do que nunca, a mesma mulher que nos recebestes na cabana a um tempo atrás aparece novamente bem na minha frente e nos faz parar.

----Vocês não vão sair daqui!----a estranha ordena.----Jeff Will está...

Eu interrompo-a.

Sem deixar ela terminar de falar eu pego o mesmo canivete e pressiono-o contra a barriga da jovem. Ela se contrai de dor, cai aos meus pés, e, aproveitando o momento que não poderia se dispensar, eu coloco a cabeça para o lado de fora e corro o mais rápido que posso naquele momento.

----Corram. Não parem. Dêem o seu máximo----Fred grita para nós.

Ao sairmos da casa e continuarmos a correr. Avisto o lago que eu tinha visto quando havia chegado lá pela primeira vez. Fora a cabana do tio James (que por sinal estava desaparecido) e a outra que teríamos acabado de sair, a nossa única opção de fuga era o lago.

A pequena canoa ainda estava lá. Nós não tivemos outra chance a não ser fugir pelo lago, que daria no outro lado do bosque se nós navegássemos em sentido direto. Desamarramos o bote do pequeno toco que estava cravado na margem e saímos remando com as próprias mãos.

A Cabana do Bosque (Saga)Onde histórias criam vida. Descubra agora