Clarke

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   Por favor, por favor, por favor...

   Pedia silenciosamente antes de ir conferir a lista de aprovados para a University  College London. Clarke havia se esforçado muito para conseguir uma das poucas vagas que disponibilizavam, havia sacrificado as noitadas, as baladas, havia se privado de tudo que uma jovem da sua idade gostaria de usufruir.

   Seu coração estava a mil quando entrou no site para checar o resultado. O curso de teatro foi algo que sempre quisera, mas possuía certo receio, seus pais nunca a apoiaram, queriam que ela os ajudasse a administrar o negócio da família. Por muito tempo fez o que seus pais queriam por achar que esse era o seu destino justamente por ser a herdeira de todas as propriedades e empresas que seus pais possuíam. Passava a maior parte do seu tempo em um escritório, odiava isso tudo. Queria fazer qualquer outra coisa que não a privasse de ver o mundo lá fora. Queria se aventurar, conhecer culturas, países, queria conhecer pessoas, ver pessoas que não se escondiam atrás de um paletó ou atrás de um computador, do emprego, do trabalho, da carreira... queria viver.

   Poderia estar em qualquer universidade que quisesse, seus pais até queriam que ela fosse pra uma universidade onde qualquer um se perderia olhando a quantidade de zeros do boleto que teria que pagar todo mês, mas isso não seria viver por conta própria, queria conquistar algo com o próprio suor e estava disposta a deixar de lado todos os luxos que seus pais sempre lhe deram. Não estava sendo ingrata, se orgulhava dos pais que tinha e sempre fora grata por tudo que fizeram a ela, mas estava na hora de seguir com seu sonho.
  
   Parabéns!

   A primeira palavra que leu ao acessar o site. Sentiu seu coração encher-se de orgulho e já não conseguia ler mais nada com os olhos cheios de lágrimas, pegou o celular e ligou para Octavia, sua melhor amiga, que também torcia muito pra que ela conseguisse, havia visto o quanto​ a amiga se esforçara pra isso.

   Clarke estava dando um passo e tanto na sua vida, faria sua matrícula e se tornaria interna na universidade, embora seu pai lhe dissesse que não seria necessário, pois se certificaria de que seu motorista a deixasse na universidade todos os dias, mas não aceitou. Quando fora fazer sua matrícula, aproveitou para conhecer todos os setores do campus, as salas, seu quarto, as outras meninas do seu dormitório ainda não haviam chegado, agradeceu por isso, assim, poderia escolher sua cama primeiro, aproveitou também para conhecer cada corredor, pois não queria andar perdida por aí.

   Clarke estava maravilhada com todo prédio, o campus era maravilhoso, os corredores possuíam uma estrutura rústica, andava perdida em seus pensamentos quando sentiu o olhar penetrante de uma moça, aparentava ser nova e usava um jaleco, sorriu meio sem graça e seguiu. Provavelmente era veterana, pensou. Ao menos torcia pra que tivesse um bom relacionamento com todos e não queria, de modo algum, que soubessem que era a única herdeira da família Griffin, pois crescera com pessoas interessadas em seus bens, "amigos" que se aproximavam dela não por causa da amizade, mas por conta da sua conta bancária que só crescia.

 

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