— Espero que essa chuva não dure por tanto tempo — falou Clarke, sentada sobre o seu saco de dormir, com as mãos unidas.
— Também espero — afirmou Lexa, por fim, sentada em seu saco de dormir com seu travesseiro entre as pernas, abraçando-o.
Para Lexa, era estranho está na companhia de Clarke, embora fosse, de certa forma, agradável. Era como se o silêncio entre as duas gritasse para que fosse preenchido. Havia muito tempo que não sentia isso e quando percebeu os resquícios de que poderia está se envolvendo novamente, assustou-se.
Alguns anos haviam se passado desde que havia sentido algo assim. Não queria, de forma alguma, que essa sensação voltasse a tona, por esse motivo, tentava ocupar-se na universidade.
O local onde estavam não possuía sinal, o que, para alguns, fora um desafio se ver longe das redes sociais do momento.
Clarke estava ficando entediada, queria procurar algo para fazer quando, imediatamente começou a tirar seu casaco. Lexa assustou-se com os movimentos abruptos de Clarke.
— O que está fazendo? — perguntou.
— Não vim para esse passeio para ficar presa em uma barraca — Clarke tirava sua blusa e a trocava por uma de pano mais fino.
Para Lexa, era inevitável não olhar para o corpo de Clarke. Sua pele era extremamente branca e ela possuía uma pinta na barriga. Tentou disfarçar, balançando a cabeça com o intuito de afastar esses pensamentos.
— E está pensando em fazer o quê ? — perguntou novamente.
Clarke, de joelhos, desabotoava seus jeans, descendo-os pelas pernas.
Lexa estava a ponto de morrer. A silhueta de Clarke possuía certo encantamento, era bem desenhada, não deixara de prestar atenção nisso. Desviou seus olhos para as gotas de chuva que caíam e escorregavam pelo material da barraca.
Clarke procurou um short de banho em sua mochila e colocou-o.
— V-você vai sair ? — Lexa tinha dificuldade para achar as palavras.
— Sim, você vem? — perguntou Clarke.
Lexa pensou por um instante, pensou no frio horrível que teria, pensou na advertência que levariam se soubessem que saíram, pensou no quanto seria divertido.
Lexa não respondeu, ao invés disso, tirou seu casaco, tirou os jeans e colocou um short. Clarke também não deixou de observar, nunca havia visto Lexa dessa forma, de shortinho. Pensou no quanto o corpo dela era bonito pra ficar escondido atrás de um jaleco o dia todo.
Quando estavam prontas contaram até três e saíram. Lexa estremeceu ao sentir os pingos gelados da chuva sobre sua pele. Clarke se divertia, seu cabelo já estava completamente molhado, com algumas mechas coladas em sua bochecha.
— Isso é tão bom — disse Clarke, com o rosto virado para o céu. Nunca havia tido a liberdade para se aventurar, seus pais não permitiam.
Lexa admirava Clarke, que parecia uma criança, seus pés cheios de lama. A blusa colada ao corpo e os pingos da chuva escorrendo pelo seu rosto. Estendeu a mão para que Clarke a pegasse.
— O quê? — perguntou, Clarke, confusa.
— Vou te levar a um lugar — respondeu.
Clarke estava com uma feição receosa.
— Não confia?
— Sim — respondeu, por fim, segurando a mão gelada de Lexa, que a guiava por um caminho cheio de lama e escorregadio.
Lexa deu um sorriso pra Clarke e apertou-lhe a mão, suavemente.
— Aonde estamos indo ? — quis saber Clarke, com certa dificuldade para andar sobre a lama.
— Já estamos chegando — Lexa segurava firmemente a mão de Clarke que já escapara de escorregar três vezes.
Quando chegaram ao local, Clarke ficou maravilhada, havia um riacho lindo. Soltou a mão de Lexa para aproximar-se.
— Podemos entrar?
— Claro — disse Lexa.
As duas entraram lentamente até a água cobrir acima de suas cinturas. Clarke deu um mergulho, molhando os cabelos. Inclinou a cabeça para trás e logo em seguida passou as mãos sobre o rosto para tirar o excesso da água.
— Que lugar lindo! — exclamou, olhando ao redor — como sabia dele?
— Ahn... bem, vim aqui há alguns dias com os organizadores desse passeio.
— Como assim? Veio?
— Sim, vocês terão algumas atividades estilo acampamento.
— Humm... — disse Clarke, nadando um pouco mais para longe da borda.
— Clarke, tá bom, não se distancie — ordenou Lexa, preocupada.
Clarke continuou nadando, sem dar ouvidos ao que Lexa lhe dizia. De repente, desesperou-se. Estava se afogando, bateu as mãos desesperadamente, com rosto quase todo abaixo da água. Lexa, percebendo o que estava acontecendo, nadou imediatamente até onde Clarke se encontrava, segurou-a por trás, com as mãos por cima do corpo de Clarke. Estava a caminho da borda quando percebeu que Clarke estava rindo, soltou-a.
— Ah, não acredito — disse Lexa, percebendo que era tudo uma encenação.
Clarke ria da reação de Lexa, que revirava os olhos.
— Ah, foi engraçado — disse, recuperando-se da crise de risos que tivera.
Lexa jogou um pouco de água no rosto de Clarke antes de nadar para longe. As duas nadavam e se divertiam, os lábios de Lexa não paravam de tremer, Clarke ria disso.
Algum tempo depois Clarke aproximou-se de Lexa, levando sua mão em direção ao rosto da mesma. Lexa não recuou, deixou que Clarke se aproximasse. Sentiu as pontinhas dos dedos de Clarke sobre o seu rosto e isso fez com que estremecesse, mas não de frio. Uma corrente de adrenalina percorria todo o corpo de Lexa, fazendo-a fechar os olhos.
Clarke tirava alguma coisa que havia parado na bochecha de Lexa. Analisou a forma como Lexa fechara os olhos, sentiu algo estranho, algo a impulsionava a prosseguir. Lexa colocou uma mão sobre a mão de Clarke que estava em sua bochecha e a outra mão levou-a até a cintura de Clarke, puxando-a suavemente.
Sabia que estava se arriscando, mas estava disposta a continuar, pois não conseguiria dormir sem antes ter tentado, sem ter aproveitado a oportunidade que teve. A pele de Clarke estava fria, era incrível aquilo que estava sentindo. Achava estranho o fato de Clarke ainda não ter lhe parado. Seus olhos agora concentravam-se nos olhos de Clarke, tentando captar qualquer que fosse a repulsa.
Quando seus rostos estavam a centímetros de distância, Lexa sentiu a respiração quente de Clarke. Seus olhos se concentravam ora nos lábios de Clarke, ora nos lindos olhos azuis que ela possuía.
Lexa quis com todas as suas forças continuar. Ao mesmo tempo em que desejava Clarke, o medo da rejeição aparecia, tentando fazer com que ela recuasse. Lexa então prosseguiu, depositando um beijo na bochecha de Clarke e a abraçando brevemente antes de se afastar.
Voltaram para a barraca em silêncio. Os pensamentos de Clarke faziam barulho enquanto que os de Lexa tentavam silenciar, satisfeitos com a tarde maravilhosa que tivera.
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I Need You CONCLUÍDA
FanfictionA jovem Clarke Griffin, de 25 anos, sempre teve tudo que quis a custa dos pais, grandes empresários. Quando vê seu nome entre os primeiros colocados do curso de Teatro da University College London, decide que é hora de ser independente e resolve seg...