A viagem mais longa do universo

3.9K 347 88
                                    

Informações importantes!

Antes de ler esse capítulo, tem um momento cultura coreana para você.

Na Coreia do Sul, a sua idade é muito importante. É ela que define o modo como você vai ser tratado. Então, vou colocar aqui para vocês algumas palavrinhas que vocês vão ver ao longo do texto a partir deste capítulo:

Ajumma (아줌마) – Senhora/tia

Ajŏsshi (아저씨 ) – Senhor/tio

Arabŏji (할아버지) - avô

Halmoni (할머니) - avó

Dongsen' (동생) - irmão/irmã mais novo(a) (usado para irmãos de sangue ou uma pessoa mais nova)

Unni (언니) – de uma moça nova p/ uma moça mais velha.

Oppa (오빠) - de uma moça nova p/ um rapaz mais velho .

Noona (누나) - de um rapaz novo p/ uma moça mais velha .

Hyung (형) – de um rapaz novo p/ um rapaz mais velho.

Maknae (막내) - Pessoa mais nova de um grupo/família.

Hubae (후배) - Alguém num grau mais baixo.

Sunbae (선배) - Alguém num grau mais elevado.

____________________________________________________________


Desde o momento em que passei a aceitar melhor a ideia de me mudar temporariamente para a Coreia do Sul, meus pais passaram a me dar mini lições de etiqueta coreana todos os dias. Minha mãe até cozinhou kimchi (acelga fermentada e apimentada) que eu amo, mas que ela quase nunca faz porque diz que o cheiro demora meses para sair da cozinha.

O ápice de neura dos meus pais chegou quando os dois começaram a espalhar post its pela casa com o nome das coisas escritas em hangul (o alfabeto coreano). Como se da noite para o dia eu tivesse esquecido TUDO do meu segundo idioma.

Mal saí do ensino médio e eles já conseguiram me fazer mergulhar naquele sentimento de véspera de prova, quando eu tentava estudar feito uma louca para compensar tudo o que não estudei antes.

— Não se esqueça de respeitar a idade dos mais velhos — meu pai disse, me sufocando em um abraço apertado bem no meio do saguão do aeroporto.

Sei que não me destaquei no meio da multidão porque, pelo menos, cinquenta famílias repetiam este mesmo gesto exatamente ao mesmo tempo. Mas mesmo assim... Acho que é porque não estou acostumada a vê-lo tão grudento assim comigo.

— Carregue sempre um mapa físico no bolso e o número de telefone e endereço dos seus tios também! — minha mãe suplicou, tentando passar pelos braços do meu pai para chegar até mim e arrumar o meu cabelo. — Certifique-se de que seu telefone está sempre carregado. Não fale com estranhos e, pelo amor de Deus, me liga assim que chegar em Seul, ok?

— Não se preocupe mãe. Vou te ligar em cada conexão.

Até porque, se eu não fizer isso, ela vai acabar mandando o exército brasileiro fazer uma busca até me encontrar e me resgatar.

Sem paciência para todo o grude do meu pai, minha mãe deu uma ombrada nele e veio cobrar a cota de abraços que pertenciam a ela por direito.

Os apertos que ganhei dos abraços dos dois eram fichinha comparado ao que me esperava do outro lado do portão de embarque. Isso porque, viajar sozinha pode ser incrível, a não ser que você tenha que enfrentar um voo com duração de 30 horas, depois de passar uma noite em claro.

Conexão Seul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora