A última neve de Seul

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maknae = mais novo da família ou determinado grupo.

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Apesar de ser manhã de sábado, as casas dos Yujin e dos Gong estavam de cabeça para baixo. Seo-Jin saiu correndo porta afora pouco antes de o sol nascer, com a sacola do café da manhã seguro entre os dentes, enquanto se equilibrava, tentando amarrar os sapatos sem ter que parar de andar. A mãe e a avó da minha prima não param em casa há quase uma semana e hoje saíram com o aviso de talvez só voltassem no dia seguinte.

Elas estavam muito ocupadas organizando os preparativos do Seollal, o Ano Novo Lunar. Acontece que aqui na Coreia do Sul, o Seollal é tão importante quanto o Natal é para as famílias no Brasil. Imagine a correria que dá nas cozinhas brasileiras na época do Natal e multiplique por 10 que você tem a confusão que tomou conta aqui de casa.

Se você acha que os que trabalham fora estão folgando, estão completamente enganados. Meu tio e Dong-Yul, estavam trabalhando feito dois loucos para deixar tudo adiantando e não se prejudicarem por não trabalharem no feriado. Dong-Wook supostamente estaria livre este sábado, mas não demorei pra descobrir que alunos do ensino médio não têm aquela coisa... como se chama mesmo? Ah é, VIDA!

Ele vai passar o dia inteiro alternando entre aulas particulares para a escola, piano, dança, canto e Taekwondo.

E eu, bom, eu quero dar uma última volta pelo complexo de palácios para uma visita guiada. Quem sabe eu não descubro alguma lenda local interessante e finalmente fecho o meu documentário? Agora que ele está tomando forma, mal posso esperar para enviá-lo para todos os concursos que estiverem abertos.

Queria tanto ter tido tempo de fazer algumas imagens antes de ser chutada da KBS pelo Yul...

Mas o que eu consegui nas visitas à TvN e à MBC terão que servir.

— Não acredito que isso foi acontecer logo hoje! — Dong-Yul corria de um lado para o outro com o telefone grudado na orelha enquanto enfiava tudo o que via pela frente em uma mochilinha de Naruto. — Oi, So-Hee... Sim, eu sei que é meio em cima da hora, mas todos estão ocupados com os preparativos do Seollal e a babá regular cancelou há cinco minutos...

Quase levei um esbarrão do meu tio quando entrei na cozinha (ele estava esperando Yul para ganhar uma carona para o trabalho).

— Nada? — ele perguntou quando Dong-Yul atirou o celular, com raiva, no fundo do bolso.

— Nada.— Ele fechou a mochila e entregou-a para Kyang Joon, que tomava café da manhã sem pressa, alheio a toda a confusão que o rodeava.

— Posso ficar com ele, se você quiser.

Meu tio e Dong-Yul viraram para mim com a mesma rapidez que os zumbis de The Walking Dead vão atrás de alguém jorrando sangue quente. Seus olhos estavam arregalados e eles vieram em minha direção com as mãos estendidas.

— Você faria mesmo isso? — meu tio quis saber.

— Claro. Eu vou passear pelos palácios e fazer algumas visitas guiadas. Vai ser divertido e educativo!— Falei essa parte para Yul que deve ter certeza de que eu sou a pior influência que seus irmãos podem ter.

— Não sei...

A hesitação de Yul não me pegou de surpresa. Então apenas recolhi meu equipamento e dei de ombros, pronta para seguir meu rumo, quando meu tio pôs a mão no meu ombro e me impediu de sair.

— Seja razoável Dong-Yul. Já estamos atrasados e você não tem nenhuma opção melhor.

— Só quero chegar depois do expediente e encontrar dois irmãos me esperando em vez de apenas um.

Conexão Seul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora