Um namorado para o meu amigo

1.8K 170 181
                                    

— Hyung...

Kyang Joon chamou Dong-Yul assim que nos sentamos diante da mesa de jantar. Não sei se era o tamanho da minha fome, ou se me desacostumei dos hábitos dos Yujin depois de duas semanas longe, mas parecia de a avó (nem tão) do mal tinha preparado o triplo de comida que ela normalmente fazia para jantar especias.

— Você ficou fora muito tempo — ele concluiu, mas algo nos olhos dele deixou claro que ainda havia muito a ser dito.
Yul, que também captou as reticências do irmão, deixou o jantar de lado e se virou pra ele.
— Sim, mas agora que eu voltei, vamos passar muito tempo juntos.

Assim como eu, Yul também esperava algum tipo de reação positiva dos irmãos mais novos à boa notícia. Mas, em vez de uma comemoração, ele recebeu um balde de água fria.

Não literalmente, é claro. Mas a troca de olhares assustados de Dong-Wook e Seo-Jin, bem como o semblante cabisbaixo de Kyang Joon só confirmavam que 15 dia foi tempo suficiente para eles aprontarem.

— Ok, um de vocês vai me contar o que está acontecendo —  Yul exigiu, olhando para os dois irmãos mais novos em seu maior estilo paternal. 

— O que você diria, se nós te pedíssemos um bichinho de estimação? —  Kyang Joon perguntou com todo o cuidado do mundo.

— Eu diria que Dong-Wook se muda para o alojamento dos trainees da SM mês que vem, que eu trabalho o dia inteiro e que você é novo demais para tomar conta de um bichinho sozinho.

Yul tentou suavizar as palavras para não magoar o irmão, mas também não aprecia disposto a ceder.

— E se um bichinho de estimação já tivesse nos escolhido? —  Kyang Joon perguntou.

— E se nós já tivermos um esquema de como cada um de nós vai tomar conta dele? Um que vêm funcionado muito bem nos últimos quinze dias em que você esteve fora? —  Dong-Wook disse, antes que Yul tivesse a chance de interferir. — Você vai precisar de uma coisa fofinha e bagunceira para ocupar o espaço que eu vou deixar quando me mudar.

Com uma calma controlada que pegou a todos de surpresa, Yul se pôs de pé e perguntou:

— Onde está?

Todos na mesa, inclusive os adultos, trocaram olhares preocupados, como se Yul fosse expulsar o pobre bichinho no meio da noite só por discordar quanto a mantê-lo.  

— Tem certeza de que não quer comer primeiro? —  Seo-Jin disse. — É mais fácil pensar com clareza quando se tem o estômago cheio.

— Não acho que precisaremos de muito tempo para decidir sobre isso.

Resignado, Kyang Joon estendeu a mão para o irmão, pronto para guiá-lo até o seu bichinho. Dong-Wook e Seo-Jin seguiram os dois de perto, ainda trocando sussurros e olhando de Yul para mim de um jeito alarmado demais para quem está apenas escondendo um animal de estimação. Por mais que meu estômago vazio me implorasse para ignorar todo o drama, minha curiosidade era grande demais para simplesmente ignorar tudo isso.

Não precisamos dar mais que dois passos para ver o cachorro, ele estava sentado em uma das gigantescas pedras do jardim com uma pose solene. Como um rei que aguarda a chegada de seus súditos, não um cão de rua que espera a sentença que dirá se ele finalmente encontrou um lar ou se terá que tentar a sorte no canil.

O cachorro parecia uma mistura de Jindo com mais outras mil raças que eu nunca ouvi falar. Seu pelo era branco quanto a lua que brilhava no céu, também era espesso e seus olhos tinham um brilho e felicidade vistos apenas no olhar dos vira-latas.

Ele começou a pular em Kyang Joon, quase derrubando o menino no chão, tamanho o seu entusiasmo em vê-lo novamente. Assim que se deparou com Yul, começou a cheirá-lo com curiosidade como quem diz "Ei cara, senti seu cheiro por aqui por um tempão. Que bom que finalmente nos conhecemos".

Conexão Seul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora