O quase e o nunca

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Queria poder te dizer que, quando eu acordei, as lembranças do que aconteceu (ou do que quase acontecer) entre Yul e eu haviam sido completamente levadas pelo Soju. Mas é claro que a bebida não me ajudaria apagando estes momentos tão embaraçosos.

COMO EU VOU CONSEGUIR ENCARÁ-LO E FINGIR QUE NADA QUASE ACONTECEU?

Sei muito bem o que você deve estar pensando. Consigo ouvir daqui você gritar:

May sua louca, como você vai deixar passar a oportunidade de dar uns beijos em um oppa tão lindo e que pode não ser tão chato e mal humorado quanto você pensava?

A resposta é bem simples. Eu não esqueci o que quase fiz sob o efeito do Soju, mas também não esqueci o que Yul me disse antes. As palavras que fizeram meu coração disparar e minha razão se jogar da janela.

"Mas você nunca veio. Minhas cartas eram tão raras e escassas se comparadas as de Seo-Jin que eu decidi parar de responder. Com o tempo você desistiu de mim...

Mas eu precisava que você insistisse. Precisava de uma amiga com quem eu pudesse desabafar sem me sentir um monstro. Então inventei para mim mesmo que você virou uma pessoa horrível e egoísta. Mas, quando nos reencontramos, você só me dava provas do contrário. Isso só fez com que meu ressentimento aumentasse. Porque, se o problema não era a sua personalidade, tinha que ser a minha..."

Como eu posso ter qualquer coisa com ele, sabendo que meus planos de ir para Los Angeles não vão mudar? É, eu poderia arriscar uma coisa temporária, algumas ficadas sem compromisso. Mas Yul não é esse tipo de cara.

Eu apenas partiria o coração dele de um jeito diferente.

O melhor a se fazer é fingir que eu não me lembro de nada. Quem sabe, se eu for sortuda, o Soju fez um trabalho melhor com a memória dele do que fez com a minha. Oportunidades para testar essa teoria não vão faltar. A primeira delas está mais próxima do que eu gostaria, mas se eu desmarcasse em cima da hora ele saberia exatamente o porquê de eu fazer isso.

  — Eu acho que você devia ir a uma balada —  a voz de Júlia me lembrou que eu não estava sozinha.

Assim que pulei da cama, saí pelas ruas de Seul com o Skype aberto no celular, rezando para que minha amiga entrasse e conversasse comigo. Queria desabafar com ela em um lugar tranquilo, sem medo que Seo-Jin, Dong-Wook ou Yul aparecerem de surpresa.

Mesmo que eles não fossem entender nada da conversa.

  — Você só vê a sua família e esses vizinhos todos os dias. Precisa ver uns oppa gatinhos que você possa beijar sem se apegar ou sem se preocupar com a bagunça emocional que vai causar.

 — Não é como se eu tivesse muitos amigos maiores de idade aqui...

— Aproveite a sua ida à KBS para conhecer gente nova e arrumar amigos de balada. Vai por mim, eu sei do que eu tô falando. 


Quase enfiei a cara dentro da minha bolsa quando entrei no prédio da emissora. Até pensei em subir de escada até a sala dos roteiristas, mas aparentemente este exercício físico é totalmente subestimado pelos coreanos.

Quando finalmente cheguei ao meu andar, saí do elevador como se ele estivesse prestes a explodir e só parei quando estava em segurança com Kim Joon-Young e Choi Ih-Na.

  — Você sabe que é uma lenda aqui na emissora, certo? —Joon-Young me entregou um copo quentinho de café e indicou onde deveríamos sentar. 

  — Não precisa exagerar! — Era difícil saber o que fez minhas bochechas corarem mais. Os comentários do Joon-Young ou a recordação do meu beijo com Song Joong-Ki 

Conexão Seul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora