O Dia da Caça

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Assim que a bomba devastadora me atingiu, Yul ligou para a babá que normalmente toma conta de Kyang Joon, deixou o irmão em casa e me levou de carro até a Warner. Eu ainda estava anestesiada tentando processar o que tinha acontecido e como eu acabei me metendo em uma furada dessas, mas ele já estava pensando lá na frente.

"Nós temos que ir para lá agora", ele me disse enquanto me guiava até o banco do carona (eu estava tão chocada que não conseguia nem fazer isto sozinha). "Se você enfrentar tudo isso de peito aberto, eles vão ver que você não tem nada a esconder".

Desejei com todas as forças que ele estivesse certo, mas uma vozinha odiosa insistia em cochichar que, por melhores que sejam as intenções dele, Yul não pode prever o futuro. E, se como nós suspeitamos, Jeff estiver me usando como bode expiatório não há muito que nós possamos fazer.

Quando entramos de carro no lote de estúdios da Warner eu tive vontade de agir como os famosos que se escondem dentro de moletons gigantescos, com direito a óculos escuros e guarda—chuva. Ainda bem que quando chegamos o expediente havia acabado, então apenas uns poucos gatos pingados ainda andavam por lá.

Mas não se engane, eles se certificaram de que eu receberia todo desprezo digno de alguém que traiu a confiança do estúdio e prejudicou toda a equipe em troca de um pouco de dinheiro.

Nem tive que ligar para saber se os executivos responsáveis ainda estariam trabalhando. Sempre que um escândalo acontece eles ficam até altas horas da madrugada tentando limpar toda a sujeira.

— Ombros erguidos — Yul falou quando abriu a porta para eu descer do carro. — Você não fez nada de errado. Não deixe eles te intimidarem!

Antes de me deixar entrar na sala do diretor executivo do estúdio, Yul me puxou para um longo abraço apertado. "Vai ficar tudo bem", ele sussurrou enquanto acariciava meus cabelos. "Vamos descobrir tudo o que está acontecendo e vamos dar um jeito nas coisas".

A sala do CEO da Warner, Jeffrey Bewkes, estava tão clara que, quando entrei, me senti como um personagem de série policial. Eu era a criminosa prestes a ser interrogada sem direito a "policial bom" para amortecer o impacto das palavras do "policial malvado".

— Então você está me dizendo que é inocente, mas que não tem como provar? — ele revirou os olhos incapaz de controlar seu escárnio.— Admiro a sua coragem de vir a minha sala me contar tudo isso, mas não vou trocar a confiança na minha parceria de mais de vinte anos com o Jeff pelo depoimento de uma estagiária que eu nem conheço.

Abri a boca para protestar, mas Jeffrey ergueu a mão para me impedir de começar.

— Não haverá ação legal, pois não há provas de que você é a responsável pelo vazamento, porém não posso te manter na minha equipe sem confiar em você... se você for mesmo inocente e conseguir provar... podemos nos encontrar novamente no futuro.

Sem dizer mais nada, ele deu às costas para mim e seguiu com a vida dele como se eu não estivesse mais ali.

Recolhi minhas coisas assim que saí de lá. Não queria ter que voltar mais uma vez aos estúdios e correr o risco de dar de cara com alguém da minha equipe. Não até eu conseguir limpar o meu nome.

***

Acho que vilões da vida real não investem o tempo deles acompanhando as ações dos vilões da ficção. Se o fizessem evitariam tantos erros clássicos. Mas eles não aprendem e se tornam descuidados. Acham que nunca vão ser pegos porque presumem que só porque ganharam uma batalha, já venceram a guerra.

Mas nenhum deles já cometeu o erro primário de tentar destruir May Yujin.

Quando voltei para casa, nem a minha sede de vingança me ajudou a nutrir as esperanças de que algo poderia ser feito para me ajudar. Na minha mente, meu futuro profissional estava sepultado bem ao lado das minhas chances de uma vida amorosa sem contratempos.

Conexão Seul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora