Um passo para frente, dois passos para trás

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Acho que o ar da Coreia do Sul tem algo de diferente. Especial. Isso porque, mesmo depois de beber além da conta e ir dormir super tarde, Júlia me ligou às oito em ponto dizendo que estava entediada no hotel e queria passear comigo.

Eu estava morta, mas não conseguia dormir. A verdade é que não preguei o olho desde que recebi a carta da UCLA dizendo que eu não só tinha sido aceita, como também tinha conseguido uma bolsa!

Passei o resto da madrugada fazendo listas mentais de quais documentos vou precisar para solicitar um visto de estudante, quais eu tenho que mandar para a Universidade para garantir a minha vaga em setembro do ano que vem. Quanto eu vou gastar com despesas do dormitório e livros o primeiro semestre. Como vou levar toda a minha "mudança" para Los Angeles. A cada segundo as pendências iam se acumulando em cima de mim até me esmagarem por completo.

Quando dei por mim, o sol já tinha saído e meu celular começou a apitar feito um louco com as mensagens e ligações de Júlia. Minha amiga carente exigiu que eu me levantasse e saísse de casa imediatamente e sozinha(algo que eu estranhei porque, ontem à noite, ela e Tomás pareceram amar a companhia de Seo-Jin e Dong-Wook).

Decidi levar meus amigos até o Namdaemun Market, um complexo formado por vielas e mercadinhos coloridos e cheirosos onde se encontra desde lembrancinhas aos pratos típicos coreanos. Ou seja, além tomar um café da manhã reforçado (com direito às melhores sopas de ressaca), ainda poderíamos comprar alguns souvenirs.

Como na maioria dos mercados abertos em Seul, se você andar por Namdaemun prestando atenção apenas no que está ao alcance dos seus olhos, você não está apreciando o show completo. Seja no alto dos prédios, ou escondidas no meio das barraquinhas, sempre tem uma surpresinha esperando ser descoberta.

 Seja no alto dos prédios, ou escondidas no meio das barraquinhas, sempre tem uma surpresinha esperando ser descoberta

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Escolhi um pequeno restaurande familiar como ponto de encontro. Uma escolha estratégica para que meus amigos não inventassem de fazer nada antes eu comer uma refeição decente. 

Assim que me viram, os dois vieram correndo em minha direção, quase derrubando vários coreanos que apenas seguiam seus rumos sem se deixarem perturbar pela euforia dos meus amigos.

— CONTA, CONTA, CONTA, CONTA, CONTA, CONTA!!!! —  Júlia pulava em círculos ao meu redor.

—  Contar o quê? —  provoquei, só para deixar a minha amiga ainda mais ansiosa.

— Você foi aceita? Quis matar o Tomás quando ele me disse que te entregou o envelope SEM MIM e simplesmente deu as costas, SEM SABER O QUE ELE DIZIA. —  Para enfatizar a sua frustração, Júlia deu vários tapinhas na nuca de Tomás que, encurralado pelo fluxo cuntínuo da multidão, não tinha para onde correr.

— Bolsa integral —  falei piscando o olho.

Por um segundo os dois ficaram me encarando, completamente em estado de choque. Quando a ficha finalmente caiu, eles me abraçaram com força e beraram tão alto que achei que os coreanos nos expulsariam do mercado por perturbar a paz do lugar.

Conexão Seul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora