O melhor pior aniversário

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Com um pé imobilizado e espasmos de dor espalhados pelo corpo, ficar pulando feito uma cabrita para me manter aquecida estava fora de cogitação. Por isso, decidi dar ouvidos a um conselho da versão fitness de Júlia e começar o projeto "verão 2018 May com barriga chapada em Los Angeles" imediatamente.

Não que eu tenha qualquer esperança (ou vontade) de dar prosseguimento a essa tortura quando sair da caverna. É que abdominais são o exercício inofensivo para mim no momento.

Minha barriga já estava queimando de dor e eu já tinha perdido a conta umas dez vezes quando ouvi uma voz do lado de fora da caverna.

— Ela está aqui!

Quatro homens entraram correndo na caverna e começaram a me cutucar e a apontar luzes na minha cara. Dizem que os médicos fazer isso para checar as suas respostas e ver se você está bem, mas eu já estava tão de saco cheio que bem poderia ser um teste à minha paciência.

Acho que Yul me passou um pouco de seu mau humor.

Essa ideia me fez rir, o que fez com que os médicos parassem o que estavam fazendo para me encarar. O medo que vi nos olhos deles fez com que eu percebesse que eles tinham me achado louca.

— Estou bem. Só com muito frio e com o pé machucado — apontei para a tala improvisada que tentei fazer com um de meus casacos molhados, mas nem a minha experiência com 13 temporadas de Grey's Anatomy foi o suficiente para que eu aprendesse a fazer uma tala decente.

Aliviados, eles continuaram seus testes, me enrolaram em um cobertor térmico e me prenderam à maca. Só então percebi que, além da falação dos médicos e do barulho de chuva, havia mais um som que eu ainda não havia registrado.

—Vocês têm que me deixar entrar!

— Senhor, é perigoso demais. Não sabemos se há risco de deslizamento. Já dissemos que poderá acompanhá-la dentro da ambulância.

Yul!

Quando fui carregada para dentro da ambulância, a primeira coisa que eu vi foi o rosto dele. Ele tinha o cenho franzido e um olhar de preocupação que eu nunca tinha visto, muito menos direcionado para mim. Estiquei a mão e toquei a testa dele.

— Se você continuar enrugando o rosto desse jeito, vou ter que voltar a te chamar de Haraboji muito antes do esperado.

Em vez de rir, ele se aproximou devagar e me deu um beijinho na testa, então se sentou do meu lado e começou a me fazer cafuné.

— O que eu faço com você May?

Eu tinha as minhas próprias ideias do que ele poderia fazer, mas o movimento constante da ambulância o carinho que Yul fazia em meus cabelos e o cansaço que desabou sobre mim no instante em que relaxei, tornaram a tarefa de continuar acordar impraticável. Então escolhi me entregar a sensação e deixar o sono me levar embora.

Quando acordei, em vez de me deparar com um quarto de hospital, me deparei com um quarto de hotel igual ao meu, mas com sutis diferenças. A minha bolsinha de maquiagem não estava aberta em cima da cômoda e o secador de cabelo de Choi In-Ha não estava em cima da cama ao lado. E as malas espalhadas pelo chão pertenciam a Dong-Yul e Joon Young.

— Oi. — A voz de Yul me fez olhar para onde ele estava. Sentado no chão ao lado da cama, segurando uma das minhas mãos. Pelo jeito como o rosto e o cabelo dele estavam levemente amassados, poderia apostar que ele estava dormindo ali. — Você me deu um susto.

Sorri sem graça e comecei a fazer pequenos movimentos para tentar entender a real extensão de meus machucados. As minhas costas doíam um pouco e eu ainda sentia muito frio, mas o pior de tudo era o meu pé.

Conexão Seul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora