Operação Cupido

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O que você faz quando está de férias,  sem ter o que fazer e com a vida amorosa indo de mal a pior?
Você passa a tomar conta da vida dos outros,  é claro. 

Por isso que, assim que terminei de me despedir de meus amigos, meu cérebro passou a se ocupar pensando em maneiras de fazer Seo-Jin e Dong-Wook perceberem que são perfeitos um para o outro. Tarefa simples para qualquer um com um bom par de olhos, mas que para eles parece quase tão complicada quanto a minha relação com Yul.

Depois de uma extensa pesquisa na internet, bolei um plano tão fácil quanto o enredo de um dos filmes da sessão da tarde.

O primeiro passo é criar um ambiente.

Ninguém consegue flertar sob o olhar atento dos pais e da avó (ainda mais se for alguém como a vovó do mal). Acrescente a isso uma prima que te acompanha em tudo e um irmão mais velho postiço que acha que sabe tudo sobre todos e tudo.

Antes que o meu bom senso resolvesse dar as caras, peguei meu celular e digitei os números do celular de Seo-Jin. Depois do que pareceu uma eternidade, minha prima finalmente atendeu.

— Desculpe, estava na aula de educação física. —  Ela arfava tanto que era difícil saber se era por causa da aula, ou do tanto que teve que correr para se esconder e me atender. 

—  Que horas você sai da escola hoje?

— Às quatro, mas depois eu tenho aula particular de matemática e depois o turno da noite na loja de conveniência.

— Não tem, não. Hoje você vai ter dor de barriga e, o único jeito de melhorar, vai ser me acompanhando no cinema.

Se eu tivesse feito essa mesma proposta para Júlia, ela aceitaria sem nem mesmo piscar. Mas Seo-Jin é preocupada demais com seus estudos, dedicada demais para se deixar levar pelo mal caminho sem que eu tenha que lançar mão de uma chantagem emocional ou outra.

— É que eu tenho me sentido tão sozinha desde que os meus amigos foram embora... E você sabe que até o resultado do concurso sair, eu não tenho NADA pra fazer. —  fiz questão de forçar uma voz de choro para não oferecer nenhuma escapatória a ela.

Ouvi um suspiro exasperado do outro lado da linha.

— Eu sei que você está me escondendo alguma coisa...

Por instinto, olhei por cima do ombro procurando por qualquer sinal de que estaria sendo espionada. Não é possível que ela já saiba de todos os meus planos para uni-la a Dong-Wook. Ou é?  

— Não sei do que você está falando —  eu disse, rápido demais para soar como alguém que realmente não tem culpa no cartório.

— Você tem agido de um jeito estranho desde que seus amigos chegaram, e só piorou depois que eles se foram... Quase como se estivesse arrependida de não ter partido com eles.

— Lógico que não! —  exclamei, aliviada por minha prima ainda ser tão ingênua quanto eu imaginei que fosse. —  Não sei porque você disse isso.

— É porque você parece tão triste... —  Antes que eu pudesse me defender ela completou dizendo: —  Não o tempo todo. É só às vezes. Como se você estivesse bem e então, de repente, você se lembrasse de algo horrível. Aí esse olhar de tristeza cruza o seu rosto e eu tenho a impressão de que você preferiria estar em qualquer lugar menos aqui.

Ok, talvez minha priminha não seja tão ingênua assim.

— Então me distraia! Você não vai morrer se faltar aula um diazinho só.

— Vou. Se meus pais descobrirem, estou morta.

— Eu digo que foi minha culpa.

— Aumentar a lista de vítimas não vai te ajudar a me convencer mais rápido. 

Conexão Seul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora