Capítulo 10

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Bruna narrando.

Já estava mais calma. Tinha tomado banho e comido algo mas, a notícia da gravidez ainda rondava a minha cabeça. Não me imaginava sendo mãe, seria péssima. Mas essa criança em meu ventre não tem culpa de nada, não tem culpa do meu erro e do pai em ficarmos bêbedos e ter transado sem ter nos protegido.

Passo a mão por minha barriga ainda lisa e a acaricio, não tinha vestígio algum de gravidez. Agora tem um bebê crescendo aqui. Um anjinho, meu anjinho.

-Oi bebê._Fungo, sinto meus olhos marejados novamente.-Você não tem culpa viu, eu não vou te tirar, vou cuidar de você, mesmo que não faça idéia de como. Eu já te amo muito coisinha._E após dizer isso choro novamente.

***

São sete da noite e estou no quarto ainda, não sai desde aquela hora. Estava olhando pela milésima vez aquele teste, mas escondi rápido quando escuto mamãe me gritar. Acho que é agora, vou contar a ela.

Ela entra no quarto sorrindo e para ao me ver sentada no chão.

-O que aconteceu? Você está como o rosto um pouco inchado, estava chorando?_Ela deixa sua bolsa de lado e se senta a minha frente.-E porque está tremendo Bruna?

Respiro fundo e só então tenho coragem de olhar em seus olhos.

-Mãe é que..._Antes que começasse a falar ela me interrompeu.

-Espera, sabe que não sou muito fã de surpresa mas me fale logo, na hora eu finjo que fiquei impressionada...

-Do que a senhora tá falando?_A interrompi.

-Ué, do Ricardo. Ele disse que quando eu chegasse em casa teria um supresa, procurei por todo o canto e não achei nada, você deve saber, o que foi? Ele ia me pedir em namoro ou algo do tipo?

-Não mãe, não era essa surpresa que ele estava falando.

-Então o que foi?_Pego o envelope atrás de mim e lhe entrego, tinha colocado os testes de farmácia lá dentro também.

Ele demora um pouco pra ler e depois me olha sem entender.

-Não estou entendendo Bruna. Você tá grávida?_Fico calada e mordo meu lábio olhando pra baixo.-Bruna me responde, você tá grávida?

-Estou._Sussurrei mas creio que ela ouviu.

Um silêncio horrível tomou conto daquele quarto até ela o quebrar.

-Mas, mas, como Bruna? Você não disse que tinha tomado o remédio?

-E tomei mãe, mas parece que não funcionou._Disse com a voz embargada, já sentia meu olhos cheios de lágrimas e a primeira desci por minha bochecha.

-Não acredito._Diz baixo ainda olhando pros testes em suas mãos.

-Mãe..._A essa altura já chorava.-Me perdoa, por favor! Eu sei que errei. Não me manda embora ou algo do tipo, por favor._Dizia entre prantos e ela apenas me olhava, sem expressão mas, seus olhos pareciam tristes. Esperava tudo dela, me gritar, me bater mas não, recebi aquilo que menos esperava. Seu abraço.

Senti que ela também chorava em meu ombro e então a abracei apertado molhando um pouco do seu jaleco com minhas lágrimas. Ela fazia carinho em meus cabelos e chorava baixinho.

-Tudo bem meu amor, eu não vou te mandar embora. Sim, foi errado, muito errado. Engravidar nessa idade e ainda por cima nem terminou os estudos mas eu te perdôo, te perdôo sim meu bebê. Parece que a história está se repetindo, foi bem assim quando contei a mamãe que estava grávida de você, mas ela não me aceitou e me colocou pra fora, além de ter me dado uma surras, agora imagine só, uma jovem de dezesseis anos grávida e sem um rumo. Se não fosse por sua tia Layla acho que estava nas ruas até hoje com você. Mas eu não vou fazer como ela, vou aceitar você e meu netinho, apesar de eu ser muito jovem e linda pra ser vó. Eu te amo muito filha, e estou do seu lado nessa._Ela desfaz o abraço e segura em meu rosto limpando minhas lágrimas.-Não chora, você fica feia assim igual quando era bebê.

Dou risada e a abraço novamente lembrando de suas palavras, fico tão feliz que ela tenha me entendido, ficou do meu lado e não me desprezou, como minha vó fez com ela.

-Mas, você não vai tirar? Ou pensa em fazer isso? Porque se for minha filha eu vou te ench...

-Não mãe, não penso em tirar. Não tenho coragem de tirar esse bebê.

-Ótimo._Ela respira fundo e limpa as lágrimas com as costas da mão, me olha e me dá um sorriso confortante. Abaixa na direção da minha barriga e beija ela, nossa, que sensação estranha.-Netinho lindo da vovó, tá me ouvindo. Te amo viu, sou muito nova pra ser vó mas não tô ligando pra isso, venha   bem bonito pra eu passar na cara dessr povinho ai que tenho um neto lindão._Ela diz e sorriu olhando essa cena.-O Ricardo sabia da sua gravidez?

-Fiz o exame na clínica que ele trabalha, e ele quem me entregou o exame. Disse não contaria pra senhora e que estava do meu lado, foi um fofo.

-Ain, e eu iludida pensando que ele ia me pedir em namoro._Rimos.- Já contou pro Lucas?

-Não.

-Fala com ele, ele precisa saber que vai ser pai, e precisa tá do seu lado nesse momento.

-Mãe...e se ele não aceitar? Não assumir esse bebê?

-Ele não vai fazer isso, Lucas é um bom rapaz, agora já homem formado e responsável. Ele não vai rejeitar vocês, tenho certeza disso.

-Pode ser. Amanhã falo com ele._Ela concorda e se levanta.

-Vou fazer algo pra jantarmos, tá com fome?_Nego.-Mas tem que comer Bruna, tem um bebê ai dentro que precisa de alimento e cuidados.

-Eu sei, mas não tô com fome. Só quero dormi agora.

-Tudo bem, boa noite. Amo vocês._E sai do quarto.

Levanto vou ao banheiro e lavo meu rosto que estava pouco inchado. Deito na cama e pego o celular vendo uma mensagem de Lucas. Ele se desculpava por não vim me buscar hoje pra me levar na escola e por ter sumido o dia todo, estava muito ocupado na empresa resolvendo algo. Disse a ele que tudo bem e que iria dormi.

Desde já tomava coragem pra o encarar amanhã, e dizer que estou grávida. Tenho medo da sua reação.

Grávida Do Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora