Um Hospital comum e a Dekinha

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Ester

Todos os dias nesse hospital tem sido uma luta, nem preciso dizer que levar um tiro é muito ruim, e ficar no mesmo quarto que a Dekinha é pior ainda.

Marcello está voltando hoje e Alice já está fora de perigo graças a Deus.

É bom saber que vai tudo voltar ao normal, as vezes parece que a vida nos dá uma rasteira e mostra o quanto somos capazes de dar a volta por cima.
Eu sou uma prova.
Tudo que vivi me fez ter traumas, e foram anos de tratamento e luta para superar tudo.
Eu não me entreguei!
Eu não desisti!
Eu aprendi que somente eu tenho o poder de desistir da minha vida.
Que se eu me entregar estarei assinando uma sentença de morte.
E que devemos dar uma chance para os outros.
Toda a minha base foi essa família maravilhosa que me acolheu e amou, meus pais são o maior presente que Deus me deu nessa vida.

E meus amigos nem sei o que dizer, como costumam falar "os de verdade contamos com os dedos das mãos", sim no meu caso são quatro pessoas, Dekinha, Leandro, Roger e Lari. Esses quatro fazem o que for necessário para me manter bem.
É assim e vai sempre ser assim entre nós.

Eu ainda não vi Marcello depois do que aconteceu, e estou com saudade.
Tá legal, eu estou apaixonada porque não sentiria saudades?

Dekinha fez o médico prometer que só terá alta quando eu também for pra casa.
Sim! Ela ameaçou o médico!
Disse que se ele deixasse ela longe de mim ela pulava no pescoço dele.
E claro falou que quem matou o nosso agressor foi ela.
Mas ele sabe a verdade só não quis contrariar a louca.

- Amiga tô pensando aqui!

- No que você está pensando Dekinha?

- Como eu vou comer churrasco com essa boca? Vai vazar carne.
Me diz e solta uma gargalhada.

Ela é louca tudo bem! Mas sem os dentes ela piorou.

- Só não come perto de mim, eu juro que vomito na sua cara.

- ECA! Nojenta.

Depois de algumas horas, brincando e torcendo para que o médico nos liberasse rápido, a porta se abre.
Meu amor! Ele chegou!

Um vulto​ passa sobre mim e abraça ele.

- Obrigada por voltar, que saudade!
Diz Dekinha agarrando Marcello.

- Ei o namorado é meu!
Digo rindo.

- Calma que eu tô agradecendo!
Diz ainda agarrada nele.

- Você não me disse obrigada, você só me agarrou!
Diz Marcello se divertindo.

- Mano! Cala a boca e me abraça​!

- Tá bom sua doidinha, você está bem?

- Tô sem dentes!

Marcello me olha com vontade de rir. Dekinha tem um dom muito lindo, um dom que eu admiro nas pessoas.
Ela é autêntica, não tem vergonha de falar o que pensa, não se esconde, faz sempre o que acha que deve e se diverte com coisas bobas.
As pessoas a chamam de loca, mas ela é inteligente e madura para não deixar se abater por nada.
Minha pequena guerreira sem dentes.

- Posso abraçar meu namorado ou está difícil?

Ela larga ele, e dá um chute em sua perna o fazendo se contorcer de dor.

- Aí sua louca!
Ele grita e eu a olho assustada.

- Dekinha você é louca.

- A Marcello, você acha mesmo que vai colocar pessoas para ficaram me seguindo e eu não vou fazer nada? E outra, é um chute pra você ficar esperto.

Ele olha na direção da boca dela é começa a rir que nem um louco.

- Meu Deus, que feia.

- Otário!

Ela vai para a cama dela e se senta, ele vem até mim e finalmente me abraça.
Eu sinto seu abraço com o maior cuidado para não me machucar. Cola a testa na minha.

- Oi minha vida!

- Oi!
Digo sem jeito.

- Obrigado por não me abandonar.

- Eu te amo!

- Eu também te amo!

- A vamos parar com essa melação que ninguém merece, tô aqui ainda e não vou segurar vela.
Dekinha fala ficando de pé em cima da cama.

O médico entra nesse instante e a vê de pé na cama.

- Pelo jeito você está querendo ficar mais uns dias no hospital é?

Dekinha revira os olhos.

- Então doutor quando vamos ter alta?
Pergunto.

- Agora Ester! As duas estão liberadas.

- Obrigada doutor.

- Ester você deve retornar para acompanhamento e refazer alguns exames, sua amiga doida não precisa voltar só precisa ir ao dentista.

Ele fala com sarcasmo olhando para a Dekinha.

- Olha você tem sorte querido! Eu estou de alta e não quero brigar.

Ele se vira e nesse momento entro em desespero.

Dekinha espetou a bunda do Doutor com uma agulha.
O coitado deu um pulo. E ficou muito bravo.

- Bunda dura em doutor!
Ela fala zombando enquanto o doutor sai da sala.

- Vamos embora logo antes que o médico traga a camisa de força para essa louca.

Saímos do hospital e Dekinha estava sorrindo para todo mundo, mandando beijos, mostrando a língua. Claro! Exibindo seu sorriso maravilhoso.
Ela se diverte com os olhares dos outros.

E Marcello está se divertindo, Dekinha desperta o lado infantil dele.

Seguimos para casa, mas vejo que não é o caminho certo.

- Para onde nós vamos?

- Para a minha casa!

- Mas você mora em um apartamento.

- Mas eu tenho casa! E vocês duas vão ficar lá. É mais seguro e tem mais espaço.

- Só fico se tiver piscina!
Fala Dekinha.

- Marcello não está certo!
Digo.

- Sem reclamação, seus pais já estão aqui, eu tomei a liberdade​ de convidar.

- Meu Deus!

- Eu te amo e vou cuidar de você!

- Eu também te amo.

Descemos do carro e Dekinha vai direto para a piscina e se joga.

- Que loca!
Marcello fala horrorizado.

Ela sai com a mão na costela, com certeza sentindo dor.

- Quando você vai aprender a ser menos irresponsável.
Pergunto brava.

- Ou era isso, ou mijava nas calças.
Ela fala próximo ao meu ouvido.

- V- Você??

Ela me olha sorrindo e eu fico paralisada acho que a surra prejudicou ainda mais sua saúde mental.

Menina louca!

- Ester venha!

Marcello pega na minha mão me levando para dentro e vejo soltar um suspiro.
Acho que alívio por estar em casa depois de tudo.

Um Contrato Com Meu Chefe (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora