Eu nunca

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Olá meus amores, trouxe mais um capítulo para vcs, espero que gostem xD!
Votem e comentem o que acharam do capítulo.
Aceito críticas construtivas ;)

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POV Dean




   Chego em casa e passo o resto da tarde vendo um filme com Ty e Charlie. Eles parecem mais próximos que o normal. Há certa cumplicidade entre os dois.
  –Dean ainda tem cerveja aí?
  –Na geladeira... -Respondo entretido, Tyler está deitado com a cabeça apoiada em minha pernas, ele está quase dormindo aqui.
   Charlie volta com uma para mim também.
  –Ty bebe também? -Pergunta ela.
  –Não.
  –Papai não deixa. -Diz ele sem tirar os olhos da TV.
   O filme acaba, começamos a conversar até eu me dar conta que já passa das onze.
  –Ty.. banho e cama campeão.
  –Ainda é cedo...e eu não tenho aula amanhã.
   Suspiro, toda vez é a mesma coisa. É uma briga para fazer Tyler ir para cama.
  –Filho já está tarde...
  –Ainda não papai...deixa eu ficar acordado mais um pouco. -Pede ele se virando no sofá de modo que pudesse ficar de frente para mim, ainda deitado sobre minhas pernas. Seus olhos pidões agindo para me manipular. Sorrio para ele, se Tyler soubesse que sou capaz de fazer qualquer coisa por ele quando o mesmo põe esses olhinhos para funcionar...eu estaria totalmente perdido.
  –Ok... só mais um pouco tudo bem?
  –Sim!
   Ele sorri e abraça minha cintura, o que me encanta. As vezes Tyler age como se ainda fosse o meu garotinho de oito anos, e isso me fascina... não sei o que faria se um dia isso mudasse. Mais acho que isso seria impossível, esse jeito carinhoso já é do meu filho... personalidades assim nunca mudam. Não importa quantos anos ele tenha, Tyler sempre vai ser o meu garotinho.
  –Vamos fazer um jogo? -Propõe Ty, se sentando no sofá.
  –Que tipo de jogo? -Pergunto ao mesmo tempo que Charlie, que me mira e sorri. Sorrio de volta e miramos Tyler em expectativa mal contida.
  –O jogo do “Eu nunca”.
  –E como funciona esse jogo? -Pergunta Charlie curiosa.
  –Funciona assim: Eu pegarei três copos de água cheios, cada um de nós, um por vez vai dizer uma coisa que nunca fez, e os que já fizeram devem beber um gole do líquido...e gente, nesse jogo a sinceridade deve sempre reinar ouviram?
  –Acho que sim... -Murmuro meio receoso ao ter que falar coisas que provavelmente eu não diria na frente do meu filho.
  –Eu entendi! -Diz Charlie entusiasmada, estou vendo que ela não se importa nem um pouco de revelar suas verdades.
  –E tem mais uma coisa...isso vai especialmente para você Dean...nada do que é dito aqui, pode ser usado em nossa contra...o que acontece aqui fica aqui... é como Vegas...o que acontece em Vegas fica em Vegas.
  –Tudo bem...isso me reconforta mais. -Ironizo, e ele ri.
   Tyler se levanta e corre em direção a cozinha.
  –Você já brincou disso?
  –Nunca..e você?
   Nego com a cabeça, vendo como Tyler volta com três copos e uma jarra de água. Ele enche os copos e se senta ao meu lado, nos entregando os copos.
  –Tá, eu começo... daí você continua papai e depois é a vez de Charlie.
  –Tudo bem... comece. -Charlie se arruma no sofá.
  –Eu nunca usei maconha.
   Eu já sabia disso, já o avisei mil vezes para nunca usa-la, ainda assim saber disso me alivia.
   Ainda bem que Sammy não está aqui, senão ele teria que beber. Charlie leva o copo até a boca e bebe um gole pequeno. A miro um pouco surpreso,e Tyler ri.
  –Não me julguem, eu tinha dezesseis anos e estava em uma festa universitária... -Diz ele me mirando e dando de ombros.
  –Viu papai, dezesseis.... Minha idade. -Comenta Tyler, jogando uma indireta para mim, embora pelo tom eu saiba que é apenas uma brincadeira. Assim que decido responder meio na brincadeira e meio sério.
  –Você pode ter vinte, trinta ou até quarenta...nada de maconha pra você campeão, ou terá que se entender comigo depois. -Digo. Tyler faz um careta e ri.
  –Pensando bem...acho que nunca vou querer experimentar... Charlie pode me contar de sua experiência. -Diz ele ainda rindo.
   Charlie ri também, levando tudo na brincadeira, mais sei que Tyler sim entendeu bem minha mensagem.
  –Sua vez Dean. -Diz Tyler expectante.
  –Eu nunca... -Penso um pouco, o que eu nunca fiz? Já fiz tantas coisas... -Eu nunca pulei de paraquedas.
   Novamente Charlie bebe um gole de água, caramba, ela já pulou? Tem alguma coisa que essa menina nunca fez?
  –Serio? -Pergunta Tyler entusiasmado.
  –Ahan...e é bem divertido. -Sorri ela contente.
  –Sua vez Charlie. -Digo sorrindo.
  –Eu nunca fugi de casa.
   Nesse momento olho para Tyler que me devolve um olhar cúmplice, ambos bebemos um gole e Charlie nos mira com surpresa.
  –Os dois? -Indaga ela.
  –É de família. -Respondo dando de ombros.
  –Acho que é algo que vêm nos genes. -Brinca Tyler, nos fazendo rir.
  –E como foi? -Charlie continua perguntando, interessada e curiosa ao mesmo tempo.
  –Bom...eu tinha dezesseis anos, queria ir a um clube, eu sabia que papai não iria deixar, então quando deu meia noite e todos estavam dormindo eu decidi fugir...embora minha intenção fosse voltar assim que possível.
  –E ninguém te pegou? -Pergunta ela divertida, no mesmo instante ouço o riso de Tyler ecoar pela sala. Então ele acha divertido...claro que acha, ele já ouviu essa história antes.
  –O que houve? -Pergunta Charlie querendo rir também.
  –John o encontrou no clube...de porre.
  –Sério? Mais como ele conseguiu isso? -Pergunta ela rindo também.
  –Até hoje eu não descubri isso...e vocês ainda riem... não foi engraçado na hora, ele me deu uma surra por causa disso. - Não consigo me segurar e acabo rindo também, contagiado por ambos.
  –Então isso também deve estar nos genes... você fez a mesma coisa quando eu escapei de casa. -Retruca Tyler ainda rindo.
  –Você me deixou preocupado.
  –Como foi? -Pergunta Charlie.
  –A primeira vez eu tinha nove anos, fiquei bravo com papai porque ele brigou comigo. Então eu decidi fugir de casa, eu não fazia idéia de para onde ir...mais eu estava certo que Dean não gostava mais de mim. Então eu fugi...ele me encontrou no mesmo dia...e deixou bem claro que nunca iria deixar de me amar... não importa o que acontecesse. Ele também me castigou por isso. Até hoje não faço ideia de como ele me encontrou também.
  –Segredo dos pais. -Sorrio para ele que roda os olhos...me lembro de como me preocupei aquele dia, foi um dos piores dias da minha vida, não saber onde meu pequeno estava.
  –A segunda vez  foi para ir a um show da minha banda favorita, eu tinha quinze anos e nem preciso dizer que as coisas não acabaram muito bem para mim. Mais pelo menos aproveitei bem o show. E a última vez foi recentemente, Dean não me deixou caçar, e eu decidi ir por conta própria. Ele só me descobriu porque eu acabei pegando chuva, estava chovendo no dia, fiquei resfriado, ele desconfiou e eu acabei confessando.
  –Meninos, eu não queria ser o pai de vocês...caramba acho que os dois dão um trabalho enorme. -Brinca Charlie.
  –Tyler sim...eu já amadureci. -Digo cheio de mim.
  –Claro que sim... -Ironiza meu filho, jogando uma almofada em mim. A agarro no ar rindo da perplexidade do meu filho.
  –Sua vez campeão.
   Estou gostando do jogo, é mais legal do que pensei.
  –Eu nunca fiquei de porre.
   Charlie e eu rimos e bebemos um gole cada um. Continuamos com a brincadeira por um bom tempo, rindo e contando histórias engraçadas. Tenho certeza que todos nos divertimos muito com isso, quando vi que Tyler estava quase caindo de sono o mandei para a cama.
  –Banho e cama.
   Ele assente e me abraça.
  –Boa noite papai.
  –Boa noite pequeno... -Dou um beijo em sua cabeça, seu cabelo está bagunçado.
  –Boa noite Charlie. -Ele também brinda um abraço a minha amiga, que sorri.
  –Boa noite Ty...durma com os anjos.
  –Tio Cas está ocupado para vir dormir comigo. -Brinca ele, fazendo referência a Castiel, já que o mesmo é um anjo.
   Não o vejo a um tempo, ele disse que precisava restaurar a ordem lá em cima.
  –Tyler é um encanto... -Murmura Charlie me mirando com um sorriso nos lábios.
  –É sim...meu encanto. -Digo sorrindo.
  –E a mãe dele Dean? Você nunca falou sobre ela.
  –Robin não queria um bebê...ela o teve e eu só fiquei sabendo que tinha um filho no dia do nascimento do mesmo...ele nasceu e Robin o deu para mim. Depois disso eu nunca mais a vi.
  –Como uma mãe pode deixar um filho assim?
  –Eu não entendo também...ela estava chorando quando me entregou Tyler...chorando muito sabe...mais ainda assim não voltou atrás em sua decisão. E para falar a verdade eu não entregaria o bebê a ela novamente. Desde a primeira vez que o vi, eu soube que Tyler era meu, minha responsabilidade, minha vida.
   Eu gostava de Robin, acho que ela foi minha primeira paixão. Sofri quando tive que deixa-la, e sofri ainda mais ao ver que ela não era quem se mostrava ser. Quando ela disse que nunca mais queria ver o bebê...isso quebrou meu coração em mil pedacinhos...como alguém poderia ser tão insensível a tal ponto?
   Qualquer bom sentimento que eu ainda tivesse por ela, morreu ali, naquela noite.
  –Você é um bom pai Dean Winchester... Tyler me disse hoje, que você é o melhor.
   Sorrio, é bom saber que meu filho pensa assim. Tyler é tudo para mim, é a razão da minha vida ter um sentido.

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