O início de uma confusão

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Olá meus amores, aqui está o capítulo 28... Espero que gostem :)
Ps: Eu preciso saber meus amores, pq estou escrevendo alguns capítulos que podem mudar totalmente de acordo com a resposta de vcs. O que vcs acham de uma segunda temporada?

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POV Tyler

   Estou fazendo um trabalho que a professora de química passou para casa quando Joey entra em meu quarto e se joga na cama, encarando o teto. Rodo os olhos, parece que “Privacidade” virou uma palavra desconhecida aqui no bunker.
  — O que foi? -Pergunto sem tirar os olhos do caderno. Odeio cálculos!
  — Estou entediado... O que você está fazendo? -Pergunta se sentando na cama.
   Hoje só estamos nós dois no bunker, vô John saiu para uma caçada, disse que iria ajudar um amigo. Papai e tio Sam estão no trabalho. Nesses últimos dias Dean e Joey tem passado um bom tempo juntos, acho que estão se acertando.
   — Um trabalho para a aula de química... Porque não vai ver Tv? Pode te distrair por um tempo...
  — Estou cansado de assistir.
  — Que tal ouvir música?
  — Posso tocar a sua guitarra? -Pergunta, de repente mais animado. Desvio a atenção do caderno para ele. Meu irmão está admirando minha guitarra na parede.
  — Você sabe tocar?
  — É uma das poucas coisas que realmente gosto de fazer.
  — E quem te ensinou? -Pergunto interessado, Joey nunca me falou que sabia tocar...
  — Um dos vampiros do ninho... Ele tocava em uma banda quando era vivo... Até Keyzel o transformar a alguns anos. Jeff me ensinou tudo o que sabia, ele até me deu sua guitarra de presente, quando completei nove anos. Acho que ele gostava de mim... Na verdade acho que ele gostava de crianças em geral, e como eu era a única criança no ninho, ele se apegou fácil...
   Meu irmão fala com um ar nastalgico, acho que ele gostava desse tal de Jeff.
  — E ele te tratava bem? -Pergunto interessado, deixando a lição de lado e caminhando até a guitarra.
  — Melhor impossível. Passávamos horas tocando e conversando... Jeff me defendia quando Keyzel estava muito irritado.
  — Eu não sabia que vampiros tinham sentimentos.
   Joey ri.
  — Alguns não tem. A natureza deles é essa... Mas outros sempre tem resquícios de suas personalidades humanas. Jeffrey era ótimo em campo, mas quando via uma criança, deixava seu lado gentil aparecer. Isso custou sua vida.
  — Como assim?
   Meu irmão me encara durante alguns segundos, posso ver um traço de dor em seu olhar.
  — Keyzel sempre odiou esse lado “fraco” de Jeff... Sempre odiou a relação que tínhamos. Então ele o matou. O decapitou na minha frente. -Sua voz falha ao me dizer isso. Joey está com uma postura firme, mais é visível que isso ainda o abala muito.
   — Porque na sua frente? Se ele realmente gostasse de você não o teria feito passar por isso! -Digo lhe entregando a guitarra.
  — Keyzel me ama...Ele só não sabe lidar com isso. Estávamos rindo quando ele chegou... Jeff havia comprado uma caixa de chocolates para mim, ele estava me contando piadas... Keyzel odiou ver aquilo. Ele disse que eu era apenas dele e de mais ninguém. Então ele o matou. Eu comecei a chorar, desesperado por perder meu melhor amigo... Keyzel me deu surra e ficou dias sem falar comigo...
   Me sinto mal ao ouvi-lo... Joey realmente parecia gostar de Jeff, que ao parecer era o único que lhe fazia feliz.
  — Eu sinto muito por ele... E por você tem passado por tudo isso.
   Joey dá de ombros, tocando uma nota.
  — Não sinta... Sentir machuca.
   Suas palavras me calam. Ele está certo, sentir machuca... Mas como seres humanos, temos sentimentos e é impossível reprimir​ todos eles.
   Antes que eu pudesse dizer algo, Joey começa a tocar... Uma letra que nunca ouvi antes, mas que me cativa no mesmo instante em que ele começa a cantar :

— Ligo para você no meio da noite
Como um vagalume sem luz
Você estava lá como um maçarico queimando
Eu era como uma chave que gostaria de te acender

Tão cansado que não podia nem dormir
Tantos segredos que não pude guardar
Eu prometi a mim mesmo que eu não iria chorar
Mais uma promessa que eu não pude cumprir

Parece que ninguém pode me ajudar agora
Eu estou bem no fundo
Não há saída
Dessa vez eu realmente me perdi

Trem fugitivo, nunca vai voltar
Caminho errado numa estrada de mão única
Parece que eu devia chegar a algum lugar
Por algum motivo eu não estou nem aqui nem lá

Você pode me ajudar a lembrar como sorrir?
Fazer Por algum motivo tudo parecer valer a pena
Como será que fiquei tão cansado?
O mistério da vida parece tão desbotado

Eu posso ir aonde ninguém mais pode
Eu sei o que ninguém mais sabe
Aqui estou eu apenas me encharcando na chuva
Com uma passagem para um trem desgovernado

E tudo parece simplório
Dia e noite, terra e céu
Às vezes eu simplesmente não acredito

Trem fugitivo, nunca vai voltar
Caminho errado numa estrada de mão única
Parece que eu devia chegar a algum lugar
Por algum motivo eu não estou nem aqui nem lá

Comprei uma passagem para um trem fugitivo
Como um maluco rindo da chuva
Um pouco incomunicável, um pouco insano
É apenas mais fácil do que lidar com a dor

Trem fugitivo, nunca vai voltar
Caminho errado numa estrada de mão única
Parece que eu devia chegar a algum lugar
Por algum motivo eu não estou nem aqui nem lá

Trem fugitivo, nunca vai voltar
Trem fugitivo, destruindo o trilho
Trem fugitivo, queimando nas minhas veias
Eu fujo, mas sempre parece igual

   A voz do meu irmão é incrível... É muito bonita, e a forma como ele toca... Meus olhos estão lacrimejantes... É uma canção triste, e parece que ele realmente passou por tudo aquilo que a letra diz.
  — De quem é a música?
  — Minha.. eu a compus pouco tempo depois de perder Jeff...
  — Uauu... Isso é incrível... São muitos talentos para uma pessoa só. -Digo sorrindo para ele -Você canta estupendamente, toca de uma forma única e compõe letras tocantes. Você é o pacote completo meu irmão.
   Ele sorri levemente ao ouvir minhas palavras.
  — Jeffrey também achava que eu cantava bem... Cantávamos juntos as vezes, fingindo que estávamos em uma turnê famosa sabe. -Confessa ele rindo baixo.
  — Você deve sentir falta dele...
  — Isso nunca vai mudar... Mas e você Ty, canta também?
  — Só debaixo do chuveiro. -Digo sorrindo, sou sincero com ele - Eu realmente não sei cantar. Papai sabe, assim como sua voz, a voz dele é maravilhosa. Geralmente ele canta e eu toco... Mas Dean também sabe tocar, foi ele quem me ensinou.
   Joey sorri e volta a tocar, seus dedos brincando com as cordas da guitarra, tão naturalmente que parece que ele toca a vida toda.
   Ficamos assim por quase uma hora, quando decidimos que é hora de nos divertimos fora do bunker.
   Eu sei que estamos proibidos de sair sem avisar, principalmente Joey que pode tentar fugir. Mas eu confio em meu irmão e acredito que se ele quisesse realmente fugir já teria fugido. Joey é muito esperto.
  — Dean vai pirar se descobrir que saímos. -Indaga Joey, ele sorri de forma divertida. É visível que meu irmão ama uma aventurinha.
  — Ele não vai pirar se não descobrir. Se alguém não abrir o bocão papai não vai descobrir nada. -Retruco, fechando o bunker.
  — Por acaso está insinuando que eu sou dedo duro?? -Indaga Joey indignado.
  — Vai saber... Nunca aprontamos nada juntos, não sei como você age sob pressão. -Respondo tentando tirar uma com ele. Meu irmão me empurra “amigavelmente”, caray, quanta força para um empurrãozinho que era para ser amigável!
  — Cala a boca Ty... Eu não vou abrir o bico. -Ri ele. -Espero que você faça o mesmo.
   Dou de ombros. Porque raios eu iria contar a Dean que vamos pichar alguns muros pela cidade? Ele deixou bem claro da última vez o que aconteceria se eu voltasse a tocar numa lata de spray.
   Mas eu adoro fazer grafites, e preciso mostrar um pouquinho do meu mundo ao meu irmão.
   Claro que antes eu avisei bem o que aconteceria se papai descobrisse, e mesmo assim ele topou. Joey adora desafios, e a ideia de “ Vandalizar” algo alheio lhe atraiu bastante. Tentei explicar a ele que o faço é arte, mas Joseph não ouviu. Quase ninguém entende a diferença...
  Bom, para o nosso bem, espero que cheguemos em casa antes de papai e tio Sammy voltarem do trabalho. Caso contrário estaremos ferrados.
  

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