Reconciliação

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Oii meus amores, espero que gostem do capítulo. Desculpem qualquer erro ortográfico, mas ando muito ocupada esses dias e mal tive tempo​ de revisar.
Comentem o que acharam do capítulo, ficarei muito feliz em saber :)
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POV Tyler






   Mostro grande parte do bunker a Joey e ele parece gostar do lugar. Faz algumas perguntas e não é tão agressivo como eu imaginava. Na verdade acho que gosto dele, afinal bem ou mal Joey é meu irmão gêmeo, temos um laço que ultrapassa muita coisa. Quando Dean me falou sobre ele eu quase não acreditei. Um irmão... É algo surreal para mim. Quando eu era pequeno eu queria um irmão, uma companhia para as brincadeiras incessaveis. Mas em seguida dispensei a ideia.
   Nos sentamos em um dos corredores, um ao lado do outro. Depois de leva-lo para conhecer grande parte do bunker.
  –Vai me contar qual é o seu problema com o Dean? -Pergunta ele como se fosse apenas mais uma pergunta casual. Conversamos sobre muitas coisas enquanto eu lhe apresentava o local onde vivo, ele me perguntou muitas coisas sobre Dean, mais ainda não havia me perguntado isso.
  –Nós todos temos problemas. -Digo dando de ombros, não quero tocar nesse assunto. Ainda estou bravo com Dean e falar nele agora não ajudaria muito.
  –É verdade... -Murmura sem muito interesse -Mas eu não quero saber o problema de todo mundo e sim o seu. Você é meu irmão e não parece se dar mal com Dean.
  –Como pode saber? Você chegou aqui ontem.
  –Vocês agem com confiança...pra mim só parece mais uma briguinha de pai e filho.
   Me irrito com sua frase. Ele não sabe de nada.
  –Você não sabe nada sobre mim! Dean é um idiota.
  –Eu não sou fã dele não...mas ele parece ser um bom pai pra você. Pelo que você me contou... E pelo que pude ver ontem.
  –Um bom pai não faz o que ele fez comigo.
   Ele me mira curioso.
  –E o que ele fez?
   Fico em silêncio durante alguns segundos, não sei se devo falar sobre ontem. Mas por alguma razão sinto que posso confiar em Joey.
  –Ele me...Me castigou por algo que eu não merecia. E não foi nada brando. -Murmuro abaixando a vista.
  –Ele te machucou? -Pergunta com um fio de preocupação em sua voz.
  –Não necessariamente...
  –Ele te bateu?
  –É...Ele bateu. -Digo um pouco desconfortável com o tema, geralmente não falo sobre isso com ninguém.
   Joey fica em silêncio durante alguns segundos.
  –Deixa eu ver. -Fala me deixando sem saber a que ele se referia.
  –Ver o que?
  –As marcas.
   Hesito um momento antes de levantar a manga da camisa que estou usando.
  –Isso não parece ter sido causado por golpes... Ele deve ter apertado muito forte para ter ficado assim. -Comenta e por alguma razão não parece surpreso -Não se preocupe, a marca vai sair em poucos dias. Agora me mostre as outras.
  –Outras o que?
  –As marcas que ele deixou quando te bateu Tyler! -Explica ele sem muita paciência.
   O encaro perplexo.
  –Marcas? Não tem marca nenhuma Joey! Dean nunca me deixou marcas! Pelo menos não com golpes -Respondo, afinal as marcas do cinto já saíram, então não conto como marcas.
   –Então não vejo motivo para você estar tão bravo. -Diz ele dando de ombros.
   –Claro que você não vê, foi comigo e não com você! Como poderia me entender... -Murmuro irritado -O fato é que Dean foi um péssimo pai agindo assim.
   Joey se levanta visivelmente irritado.
  –Tyler me responda uma coisa: Seu pai já te bateu até você perder a consciência?
  –O que? Claro que não Joey! Porque está me perguntando isso? -Questiono me levantando também. Que tipo de monstro bateria em alguém até deixa-lo inconsciente?
  –Então você não sabe o que é ter um péssimo pai.
  –Você não tem moral para me dizer nada, como eu disse, não aconteceu com você e sim comigo. Dean foi muito injusto e eu não posso perdoa-lo. -Respondo irritado com meu irmão...Ele nunca poderá me entender. Joey me encara durante alguns segundos, exibe um sorriso irônico antes de levantar a camiseta.
   O que eu vejo me deixa horrorizado. Seu abdômen assim como suas costas estão repletas de marcas, cicatrizes e hematomas. Há cortes recentes ali, inflamados e que se não tomar cuidado pode abrir e voltar a sangrar. São ferimentos de variados tamanhos atravessando suas costas. Aquilo deve doer horrores. Quem fez isso com ele?
  –Joey... -Ele me interrompe abaixando a camisa.
  –Você não sabe o que é injustiça Tyler... Você viu isso? Isso é injustiça. Ter seu braço quebrado em meio a uma surra por algo insignificante, tudo porque você saiu sem pedir permissão... Isso é injusto. É injusto você apanhar até sangrar e depois ser acorrentado em um lugar qualquer. É injusto te deixaram uma semana trancado num porão imundo e frio porque você respondeu algo que o seu pai não gostou. É injusto te golpearem com uma vara até ela quebrar, é injusto ser amordaçado e algemado... Isso é injusto Tyler. Não me diga que Dean foi injusto com você...Eu perdoei meu pai todas as vezes, porque você não pode perdoar o seu?
   Não sei o que dizer...Meu irmão deve ter sofrido muito durante todos esses anos. Ele sofreu de uma forma que eu nunca poderei imaginar. Depois de tudo isso, eu estou parecendo um imbecil por ter dito aquilo de papai. As únicas palavras que deixam minha boca são:
  –Ele quebrou o seu braço?
   Sei que eu deveria ter dito outra coisa, mas não sei o que dizer. E me impressionou saber que alguém quebrou seu braço a base de golpes...Isso é horrível.
  –Eu te conto tudo isso, e você vai mesmo me perguntar sobre meu braço? Você deveria estar pensando em ir se resolver com seu pai e não pensando no meu braço quebrado... -Ri ele me mirando de forma curiosa - Se eu te contar você vai falar com o Dean depois? Vai tentar resolver as coisas?
  –Porque você se importa com isso? Você nem gosta do Dean. -Digo dando de ombros. Ele volta a se sentar no chão e eu o imito.
  –Eu nunca disse isso. -Responde encarando suas mãos. Sua voz sai baixa e rouca.
  –Então você gosta? -Pergunto surpreso.
   Ele me encara em silêncio, segundos depois fala:
  –Você vai se resolver com ele ou não?
  –Tudo bem... Mas só depois que você me contar a história. -Respondo percebendo a mudança tão repentina no assunto.
  –Você é muito curioso sabia? -Indaga ele divertido -Mais tudo bem..Eu conto. Foi a dois anos atrás, todos do ninho foram caçar e eu fiquei sozinho. Keyzel me deu ordens claras para não deixar o recinto sobre nenhuma circunstância. Mais eu desobedeci...Horas depois eu comecei a sentir muita sede..Tentei ignorar mais não funcionou. Não havia água no estoque, havia acabado. E não tinha encanamento naquele lugar, ou seja, eu precisava sair de casa. E eu saí...Fui até a cidade que ficava cerca de meia hora do galpão onde estávamos aquela semana. Foi o lugar que ficamos menos tempo, já que não tinha água e nem luz... Não tinha nada e estava em péssimo estado. Voltando ao ponto, eu saí e comprei a água, voltei para o galpão o mais rápido possível, só que o grupo já havia chegado. Pense no estado em que eu fiquei quando vi que eles já haviam chegado...Eu sabia que Keyzel iria acabar comigo quando eu entrasse. Só que não tinha para onde eu ir... Eles iriam me achar em qualquer lugar... Então eu entrei.
   Joey abaixa a cabeça fazendo uma pausa. Sinto uma raiva tremenda desse tal de Keyzel...Ele quebrou o braço do meu irmão só porque ele saiu para comprar água? que tipo de monstro é esse?
  –Então você entrou e ele quebrou seu braço? -Pergunto tentando entender melhor.
   Joey ri baixo.
  –Quase isso...Eu entrei e ele me agarrou pelo pescoço. Eu cheguei a pensar que ele me mataria de verdade aquele dia... Keyzel estava furioso. Ele me mostrou suas presas e me jogou com força contra o chão. Eu me machuquei bastante nesse momento. Mas não foi nada comparando com o que aconteceu em seguida. Ele... Ele pegou um pedaço de viga...Uma viga de madeira sabe, que estava num canto... Então ele começou a me bater com ela. Ele me golpeava sem parar, com força e pelo corpo todo. Eu tentei me levantar, mais ele não deixava...Me batia e voltava a me jogar no chão. Num desses momentos deu três golpes seguidos no meu braço, foi com tanta força que eu senti o momento exato em que quebrou. Foi uma dor terrível...Mais uma para acrescentar as que eu já estava sentindo... Mais ele não parou por aí...Continuou batendo, eu não conseguia me mover, doía tanto... Então depois de um tempo eu acabei perdendo​ a consciência. Ele não bateu em minha cabeça, nunca bateu na verdade...
   Ele constata esse último fato com surpresa, como se fosse a primeira vez que pensava nisso.
   Conforme Joey ia falando sua voz diminuía aos poucos, em nenhum momento ele me olhou nos olhos. Acho que foi difícil falar em algo tão doloroso. Ele passou por tanta coisa... Ser espancado com um pedaço de madeira até desmaiar...Isso passou de todos os limites.
  –Joey...Eu sinto muito por isso. Esse cara é um idiota.
  –O que posso fazer? A gente não escolhe a família...
  –Ele não é a sua família Joey! Eu sou, papai é, tio Sammy e John... Nós somos!
  –Keyzel me criou como um filho...Ele é o único pai que conheço. Ele errou porque não é perfeito...Mas foi ele quem cuidou de mim desde sempre...Não foi Dean.
   Seu tom é calmo e calculado...Como se tivesse se repetido isso muitas vezes até se convencer de suas palavras.
  –Ele te machucou Joey... Você deveria odiar esse cara!
  –Você não entende...Eu tenho uma relação de amor e ódio com Keyzel...Ele é o único pai que eu tive. E nem sempre ele age como um puto insensível...As vezes eu merecia o castigo, convenhamos que eu não sou nenhum anjo.
   Eu não sei o que dizer, não consigo entender como ele pode insinuar que ama alguém que lhe machucou tanto. Percebo que fui um idiota querendo me afastar de Dean, ele é tão bom comigo. Tenho sorte de te-lo como pai.
  –Agora você não precisa mais dele... Você está com a sua família, sua família de verdade. -Respondo com tato.
  –Você não entende Ty... -Murmura ele em um tom baixo -Mais e aí, que tal ir fazer as pazes com o seu pai?
   Ele exibe um sorriso sincero, assim que não tenho outra opção a não ser sorrir de volta.
  –Vamos comigo?
  –Claro...E Ty?
  –Humm?
  –Não conte nada do que te falei aos outros...Eu não quero ter que responder perguntas sobre isso.
  –Mas Joey...
  –Você não pode dizer Tyler! -Ele parece um pouco exaltado, assim que decidi colaborar. Afinal, tenho certeza que papai irá averiguar tudo isso logo logo.
   Caminhamos de volta para a sala principal do bunker, onde papai e os outros estão reunidos.
   Sem dizer nada caminho até ele e lhe envolvo em um forte abraço. Um abraço que eu queria já faz um tempo. Fecho os olhos, pensando em como sou sortudo de ter Dean Winchester como pai. Não sei como pude pensar o contrario, creio que deixei a raiva falar por mim.
  –Eu sinto muito papai...Nada do que eu disse foi sério, eu não quero me afastar de você, eu te amo muito pra deixar que isso aconteça. -Murmuro sentindo como ele retribui o gesto com intensidade.
  –Eu também te amo muito Ty, você não faz ideia do quanto eu me assustei quando te ouvi dizer aquelas palavras... Pensei que estivesse te perdendo. -Confessa ele em tom baixo.
   Me sinto mal por ter lhe dito aquelas coisas, eu simplesmente não pensei antes de falar.
  –Nada daquilo importa mais... Joey fez eu perceber que tenho sorte de te ter comigo... -Sussurro. Meu irmão abriu meus olhos, muitas pessoas passam a vida sofrendo, sendo feridas por aqueles que mais amam. Dean é o oposto dessas pessoas, ele é ótimo comigo, ele faz o impossível para me ver bem... Para me ver feliz. Tenho que dar valor a isso.
   De repente sinto como ele me solta, só para segurar em minha mão e me puxar em direção a Joey que nos encara em silêncio. Posso ver o brilho de satisfação em seu olhar, afinal ele conseguiu o que queria.
   Dean lhe pega de surpresa quando o puxa para junto de nós, lhe incluindo no abraço. Ao mesmo tempo nos abraça com euforia, quase posso sentir o sentimento que exala do meu pai. Devo admitir que estou feliz de estamos juntos...
   Ele sussurra algo no ouvido do meu irmão, mas não consigo ouvir suas palavras com clareza.
  –Agora sim nossa família está completa...E vocês não fazem idéia de como isso me deixa feliz. -Diz Dean depois de alguns segundos em silêncio -Seja bem vindo Joey.

  

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