Capítulo 13

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   Quando chegam a sala, ela está completamente escura e silenciosa. Então Heloise fecha a porta cuidadosamente e sussurra para Colin a seguir. A imagem da mãe parada na escada e acendendo as luzes, passa pela cabeça dela. Mas quando espreme os olhos para enxergar sobre as sombras, não vê absolutamente nada.

Ela o leva para a cozinha onde fica o armário que a mãe guarda o kit de primeiros socorros básicos. Liga as luzes e o pede para se sentar em uma das cadeiras amadeiradas do jogo de mesa de Margot.

Heloise observa que a caixa com a cruz vermelha está em seu campo de visão, porém longe do seu alcance. Ela estica o corpo na ponta dos pés para pegar o kit mas não adianta muito os esforços. Colin então se levanta da cadeira e estica o braço para buscar a caixa para ela, sem grandes dificuldades.

  — Aqui está. — ele entrega a ela. Heloise balbucia um obrigado.

Colin volta a se sentar na cadeira e fecha os olhos como se Heloise fosse lhe dar uma injeção. Ela arqueia uma sobrancelha diante aquilo, mas ele não percebe.

O ferimento de Colin não é grave, mas por ele ter sofrido a batida no teto do carro, o corte pode inflamar mais. Então o primeiro passo que Heloise deu para começar a trabalhar naquele machucado foi, pôr as luvas. Ela sabia que poderia passar bactérias das mãos para o ferimento.

Colin engole em seco quando ela pega a solução antisséptica e um pedaço de algodão para limpar o sangue e a ferida.

  — Não vou ser hipócrita e dizer que não vai arder. — Heloise comenta quando se aproxima dele.

  — Eu me sentiria melhor se fosse. — rebate Colin. — Mesmo mentindo acho que acreditaria em você.

Heloise prende a respiração. E ele continua com os olhos fechados, para o alívio dela. Não queria que ele visse sua expressão.

Ela então começa a passar o algodão molhado no ferimento de Colin, que estremece a ardência que causa em sua pele. Heloise limpa toda a região de uma só vez para ele não continuar agonizando.

Um homem daquele tamanho estremecendo por causa de um machucadinho, pensou Heloise. Mas depois que olhou para ele, ali calado, sentiu remorso e teve vontade de apertar sua mão como no bar quando ele contou que a mãe havia falecido. Se deteve quando ele abriu os olhos de repente para encará-la.

  — Já acabou?

  — Falta o curativo. — responde Heloise. — Essa parte é mais tranquila.

Ela pega outro pedaço de algodão no kit e um rolo de esparadrapo. Posiciona o algodão sobre o corte e em seguida corta um pedaço da fita para pressionar e segurar o algodão. Heloise ficara satisfeita consigo.

  — Prontinho! — comenta ela. — Não doeu nadinha, não é? — debocha enquanto tira as luvas e as coloca de volta na maleta para guardar novamente no lugar. Se não fossem pegos pela mãe, Heloise não gostaria de deixar pistas dessa madrugada.

  — Sugiro que quando acordar hoje mais tarde, troque por um band-aid.

  — Sim, senhora! — responde Colin obediente. Heloise revira os olhos sorrindo.

Ela coloca a caixa de voltar no lugar na ponta dos pés novamente, vai até a pia para lavar as mãos e o silêncio se forma. Lá fora a noite plenava, com o céu estrelado e o vento que sacudia as árvores, fazendo um barulho agradável. A lua não apontara hoje. O que deixou Heloise chateada, antes de dormir ela quase sempre olhava para a lua.

  — Algum problema? — Colin pergunta distraindo-a.

  — Ah não. — ela responde.

Então ela escora no balcão enquanto ele se senta do jeito típico dos homens. Pernas abertas do Leste ao Oeste, e com um braço apoiado na mesa. O curativo acima da sua sobrancelha esquerda deixou-o com um ar sexy e continuava mais bonito que antes. Ele tinha um sorriso que pendia torto na face, e o jeito como tentava encarar algo no chão como se na verdade não quisesse encarar Heloise era, ela tinha que admitir, muito fofo.

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