Capítulo 41

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     Logo que chegou em casa, Heloise dissera aos amigos que ficaria bem. Mas era mentira, e no fundo Brooke e Nathaniel sabiam disso. Só que decidiram respeitar o espaço dela dessa vez.

Antes de estar ali, os policias entraram em contato com Heloise quando estava na casa do pai. Disseram que a investigação estava sendo resolvida o mais rápido possível e que já haviam liberado a casa. O que ela mais queria era a mãe por perto... viva. Mas isso também foi tirado dela.
Tudo parecia tão injusto.

Heloise não sossegaria enquanto não descobrisse quem fizera aquilo com sua mãe. Os investigadores comunicaram também que esse processo era demorado e um tanto sigiloso para preservá-la, Hector que ouvia tudo agarrou o telefone neste instante e insinuou que aquilo era errado. Por fim, Hector fora ameaçado por desacato e Heloise teria de esperar.

Ela mete a mão na cópia da chave da casa. Inspira. Respira fundo. Encaixa a chave na fechadura e com apenas um destranco, a porta se abre. Estava tudo em seu lugar pela primeira vista de Heloise, que larga as malas no canto da sala e fecha a porta atrás de si.

Inspira novamente. Respira fundo. E sente o cheiro do desinfetante da cozinha. Então ela anda até o sofá e passa a mão pelas almofadas. Pega uma delas e aperta sobre o peito, abraçando-a. Lembra-se de quando Margot redecorara a sala a exatos dois meses atrás e decidira escolher as capas vinho. Tão vivo. A dor em seu peito aumenta.

Heloise dá a volta e para em frente ao lugar onde encontrara a mãe. A este ponto lágrimas brotavam em seus olhos. Nunca se esqueceria daquele dia nem se quisesse. Sua mãe jogada no chão, estirada, sendo atendida por paramédicos e certamente a um fio de perder a vida. Enfim perdera. Mas isso doía em Heloise como se ela estivesse com uma bala alojada no peito. Essa deveria ser a dor que Margot sentira no momento em que uma arma, por um alguém desconhecido, fora apontada para ela e disparada sem exitação. Era assim que Heloise via aquela cena em sua cabeça.

De sua mãe implorando para não ser morta. E do seu assassino irritado pelos gritos dela. Heloise se pegava imaginando quais devem ter sido as últimas palavras de Margot. Ou seu último pensamento.

Depois do sonho com a mãe no jardim, ela não conseguia pensar em outra coisa senão em fazer justiça. A razão de Heloise estar viva, estava morta e ninguém poderia mudar isso.

Heloise chora baixinho. Se vira para encarar a escada que dava para o corredor dos quartos dela e da mãe. Naquele instante parecia que os degraus não tinham mais fim, como se tivessem esticado-o.

Ela vai vacilante para os pés da escadaria da sala e põe sua mão no corrimão. Lágrimas banhavam suas bochechas, descontroláveis. Seus passos são mais vacilantes ainda, mas mesmo assim Heloise sobe para o andar de cima.

Estava a mesma coisa desde a última vez que esteve ali para recolher suas roupas quando fora visitar o pai. A porta de seu quarto estava fechada, enquanto a de Margot estava levemente entreaberta e foi para lá que Heloise fora.

Ela empurrou a porta e um rangido ecoou pela casa tão silenciosa. Heloise procura o interruptor do quarto e acende as luzes no quarto tão obscuro pelas cortinas envolta da janela. Ela volta a apagar as luzes e atravessa o quarto puxando o tecido grosso da janela, revelando o clarão.

As coisas da mãe pareciam estar no seu lugar. Apenas as gavetas que foram remexidas pelos investigadores supostamente a procura de qualquer tipo de pista, onde Heloise encontra um porta retrato escondido. Quando o agarra sua visão se turva novamente sobre a foto da mãe com ela aos seis anos nos braços.

Heloise leva a mão á boca e o que sai é um gemido irreconhecível. Senta-se na cama perfeitamente alinhada da mãe e continua a chorar com o retrato em mãos. Não tinha ideia do que fazer sem sua mãe agora e reconhecia que esse luto moraria eternamente em seu peito.

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