Capítulo 4

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    Dois anos depois...

Muita coisa mudou na vida de Heloise após aquela noite. Naquele baile. Com aquele príncipe desconhecido. Já haviam se passado dois anos, e ela não conseguia esquecer por nenhum mísero minuto o aperto, o sorriso, os lábios dele... mas aos poucos a lembrança de seu rosto ia se desvaindo da mente de Heloise. Nada era tão claro, afinal estavam de máscara, e isso não poderia ser mais irônico na vida dela.

Será que pensava nela até hoje? Será que ele morava a um continente de distância dela? Ou será que ele já havia achado uma namorada estilo top model e esquecido-a completamente?, Heloise quebrava sua cabeça de tanto pensar, e por dois anos. No fundo se sentia ridícula, e uma ou mais vezes no dia se repreendia por ser tão tola. Ela nunca mais o veria, ele já deveria estar vivendo a vida dele e esquecido dela na primeira oportunidade. Por quê tinha de ser tão iludida? Pior... por quê sentia que o amava e que nunca iria esquecê-lo?

  ~♡~

Na noite em que voltou para casa as pressas para socorrer a mãe, chegara exausta do pronto socorro. Pôs-se diante do espelho e por um momento não se reconheceu. A máscara que havia sido arrancada dentro do táxi, agora estava jogada em cima da cômoda, seu vestido estava um pouco enrugado e amassado. Ótimo, teria que devolver o vestido para a mãe daquele jeito mesmo, pensou. Seu cabelo castanho estava despenteado e o coque havia tombado para o lado direito deixando-a com uma impressão de que acabara de sair de uma briga. Decidiu tomar um banho bem longo e quente, a madrugada estava fria e ela não via a hora de se enrolar em suas cobertas e adormecer, na tentativa de encontrar-se novamente com o príncipe desconhecido. Mesmo que em sonhos. E foi o que fez. E foi o que houve.

Na manhã daquele mesmo dia, pois Heloise notara no pronto socorro que havia deixado a festa poucos minutos antes da meia-noite, ela se arrastou até o quarto da mãe. Surpreendentemente Margot estava de pé, arrumando suas coisas e cantarolando uma canção dos Beatles. Heloise faz uma careta leve e se põe para dentro do quarto se jogando na cama.

  — Ao menos alguém acordou de bom humor hoje. — resmunga Heloise.

  — E você não? — Margot rebate. — Pelo que sei era você que estava na noitada. Não está de ressaca?

  — Como eu poderia estar de ressaca se tive que te levar para o hospital? — ela pergunta desdenhosa. — E com certeza eu ainda estaria dormindo uma hora dessas se tivesse enchido a cara.

Margot sorri e volta a cantar. Ela não era o tipo de mãe que prendia a filha, na maioria das vezes Margot tinha que forçar ou chantagear Heloise a pisar o pé fora de casa. Então se Heloise tivesse bebido até cair mas chegasse em casa como se tivesse voltando de um parque de diversão, Margot não a puniria, ficaria satisfeita só pela filha ter aproveitado uma noite do jeito que alguns jovens fazem.

Mas Heloise detestava esse tipo de comportamento, achava desnecessário beber tanto para vomitar muito, cair no chão, pagar mico e o pior... esquecer de metade das coisas que houve. Sabia disso, porque teve colegas desse tipo. Heloise fazia parte do grupo, sou a única sóbria no meio dos meus amigos. Isso não quer dizer que não colocava álcool na boca às vezes, era só questão de ser moderada. Nunca iria querer perder detalhes de nenhuma noite, e só aconteceria se bebesse na medida que seus rins não aguentassem e seu fígado se corroesse por dentro causando uma hemorragia. E claro estava exagerando, nada do tipo aconteceria.

  — Me diga como foi afinal, a sua noitada? — Margot pergunta exagerando na pronúncia noitada.

Heloise estava exausta mesmo. Não conseguira dormir do modo que queria, pois todas as vezes acordava no pesadelo em que deixava seu amado para trás e fugia sem saber ao menos o seu nome. Mas esse pesadelo foi, teoricamente, verdade. Mesmo assim, não queria falar nada sobre o que aconteceu. Nunca. Era especial demais e gostaria de guardar somente para si.

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