Capítulo 3

783 43 12
                                    

    Quando finalmente estavam fora do campo de visão de Audrey, Heloise e o ainda príncipe desconhecido continuaram uma lenta caminhada ao redor do salão. Ele se desculpara com ela pela interrupção desagradável da garota de pescoço fino, e disparou a dizer que a convivência dos dois era, na maioria das vezes, evitada por ele.

  — Mas ela parece gostar de você. — comenta Heloise. Ele revira os olhos.

  — Acredite, não é recíproco. — então sorri timidamente.

Os dois ficam um bom tempo sem falar nada. Só observando ao redor, e andando um do lado do outro. Heloise sente seu coração mais acelerado quando o pega de soslaio olhando para ela, a analisando e... aquilo foi um sorriso? Ele acaba de sorrir enquanto a media?

Mas isso não a deixara chateada. Prefere acreditar que ele gostou do que viu e por isso sorriu.  Então tentou concentrar seus pensamentos em algo e foi aí que Heloise olhou para através de uma imensa janela pela qual estavam passando. Com toda a sua glória e esplendor, lá estava a lua mais bonita que ela já vira poucas vezes na vida. Estava mais prateada que o normal e com certeza maior e mais brilhante também. Era essa luz do luar que clareava o salão todo agora,  intimidando a luz das velas e também dos lustres.

Só se lembra de ter visto duas vezes a lua daquele jeito. Quando seus pais ainda eram casados e naquele momento com aquele homem que ela não fazia ideia de como se chamava. Mas por quê não perguntara o nome dele logo? Pra quê tanta enrolação assim? Até porque quando se conhece alguém, não precisa começar pelo ponto mais importante? O nome?

Era isso, iria se virar para ele e perguntaria seu nome. E quando se virou para perguntá-lo, ele a estava admirando com uma intensidade que fez Heloise perder os movimentos das pernas.

  — Cuidado! — ele sorri enquanto a segurava de leve nos braços coberto pela echarpe, após ela  tropeçar em seus próprios pés.

Ela retribui o sorriso e balbucia um obrigado. E assim continuam o passeio pelo salão, ora se olhando de soslaio, ora fingindo não terem se olhado por que foram pegos se olhando.

E nesse vai e vem de olhares ele toma a iniciativa de quebrar o gelo.

  — O que faz?

  — Como? — ela aguça a audição para ouvi-lo melhor.

  — O que faz da vida? — ele pergunta quase rindo. Ele parecia gostar de rir.

  — Ah, sim. — Heloise volta a olhar para a frente. — Bom, no momento eu só estou terminando o ensino médio.

Ele acena.

  — Isso é bom. E depois?

  — Depois eu pretendo entrar na faculdade San Geiger para fazer publicidade. — ele arqueia uma das sobrancelhas para Heloise. — O que foi?

  — Publicidade?

  — Sim. — e foi só isso que respondeu. Heloise tentava decidir entre publicidade e teatro, coisas muito diferentes. Então quando tentou um papel na peça da escola em que estuda e não foi aprovada, colocou na cabeça que em publicidade se sairia melhor. E iria. Mas ninguém parecia por fé nisso, então não comentava muito sobre isso.

  — Já eu, estou indo para a administração. — ele comenta de repente. — Meu pai quer que eu assuma os negócios um dia, tarefa difícil quando se é o único herdeiro.

  — E como é o seu pai? — Heloise não sabe por que fizera aquela pergunta, mas estava relacionada ao fato de ele ficar meio tenso ao falar dele.

  — Creio que do mesmo jeito que ele é com todo mundo. — sua resposta bem um pouco demorada. — E eu até esperava que isso fosse só impressão minha, mas... — então ele morre a frase no "mas".

Ligados Por Uma Noite Onde histórias criam vida. Descubra agora