Capítulo 21

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    Na semana seguinte Heloise chegara na faculdade de olhos fundos e, aparentemente, com sua aura negra. Mal dormira por causa da mãe, que acordou na calada da noite para atender ao celular e ficou andando para lá e para cá no quarto. A reação de Heloise foi jogar um travesseiro na porta dela e reclamar do barulho.

Margot andara distraida e focada em algo que Heloise não fazia ideia do que fosse. Relacionado com Sherman. O advogado.

Então após a aula do professor Gordon, que não fora muito exigente com ninguém naquele dia, Heloise entra no refeitório para um meio-almoço. Ainda não vira Broo, Ed ou até mesmo Colin. Talvez seu estresse matinal esteja transparecendo mais do que imaginava.

Ao ser servida, Heloise caminha para uma mesa vazia e se acomoda. Deixa sua bolsa no braço da cadeira, bebe um pouco do seu suco de laranja e come um pouco de purê. Enquanto fitava seu almoço, a imagem de Colin repentinamente vem em sua cabeça. Quando ele se aproximou dela na festa e quis beijá-la. Sentiu um intenso arrepio passar pelo seu corpo ao lembrá-lo falando ao seu ouvido. Mesmo que tenha passado pela sua cabeça, apenas por um instante, retribuir aquilo, Colin estava inteiramente entregue a outras pessoas. Rodeado de pessoas superficiais e claro, mais interessantes que ela. Achava que ele apenas tinha feito aquilo por estar em efeito de álcool. E ainda tinha Priscilla, que Heloise sabia exatamente, estava afim dele. Não tinha chances.

Ela revira seu purê cabisbaixa e um pouco concentrada demais. Então levanta as vistas para a entrada do refeitório e avista Colin entrando. Seu estômago imediatamente se contorce. E a intensidade aumenta quando seus olhares se cruzam. Estava perfeitamente arrumado em uma camisa de gola V azul, calça jeans em lavagem apagada e os cabelos desalinhados. Seu olhar era sereno, um sorriso pendia em seus lábios e sua direção era... Colin fazia o caminho direto a Heloise, que desconcertou-se na cadeira. O que estava fazendo?, pensou.

Por um momento ela se voltou a mesa das pessoas cuja ele estava habituado a se sentar. Lá estava Priscilla, encarando-o. Já conseguia imaginar o fogo saindo pelas ventas dela se ele fosse se sentar com Heloise, mesmo sem saber o que diriam um ao outro.

Ao se virar para Colin novamente, uma imagem rápida passa pelo campo de visão de Heloise. Broo e Ed passaram pela porta do refeitório no sentido a saída da faculdade. Mesmo que ela não tivesse sequer falado com eles após a festa, Heloise não deixara de ficar mexida pela feição de Ed. Abraçado a Broo.

E mesmo sabendo que Colin estava diante dela, sem saber o que falar, Heloise agarrara sua bolsa e, indo rumo a direção dos amigos, correra para fora do refeitório. Deixando Colin refazer seu caminho até a mesa dos seus amigos. Talvez ele não fosse conversar com ela, ou talvez fosse pedir desculpas a ela e dizer estar arrependido pelo comportamento na festa. Heloise não deixara de se perguntar o por quê de Colin ter dado aquela festa ainda. Parecera um pouco, provocativa.

Heloise vira para a esquerda e segue Brooke e Nathaniel.

    ~♡~

Broo e Ed vão para o carro dele no estacionamento. Antes que eles possam entrar nele Heloise apressa os passos em uma corrida e os alcança. Quando nota a presença dela, Brooke parece limpar seu rosto rapidamente. Estava chorando.

  — Oi. — Heloise cumprimenta.

  — Oi Helô. — Ed retribui.

Broo tenta sorrir para ela, o que acabou não dando muito certo. Saiu mais como uma carranca do que como seus sorrisos habituais.

  — Aconteceu alguma coisa? — Heloise pergunta 

  — Não. — Broo responde. Estava mentindo. Até um cego saberia que ela estava mentindo.

Heloise sente uma leve pontada no peito. Não gostava que lhe escondessem as coisas. Como se não confiassem nela o suficiente. Como se nem fossem amigos.

  — Sério gente. — ela tenta. — O que houve?

  — Não é uma boa hora Heloise. — Broo solta. Parecia esgotada. Heloise nunca tinha visto-a daquela maneira até hoje. Ela sempre parecia uma mulher muito forte. — Em um outro momento.

Heloise então lança um olhar para Ed. Ele parecia se conectar com ela às vezes e, naquele instante, o que tentava transmitir a Heloise era que realmente não era uma boa hora. Ela se sentiu inútil.

  — Hum, tudo bem. — Heloise aceita.

Então sem dizer mais nada, apenas se despedindo de Heloise, Broo e Ed entram no carro, e partem. Heloise não entendera nada e nem poderia. O que pode ter acontecido a Brooke para ela estar chorando? Não era algo que ela fazia normalmente.

Heloise telefona para a mãe para ir buscá-la.

    ~♡~

Quando chega em casa, mais aérea do que esperava, Heloise sobe para o quarto sem passar pela cozinha a procura de alguma coisa para comer. Esperaria a hora de se arrumar para ir ao Coffeehouse Bright.

Ela se joga em sua cama completamente angustiada. Jamais havia visto nos poucos meses de amizade, Broo chorar. Parecera tão anormal. Apesar de que foram apenas lágrimas e não surtos. E havia Colin também. Heloise o deixara no refeitório em sua frente, e correra atrás de Broo e Ed. Como queria saber o que ele iria dizer.

Heloise procura seu celular mas se lembra de tê-lo deixado na bolsa. Teria que descer até a sala.

  — Que saco! — resmuga Heloise se arrastando para fora da cama.

Passa pelo corredor e desce vagarosamente a escada. Por desânimo. Mas antes de chegar aos últimos degraus, ouve a voz da mãe ao celular. Parte dela não queria ficar ali e escutar, mas uma outra parte, bem maior, sabia que havia algo estranho acontecendo e não iria sossegar enquanto não descobrisse. Ela se põe imóvel apoiada no corrimão da escada.

  — Então está tudo pronto? — Margot pergunta. — Sabe que quero esses papéis o mais rápido possível Sherman... Claro que não, mas todo o cuidado é pouco. — Heloise novamente escuta o nome do advogado. — Se algo acontecer, quero que você continue por mim. Por todos... Eu sei o que estou falando, você viu o que houve com ela, sabemos a verdade... Não é uma suspeita Sherman, é a verdade. — Margot parece aflita. — Só quero ser precavida, e...

Heloise termina de descer as escadas, chegando a sala. Margot rapidamente muda o assunto com Sherman e encerra a ligação. Então se vira para a filha e limpa a garganta.

  — Estava aí a quanto tempo? — Margot faz a típica pergunta dos culpados. Heloise dá de ombros.

  — Depende. Vai me contar o que está acontecendo? — pergunta.

  — O quê? N-não está acontecendo nada. — Margot responde rapidamente. — Trabalho.

Era a desculpa dela para tudo. Se o mundo estivesse sendo abduzido por aliens e ela tivesse que sair, trabalho. Se tivesse que sair em uma chuva de meteoros, trabalho. Parecia que Margot vivia apenas para isso. Trabalho. Mas Heloise reconhecia o potencial da mãe e o quanto era digna. Se orgulhava muito de Margot, mas Heloise detestava quando ela agia como se a filha fosse uma débil.

  — Sei. — resmuga Heloise.

Margot alisa sua saia e desvia os olhos da filha.

  — Eu... eu vou... — ela procura uma desculpa para sair da sala. — Para o meu quarto.

  — Não precisa anunciar quando for para outro cômodo mãe. — Heloise provoca. Margot revira os olhos e sobe.

Então Heloise agarra seu celular e suspira pela hora. Teria que ir para o emprego em menos de vinte minutos.

E quando chega ao Coffeehouse Bright mais tarde naquele dia, Heloise mal se concentrara nos pedidos. Alex fora curto e direto com ela no decorrer do dia e Heloise apostava fervorosamente que estava relacionado a festa.

Heloise repentinamente pensou que as coisas que estavam acontecendo com ela, faria um nó impossível de ser desfeito em sua cabeça.

E por que sentia que o início desse nó começara a dois anos atrás? No baile. Com aquele príncipe tão desconhecido.

 

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