Capítulo 14

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     Dois dias depois, no domingo, Heloise acordara cedo para se arrumar e ir para a tal visita a Indústria Cosmo Campbell. Sua mãe iria trabalhar meio período nesse dia, então aguardava a filha na cozinha para o café da manhã. Dissera que mais tarde iria para uma reunião.

Heloise recolhera o material para o tour pela empresa, que certamente envolveria alguma avaliação depois. Dizia na apostila, que recebera do professor Gordon, que iriam conhecer a gestão da empresa. O último quesito seria a administração que era onde sua mãe ficava. Era gerente administrativa. Segundo Gordon eles iriam aprender hoje a formular uma boa campanha para anúncios da empresa, uma ótima tática publicitária.

Heloise realmente não sabia o porquê daquilo e nem porquê a empresa de Cosmo. Mas como não queria receber nenhum tipo de bronca como recebera de Gordon na vez em que ficou conversando com Ed e Broo no terraço da San Geiger só por ter dito do comportamento bipolar de Cosmo, tinha que participar. Duraria só algumas seis ou sete aulas lá, se não menos, por isso não reclamara tanto.

  — Já pegou suas coisas? — Margot pergunta enquanto Heloise termina suas torradas com manteiga e seu café amargo.

  — Sim. Está tudo aqui.

  — Então vamos. Temos que ser pontuais. — Margot ajeita sua saia justa preta de empresária, e abotoa o antepenúltimo botão da sua blusa social branca para não parecer vulgar. Recolhe suas coisas e entrega Heloise.

Vão para o carro e partem para a parte da cidade que ocupa uma das indústrias maiores, bem sucedidas, poluentes e importantes da cidade.

As indústrias Cosmo Campbell eram famosas pelos calçados fabricados. Havia uma demanda muito grande, e o número de importações eram absurdas. Segundo Margot, Cosmo chegava a lucrar milhões por uma coleção vendida, ele era o verdadeiro milionário da cidade. Mas escondia segredos. Segredos que ninguém jamais sonhara em descobrir, movidos a essa fortuna toda com os calçados Campbell. Cosmo vivia na mídia e no ranking de maiores fortunas do país.

Nada disso impressionava a Heloise. Esse mundo de ganância que todos sabiam que rolavam, fazia-a querer ficar bem longe disso tudo. As únicas vezes que fora em algum lugar onde pessoas comportavam-se de maneira esnobe, fora no jantar dos Campbell e no baile onde conhecera o príncipe desconhecido, que muitas vezes fazia Heloise se perguntar, o que estava fazendo no meio daquelas pessoas.

Margot e Heloise chegam no horário certo a empresa e estacionam na vaga de funcionários. Logo se apressam para sair do carro e Heloise avista sua turma na recepção. Com o crachá na blusa, ela vai ao encontro deles enquanto Margot pega o elevador para chegar ao penúltimo andar. Área administrativa. A mãe passa com ela pela recepção e pega o elevador. Todos encaravam-na.

  — Só estava faltando você senhorita Wright. — comenta o professor Gordon.

  — Sinto muito. — balbucia Heloise.

Então a recepcionista anuncia que o senhor Campbell estava  esperando-os no hall principal da empresa. Então o grupo seguiram para um corredor extenso e passaram por uma porta de ferro já aberta revelando a grandeza do setor de produção. Heloise não deixa de soltar um Oh junto com seus colegas de turma.

O professor Gordon dá instruções básicas para a aula de hoje: uma interrupção, uma matéria atrasada. Para quem não sabe esse método, segundo Gordon, estava sujeito a atrasar o aluno propositalmente enquanto os outros adiantavam-se. Prejuízo na certa.

Então Heloise avista Cosmo na plataforma de comando. Ele ajeita a gravata vermelha em seu terno lápis, e com um intenso olhar dirigido coincidentemente a ela, fala.

  — Sejam bem-vindos a Indústria Cosmo Campbell. — diz com voz firme e com uma sonoridade surpreendente. — Para quem não me conhece, sou o proprietário. Cosmo Campbell. Mas podem me chamar de Cosmo. — então sorri. — Para mim é uma honra imensa receber a Academia San Geiger, que perde apenas para a Imperial não é mesmo? — algumas pessoas contorce o rosto em uma careta. — Mas não vou comparará-los, de modo algum. Apenas deixo retratado que será uma das poucas vezes que os acompanharei nessas aulas em minha empresa.

Enquanto Cosmo falava Heloise nota um garoto atrás dele. Um garoto alto, de cabelos castanhos escuro, cabisbaixo. Não demorou muito até todos notarem sua presença e Cosmo o chamar para mais perto. Ele dá um passo para frente. O ar de Heloise fica vacilante.

  — A propósito, antes de mais nada, creiamos que eu irei parar de administrar o meio industrial de calçados Campbell. Mas sobre tudo, quem se preze tem de ter um representante. E aqui está o meu. — Cosmo dá um tapa amigável no ombro do garoto. — Apresento a vocês o meu futuro herdeiro. Herdeiro de todo o meu império e que irá ajudar vocês na minha ausência. Meu filho, Colin Campbell.

Heloise leva a mão a boca. Lá estava Colin o garoto que conhecera na faculdade, que a encontrara no bar, a salvara de três brutamontes, ainda com um band-aid na lateral da cabeça. Fitando-a.

Colin.

Colin Campbell.

Filho de Cosmo Campbell.


~♡~

Sinto muito pelo capítulo tão pequeno. Espero que estejam gostando.

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