Capítulo 24

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    — Colin, não... — Heloise novamente tenta. Fazendo-os pararem no caminho, poucos metros perto da sua casa. Encarou Colin que estava imóvel. — Você não fez nada...

  — Foi minha culpa Heloise... — seu tom sai desesperado. Como se ele estivesse se convencendo daquilo. — Eu não estava lá para impedir, eu deveria estar lá para salvá-la...

  — Foi um acidente...

  — Não. Isso não. — ele passa a mão pelos cabelos. — Eu tinha acabado de embarcar. Ela tinha me deixado no aeroporto e, parecia um pouco aflita e... — fecha os olhos. — Sabe quando uma pessoa parece está se despedindo de você?

Heloise engole em seco. Na verdade não sabia.

  — Ela disse que me amava tanto e que, nunca estaria longe de mim, e assim pôs a mão em cima do meu peito mas... — ele força um riso. — Eu achei que fosse um drama maternal. E ela estava dizendo adeus porque sabia que ia morrer.

Passa pela cabeça de Heloise a reportagem local que fizeram quando Catherine morreu. Se lembra do repórter dizendo que fora um assalto precedido de morte, e fora no que acreditaram. Colin parece ler sua mente.

  — Não acredito que tenha sido um assalto. — ele comenta, parecendo irritado. — Como alguém quer assaltar a pessoa e não leva nada? — Colin pergunta retoricamente. — Não acredito que tenha sido um assalto. — repete.

  — Mas não foi culpa sua... — ela tenta inutilmente.

  — Eu poderia ter evitado.

  — Como? Não tem como prevermos a morte de alguém assim.

  — Você não está entendendo. Os sinais estavam na minha cara e eu... — ele abaixa o olhar. — Não fiz nada.

Colin estava se segurando. Poderia desmoronar como um Castelo de areia a qualquer momento. E Heloise estaria ali. Tinha certeza apenas disso, estaria ali. Naquele momento o Colin que ela conhecera a um mês atrás, que a salvara no estacionamento de um bar, que tentara beijá-la na festa... Ele tinha sumido. Diante dela estava um homem frágil, que se culpava pela morte da mãe e que implorava atenção. Não sabia o que viria depois daquilo e nem pensou no que uma parte dela dizia, pedindo-a para continuar imóvel, mantendo-se fiel aos sentimentos pelo príncipe desconhecido. Maldito príncipe desconhecido. Estava entre o bem e o mal. E poderia parecer claro, mas Heloise não sabia o que escolher. Não. Não era uma escolha. No final o que prevalecia com certeza seria o que realmente sentia.

Colin agora passa o polegar e o indicador sobre os olhos. Parecia chorar. Heloise não se aguentou e lançou seus braços sobre ele pegando-o desprevenido. Desajeitamente ele retribui o abraço enquanto Heloise conseguia ouvir os batimentos cardíacos dele. Seu cheiro agora era nítido para ela. Algo amadeirado e fixo, fazendo-a suspirar sobre a respiração lenta de Colin.

Subitamente ele segura o rosto de Heloise entre as mãos e a faz encará-lo. Os olhos dele marejados em seu verde parece fuzilar a alma dela. Heloise encara sua boca. Seus lábios entreabertos esperando o inevitável.

Colin coloca o cabelo dela atrás de sua orelha e murmura algo inaudível. Então se aproxima lentamente de Heloise, que num reflexo fecha seus olhos. Poucos centímetros do beijo, o celular de Heloise começa a tocar. Berrando seu toque de chamada do Maroon 5. Colin encara a bolsa dela de onde partia a melodia e sorri. Heloise abre a bolsa desajeitadamente para agarrar o celular.

Margot. Heloise revira os olhos. Sua mãe deveria ter o dom de acabar com os climas românticos dela. Como no baile.

  — Onde você está garota? — pergunta Margot do outro lado.

  — Estou a alguns passos de casa. — Heloise responde.

  — Não quero saber. — Margot berra. — Vem logo pra cá.

E inesperadamente desliga na cara de Heloise. Ela retira o celular da orelha e o encara algumas vezes. A mãe tinha enlouquecido de vez?, pensa Heloise. Quando se volta para Colin ele mantinha um sorriso nos lábios.

  — O que é? — ela pergunta a ele.

  — Isso me fez lembrar de uma situação semelhante que aconteceu comigo. — Colin comenta.

  — Nem me fale. — Heloise sibila. Claramente se referia a noite no baile, mas claro Colin não precisava saber. — Hum... eu... tenho que ir.

Ele acena.

  — Eu também. — confessa. — Quer que eu termine de...

  — O quê? — Heloise arregala os olhos.

  — De te levar em casa? — ele completa. Heloise cora pelos pensamentos um tanto ousados. Achara que ele se referia ao...

  — Oh. Não. Eu vou... sozinha. — Heloise responde. — Então... até mais.

Ela acena a mão para ele e se vira lentamente. Andando um tanto devagar propositalmente. Esperava que Colin a chamasse, a impedisse de continuar e voltassem aonde pararam. Mas ele não iria fazer isso. Talvez ele não estivesse interessado e...

  — Heloise! — Colin a chama e ela rapidamente se vira para encará-lo. Cheia de expectativa. Será que...

  — Sim? — ela solta.

Colin coça a nuca e parecia sem jeito.

  — Eu... eu gostaria de... — começa ele pausadamente.

  — Sim? — ela repete um tanto aflita. Apertando a alça da sua bolsa.

  — Obrigado. — ele completa. Heloise arqueia a sobrancelha. Ele disse obrigado?

  — Como é? — ela pergunta um tanto perplexa. Talvez não o ouviu direito...

  — Obrigado. Por ter ido comigo ao La Paz Finale, e ter ficado comigo esta noite. — ele dá um meio sorriso.

Definitivamente não fora o que ela esperava. Heloise lança um olhar um tanto decepcionado a Colin.

  — Ah. Err... t-tudo bem. — ela diz. — Foi um... prazer.

Então dá as costas para Colin. Novamente.

Só que dessa vez, ele não a impede.

     

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