— Colin, não... — Heloise novamente tenta. Fazendo-os pararem no caminho, poucos metros perto da sua casa. Encarou Colin que estava imóvel. — Você não fez nada...
— Foi minha culpa Heloise... — seu tom sai desesperado. Como se ele estivesse se convencendo daquilo. — Eu não estava lá para impedir, eu deveria estar lá para salvá-la...
— Foi um acidente...
— Não. Isso não. — ele passa a mão pelos cabelos. — Eu tinha acabado de embarcar. Ela tinha me deixado no aeroporto e, parecia um pouco aflita e... — fecha os olhos. — Sabe quando uma pessoa parece está se despedindo de você?
Heloise engole em seco. Na verdade não sabia.
— Ela disse que me amava tanto e que, nunca estaria longe de mim, e assim pôs a mão em cima do meu peito mas... — ele força um riso. — Eu achei que fosse um drama maternal. E ela estava dizendo adeus porque sabia que ia morrer.
Passa pela cabeça de Heloise a reportagem local que fizeram quando Catherine morreu. Se lembra do repórter dizendo que fora um assalto precedido de morte, e fora no que acreditaram. Colin parece ler sua mente.
— Não acredito que tenha sido um assalto. — ele comenta, parecendo irritado. — Como alguém quer assaltar a pessoa e não leva nada? — Colin pergunta retoricamente. — Não acredito que tenha sido um assalto. — repete.
— Mas não foi culpa sua... — ela tenta inutilmente.
— Eu poderia ter evitado.
— Como? Não tem como prevermos a morte de alguém assim.
— Você não está entendendo. Os sinais estavam na minha cara e eu... — ele abaixa o olhar. — Não fiz nada.
Colin estava se segurando. Poderia desmoronar como um Castelo de areia a qualquer momento. E Heloise estaria ali. Tinha certeza apenas disso, estaria ali. Naquele momento o Colin que ela conhecera a um mês atrás, que a salvara no estacionamento de um bar, que tentara beijá-la na festa... Ele tinha sumido. Diante dela estava um homem frágil, que se culpava pela morte da mãe e que implorava atenção. Não sabia o que viria depois daquilo e nem pensou no que uma parte dela dizia, pedindo-a para continuar imóvel, mantendo-se fiel aos sentimentos pelo príncipe desconhecido. Maldito príncipe desconhecido. Estava entre o bem e o mal. E poderia parecer claro, mas Heloise não sabia o que escolher. Não. Não era uma escolha. No final o que prevalecia com certeza seria o que realmente sentia.
Colin agora passa o polegar e o indicador sobre os olhos. Parecia chorar. Heloise não se aguentou e lançou seus braços sobre ele pegando-o desprevenido. Desajeitamente ele retribui o abraço enquanto Heloise conseguia ouvir os batimentos cardíacos dele. Seu cheiro agora era nítido para ela. Algo amadeirado e fixo, fazendo-a suspirar sobre a respiração lenta de Colin.
Subitamente ele segura o rosto de Heloise entre as mãos e a faz encará-lo. Os olhos dele marejados em seu verde parece fuzilar a alma dela. Heloise encara sua boca. Seus lábios entreabertos esperando o inevitável.
Colin coloca o cabelo dela atrás de sua orelha e murmura algo inaudível. Então se aproxima lentamente de Heloise, que num reflexo fecha seus olhos. Poucos centímetros do beijo, o celular de Heloise começa a tocar. Berrando seu toque de chamada do Maroon 5. Colin encara a bolsa dela de onde partia a melodia e sorri. Heloise abre a bolsa desajeitadamente para agarrar o celular.
Margot. Heloise revira os olhos. Sua mãe deveria ter o dom de acabar com os climas românticos dela. Como no baile.
— Onde você está garota? — pergunta Margot do outro lado.
— Estou a alguns passos de casa. — Heloise responde.
— Não quero saber. — Margot berra. — Vem logo pra cá.
E inesperadamente desliga na cara de Heloise. Ela retira o celular da orelha e o encara algumas vezes. A mãe tinha enlouquecido de vez?, pensa Heloise. Quando se volta para Colin ele mantinha um sorriso nos lábios.
— O que é? — ela pergunta a ele.
— Isso me fez lembrar de uma situação semelhante que aconteceu comigo. — Colin comenta.
— Nem me fale. — Heloise sibila. Claramente se referia a noite no baile, mas claro Colin não precisava saber. — Hum... eu... tenho que ir.
Ele acena.
— Eu também. — confessa. — Quer que eu termine de...
— O quê? — Heloise arregala os olhos.
— De te levar em casa? — ele completa. Heloise cora pelos pensamentos um tanto ousados. Achara que ele se referia ao...
— Oh. Não. Eu vou... sozinha. — Heloise responde. — Então... até mais.
Ela acena a mão para ele e se vira lentamente. Andando um tanto devagar propositalmente. Esperava que Colin a chamasse, a impedisse de continuar e voltassem aonde pararam. Mas ele não iria fazer isso. Talvez ele não estivesse interessado e...
— Heloise! — Colin a chama e ela rapidamente se vira para encará-lo. Cheia de expectativa. Será que...
— Sim? — ela solta.
Colin coça a nuca e parecia sem jeito.
— Eu... eu gostaria de... — começa ele pausadamente.
— Sim? — ela repete um tanto aflita. Apertando a alça da sua bolsa.
— Obrigado. — ele completa. Heloise arqueia a sobrancelha. Ele disse obrigado?
— Como é? — ela pergunta um tanto perplexa. Talvez não o ouviu direito...
— Obrigado. Por ter ido comigo ao La Paz Finale, e ter ficado comigo esta noite. — ele dá um meio sorriso.
Definitivamente não fora o que ela esperava. Heloise lança um olhar um tanto decepcionado a Colin.
— Ah. Err... t-tudo bem. — ela diz. — Foi um... prazer.
Então dá as costas para Colin. Novamente.
Só que dessa vez, ele não a impede.
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Ligados Por Uma Noite
RomansaInício: 19/04/2017 Término: 22/06/2017 Era para ser apenas um baile idiota, que o chefe idiota da sua mãe dera em boas vindas a um sócio mais idiota ainda, só para aumentar o interesse dos patrocinadores do ganancioso. Mas Heloise o conheceu. Um e...