Capítulo 35

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Um mês depois...

Talvez quando a vida de uma pessoa muda para melhor, ela mal percebe as características. Mas talvez seja quase impossível tudo melhorar de uma vez. Com Heloise as coisas corriam muito bem após o início do namoro com Colin. Então, ela não notou as mudanças...

Estava indo bem na faculdade. As aulas nas indústrias do pai de Colin, que coincidentemente era seu sogro agora, foram suspensas em tempo indeterminado. A avaliação final dessas aulas extras foram feitas, e segundo Gordon, Heloise havia se saído bem. Claro que faltava muito pela frente.

Heloise não passava tanto tempo com Brooke e Nathaniel como antes, não estavam brigados, estavam curtindo o momento como belos casais que formavam. Antes de dizer aos amigos que estava namorando Colin, Brooke, que frequentava a San Geiger novamente, dissera a Heloise que voltara para casa e que o pai estava diferente. Um homem novo. Arrumara um emprego e não saia para beber mais. Assim como ela, que jurara nunca mais beber de novo. Heloise estava bastante feliz pela amiga, que como Ed, estava radiante.

Ainda sobre emprego, Heloise e Alex estavam seguindo bem em relação a Teddy. Ele não mudara nada em quesito corpo mole, pois continuava a pedir xícaras e mais xícaras de café. Talvez Heloise devesse dar razão a Alex, tinha algo de suspeito em Teddy. Outra coisa que ocorreu na última semana, foi a contratação de Priscilla, a amiga de Colin. Heloise não ficara muito contente com isso, mas por fim achou que fora sem tempo contratar mais alguém. Ela desarpetara no atendimento e propositalmente, ás vezes, deixava Priscilla tomar conta de tudo sozinha.

Já em sua casa, as coisas com sua mãe estavam mais apreensivas. Neste último mês ela estava mais atenta que o normal, assustando-se com qualquer coisa ou qualquer movimento que se fazia em casa. Como se estivesse em alerta. Heloise ligou aquele novo aspecto da mãe novamente a trabalho. Margot estava trabalhando demais, o que deixava Heloise preocupada.

E faltava menos de uma semana para Heloise completar vinte anos. Se sentia entrando na sua melhor fase. Ela havia encontrado alguém, sua faculdade estava correndo nos trilhos, seus amigos bem e felizes, em seu emprego aproveitava a todo o tempo e, pela primeira vez as coisas estavam ótimas. Pela primeira vez Heloise não tinha do que se queixar, e tudo estava muito bem.

Tudo estava bem. Bem, até demais.

~♡~

Numa manhã de sábado, com uma folga do Coffeehouse Bright, Heloise aguardava a mãe chegar. Margot mandara uma mensagem para ela, que havia sido presenteada por Colin com um novo aparelho celular após o seu antigo ter sido afogado no lago Crimson na noite em que começara a namorar ele, sua mãe informara que não iria para a indústria. Estranhamente havia três dias que ela não ia e continuava saindo pelas manhãs. E quando questionada por Heloise, dissera que ela também resolvia problemas fora da empresa.

Heloise estava sentada no sofá assistindo a um desenho animado, quando repentinamente o telefone da casa começa a tocar. Ela se levanta resmungando que não podia nem ter umas horinhas de paz e lazer e atende ao terceiro toque.

- Alô? - chama Heloise.

- Margot? - pergunta uma voz masculina. Soando familiar ao ouvido dela.

- Não. A filha dela. - ela responde. - Quem é?

- Não diga que não está reconhecendo minha voz.

Heloise arregala os olhos.

- Pai? - ela pergunta.

- E você tem outro? - Hector rebate rindo. Heloise sentira tanta falta da risada do pai. - Como vai?

- Na verdade estou muito bem. - respondeu convicta.

Hector murmura algo do outro lado do telefone que Heloise não soube identificar o que fora.

- Soube que está namorando. - ele comenta.

Heloise se sente apreensiva de repente. Será que Hector sabia que Colin era filho de Cosmo? E será que apoiaria isso?

Ela limpa a garganta.

- É, sim. - diz. - Tem pouco tempo.

- E quando iria contar ao seu velho pai?

- Acredite, logo te contaria. - ela responde sincera. - Espere! Como soube?

- Margot deixou escapar comigo um dia desses. - Hector responde rapidamente. - Só não me especificou quem é o felizardo.

Heloise sente a garganta fechar-se.

- Tem algo que eu deva saber? - ele acrescenta.

- Hum... não. - Heloise responde. Logo em seguida tenta mudar o assunto. - Quando virá?

Heloise tinha medo do que o pai poderia dizer. E mesmo que ele fosse saber de qualquer forma sobre Colin e ela, a única maneira de adiar isso era... adiando. Repentinamente ela se lembrou do comentário dele em relação à Margot. Mesmo depois de tudo o que houve e apesar dos anos, eles continuavam se falando às vezes e Hector ainda assim visitavam-nas. Isso tendo sua segunda família.

- Filha... - ele começa fazendo Heloise sentir seu coração disparar por tê-la chamado de filha. - Na verdade eu... Se você quiser... - limpa a garganta. - Gostaria que viesse um dia desses me visitar. Venha passar seu aniversário aqui, apenas essa vez...

O peito de Heloise se aperta. O pai jamais havia feito tal convite, apenas recebia sua visita. E quando fora prosposto uma viagem de Heloise para ir ao encontro do pai, Margot era notificada primeiro e se recusava a deixar. Heloise era mais nova e não tinha tanta opinião em relação a nada e agora sabia que o motivo maior pela qual Margot não permitia era o medo que a rondava do pai da filha jogá-la contra ela.

A situação hoje era totalmente diferente. Heloise já era uma mulher, com responsabilidades e compromissos na faculdade e no emprego. O pai já tinha uma nova família, o que a deixava um tanto chateada de imaginar a felicidade dele para com o enteado e a esposa.

Heloise fica em silêncio por um tempo. Seu pai respeita isso e parece esperá-la dar sua resposta.

- Pai, eu... - ela limpa a garganta. - Não posso viajar agora...

Seu pai não se manifesta. Passa um tempo após a resposta de Heloise e seu pai não dá nenhum sinal. Ela se certifica de que a respiração dele ainda era audível pelo fone.

- Pai? - ela o chama.

- Estou aqui. - Hector responde.

- Sinto muito. Quem sabe um dia...

- Entendo. Está tudo bem. - solta Hector. - Ao menos você me deu esperanças...

Heloise sorri.

- Espero vê-lo logo. - ela comenta sincera. - Sinto sua falta pai...

- Eu mais ainda minha pequena. - Hector diz em tom paternal. - O que eu mais queria era estar aí com você.

Os dois sabiam que era tarde. Mesmo com todo o amor que Heloise sentia pelo pai e ele sentia por ela, as coisas não eram as mesmas. Hector acabara perdendo algumas fases da vida dela. Mas no fundo ele fora o melhor pai que ela pudera esperar.

- Está na minha hora filha. Tenho que levar Mabel no salão. - Hector solta uma risada um tanto debochada. Heloise sabia que ele estava caçoando da mulher. Em seguida ele grita algumas coisas para um alguém do outro lado da linha. - Vou indo. Fique bem e... Conversaremos sobre o seu namoradinho.

Heloise solta uma risada nervosa. Agarrava a ideia de que ele esquecesse por fim.

- Hum... está bem. Nos falamos depois. - ela fala. - Tchau pai.

Os dois encerram a ligação e Heloise sente um novo aperto no peito. Poderia ser um pressentimento.

Saberia, afinal.

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