Ligados Por Uma Noite

Capítulo 48

     — É bom vê-la novamente Heloise. — comenta Edmund. — O que houve com você?

Heloise havia deixado metade da manhã para descansar. Dormiu quase duas horas depois que Brooke e Nathaniel foram embora e ao acordar, ela decidiu sair para o Coffeehouse Bright. Estava uma tarde com nuvens muito espessas, anunciando que mais tarde estaria tudo muito cinza e frio.

Quando chegou no café a primeira coisa que Heloise notou foi Alex e Priscilla, como estavam conectados e pareciam estar juntos. Não vira Teddy em momento algum, e como sempre no balcão... Edmund.

Ela força um sorriso.

  — Um pequeno acidente na rua. — responde quase triste por se lembrar que parte daquilo fora causado por Colin. — É bom ver o senhor também. Sempre o é.

Edmund sorri. Um sorriso afetado.

  — Sei que ainda se lembra dela. — comenta calmamente. — E por isso eu sinto muito pelo que aconteceu. Margot era uma grande pessoa.

Ela só consegue concordar e balbuciar um obrigado a Edmund. Margot estava constantemente nos pensamentos de Heloise, pela manhã quando acordava e não ouvia a voz da mãe cantarolando ou até mesmo conversando ao celular, as tardes quando ela geralmente voltava para casa e jogava as pernas para o ar no sofá e também a noite quando juntavam-se para assistir as séries e reality shows na Tv. Sempre juntas.

Voltava sempre aquela imagem perturbadora de Margot jogada no chão da sala, tão frágil e... morta. Mesmo que levando-a ao hospital e tentando reanimá-la era a esperança final, algo em Heloise dizia que Margot já havia ido. E o que doía mais era saber que não teve chance e nem tempo de despedir da mãe. Era tão injusto.

Quando ela sentiu as lágrimas vindo aos olhos fez questão de limpá-los rapidamente. O que menos queria passar para as pessoas era de um alguém fragilizado. Apesar que todos a estavam olhando assim por causa do braço.

  — Quer que eu mande preparar aquele chocolate malte que você tanto gosta? — Edmund pergunta com um olhar doce e jovial.

Heloise se adianta.

  — Obrigado Edmund, mas...

  — Não, nada de mas. — interrompe-a. — Alex?

Edmund chama Alex em um aceno de mão que era bastante comum para ela no pequeno período em que trabalhou ali.

  — Sim? — Alex se aproxima. — Ah, e aí garota da bandeja?!

  — Não sou mais a garota da bandeja. — comenta Heloise sorrindo.

  — Para mim continua sendo. — ele rebate. Parecia mais despeço que o normal e mais animado também. Ela não sabia a quê se devia aquele humor todo dele. — O que houve com o braço? Andou segurando bandejas demais?

  — Não exatamente. — ela responde com uma careta divertida. — Um acidente de bicicleta. Bobo.

  — Realmente. Vindo de você é realmente muito bobo.

  — Alex... — Edmund intervém. — Poderia preparar um chocolate malte para Heloise, por gentileza.

  — Claro. — ele sorri. — Seu pedido é uma ordem.

Ele se retira indo para a cozinha preparar os pedidos, inclusive o de Heloise. Enquanto isso ela novamente se escora no balcão com o braço bom.

Sentia ainda um desconcertante incômodo no braço pendido na tipóia, mas tomara o analgésico prescrito pelo médico ao sair de casa e parecia estar fazendo efeito.