Capítulo 12

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     Colin fora na frente com seu carro para guiar Heloise na caminhonete de Ed, que costumava chamar o automóvel de relíquia.

Surpreendentemente ele sabia onde era a casa dos dois. Segundo Colin, que fora indicado como um dos membros dos conselhos estudantis da San Geiger, a pouco tempo atrás ele foi indicado a comparecer na casa de alguns alunos que estavam ausentes nas aulas com muita frequência exigindo uma reparação na carga horária, caso contrário, sujeitos a expulsão. Broo e Ed, logicamente, eram um deles.

No caminho para o bairro Wiest, os faróis iluminam a estrada escura. Era um dos bairros mal iluminados de sua cidade e Heloise nem queria imaginar o que a esperava no próximo bairro, Quest, que era o de Broo.

Enquanto isso os amigos de Heloise dormiam profundamente. Às vezes ela dava uma cachoalhada de leve neles para garantir que não estavam mortos. Um dos medos de Heloise era ver alguém morrendo na sua frente sem saber o que fazer. Detestava o pensamento da inutilidade. E isso passou pela cabeça dela, eles poderiam ter ingerido bebida forte com alguma substância por cima. Heloise logo pensa em overdose.

Após o que parecia meia hora na estrada, Colin começa a estacionar em frente a casa de Ed. Luzes apagadas. Cães de guarda latindo alto. E um frio meio gélido demais que obriga Heloise a encolher-se quando fecha a porta da caminhonete atrás de si. Colin sai do seu, Heloise tinha quase certeza de que era um BMW e prata, com a cabeça suja de sangue que a este ponto secara, veio ao encontro de Heloise para ajudá-la a acordar Ed.

  — O que vamos fazer? — pergunta Colin a ela.

Heloise morde o lábio inferior. A solução que criou na cabeça era a única que qualquer um teria. Só não sabia se isso a livraria de ser ameaçada por pais aborrecidos.

  — Temos de acordar os pais dele. — responde. Enquanto isso Colin e ela abrem a porta do carona e retiram o cinto de Ed. — Você que vai levar ele.

Colin revira os olhos.

  — Você fala com os pais dele. — ele rebate. Heloise se arrepende das escolhas de situação. — Vai lá. Chama eles logo!

Heloise olha vacilante para aquela campainha na lateral da porta azul da casa de Ed. Engole em seco e dá passos estreitos até lá.
Estica o dedo para apertar o botão mas...

  — Espere! — Colin pede. — Ele parece estar acordando.

Heloise se vira bruscamente para os dois. Ed resmungava coisas incoerentes e tentava ficar de pé apoiado em Colin. Isso seriamente a surpreendeu, como Ed foi capaz de se recuperar tão rápido?

  — O quê que... — Ed começa com a língua enrolada. — Eu... nós... estamos fazendo... aqui? Casa?

  — Sim. Você está em casa. — Heloise diz se aproximando dele. — Vamos chamar os seus pais. Você e Broo beberam algo bem... forte.

  — Não precisa. — Ed fala grogue. — Vou entrar sem... sem... eles ouvirem.

Colin e Heloise se entreolham desconfiados. Então quando é largado por Colin, o corpo de Ed fica mole e ele se força a ficar em pé. Dá pequenos passos embriagados em direção a porta de sua casa, até tropeçar e cair de cara no chão.

  — Acho que ele não está bem. — comenta Colin ajudando Heloise a levantar Ed.

  — Você acha? — sibila Heloise.

A este ponto Broo estava mais inconsciente que uma pedra. Ela seria o maior problema porque seus pais poderiam odiar Heloise e acusá-la de má influência.
Enquanto isso Ed tentava novamente se por de pé agarrado ao ombro de Colin.

  — Quer saber? Eu vou levá-lo até lá dentro e jogá-lo em algum lugar. — comenta Colin. Heloise levanta as sobrancelhas para ele. — O quê? Fica tranquila, no máximo deixo ele no sofá.

Então Colin arrasta Ed porta adentro, que estava aberta, e pousa-o em um sofá gigantesco que ficava na sala de estar dos Backers. Heloise se esforça o máximo para colocar Broo no carro de Colin, e com ela finalmente lá dentro com o cinto e ainda chapada, volta para dar as chaves da caminhonete de Ed para Colin, para ele colocar no bolso da calça do ruivo morto.

  — Não vamos ser presos por isso, né?! — pergunta Heloise aflita.

  — Acho que não. Não fizemos nada ilegal até agora. — Colin responde. — Agora vamos levar sua amiga.

Heloise acena. Entra no carro de Colin e eles vão para o próximo bairro. Para a casa de Brooke.

   ~♡~

Uma eternidade depois de convencer os pais de Brooke que ela não estava drogada, só bêbada e que não era necessário chamar a polícia, Colin levou Heloise para casa.

Ela nem queria pensar na mãe, que provavelmente a estaria esperando sentada na poltrona da sala, no escuro, como em filmes de terror. E esperava fervorosamente que ela não estivesse com algum objeto em mãos.

Heloise olha no monitor do rádio portátil do carro de Colin e já passam da meia-noite. Fica apreensiva e subtamente sua cabeça começa a latejar do lado em que acertara a cabeça na caminhonete de Ed quando fora empurrada por um maníaco. Ela toca a lateral da cabeça.

  — Sente dor? — Colin pergunta encarando-a por um tempo com o rosto preocupado.

  — Oh não. Eu só... estou checando se... se... — Heloise tenta mudar a expressão dele com sua desculpa. — ... não formou um galo.

Então ele sorri.

  — Você mente muito mal. — comenta. Os dois se entreolham e riem. Era verdade. Heloise era uma péssima mentirosa.

Depois de mais um tempo pela rua, Colin é orientado por Heloise a parar na casa rosa de jardim radiante ao ar noturno com as luzes da varanda. A casa dela.

  — Bom... chegamos. — diz Colin.

  — Sim.

Colin mantém as mãos no volante. E então olha para Heloise de soslaio, sorri e acena.

  — Chegamos. — repete. — Vou te acompanhar... — Colin diz retirando o cinto e abrindo sua porta.

  — Não precisa. Sério. — Heloise o interrompe.

  — Claro que sim. — ele faz um movimento para sair do carro. — Além do mais sua... Awnt!

Colin acaba de bater sua testa no teto do seu carro, e sai dele com sua mão esquerda no rosto. Heloise automaticamente se lembra do acidente com o pedaço de garrafa que jogaram nele no estacionamento do Bar do Caleb.

  — Porra! — Colin solta enquanto Heloise sai do carro apressada para ver o estrago maior que deve ter sido causado por aquela batida.

  — Deixa eu ver. — Heloise pede pondo sua mão sobre a dele a fim de retirá-la, ignorando o calor que atravessa seu corpo nesse movimento.

Quando retira a mão do rosto, o corte com o sangue já seco, agora precisava ser limpo e ser feito um curativo. Heloise não era muito boa nessa coisa de fazer curativo, mas teria que ao menos limpar aquele sangue vivo escorrendo pela lateral da cabeça de Colin.

E mesmo sem saber se sua mãe estaria esperando-a como nos famosos filmes de terror, e sem saber se havia material para primeiros socorros básicos na sua casa, e sem saber se era uma boa ideia ou não, ela só sabia que devia algo a Colin. Se sentiu nesse dever. Então olhou nos intensos olhos verdes dele e se decidiu.

  — Vem, vamos entrar. Você precisa de um curativo.

E num súbito movimento impensado, pegou na mão de Colin e o arrastou para dentro de sua casa.

E ele fora. Sem protestar.

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